Por Poliana Nunes
Comunicação CFC
O papel da sustentabilidade na gestão de clubes esportivos foi o tema central da primeira palestra do III Seminário de Contabilidade Aplicada às Entidades Esportivas, realizada no dia 30 de outubro, na sede do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP). Promovido pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), com apoio do CRCSP, o evento reuniu profissionais da área contábil e do setor esportivo.
A palestra de abertura, intitulada “ESG no Desporto: da Teoria à Prática Contábil e Geração de Valor”, foi conduzida pelo coordenador operacional do Comitê Brasileiro de Pronunciamentos de Sustentabilidade (CBPS) e ex-presidente do CFC, Zulmir Breda. Em sua fala, Breda destacou o papel social e econômico do futebol como ferramenta de transformação e conscientização ambiental. “O futebol é o nosso carro-chefe, é a paixão do brasileiro e arrasta multidões. Ele muda comportamentos da nossa sociedade, em certos aspectos se torna um referencial, além de ter um potencial imenso de propagar ações positivas dentro da sociedade, como são essas relacionadas à questão da sustentabilidade”, afirmou.
Segundo Breda, o debate sobre sustentabilidade no esporte é não apenas atual, mas necessário. “É muito oportuno que a gente traga esse tema da sustentabilidade para dentro do desporto e perceba como a gente pode, através dos clubes esportivos, inserir essa agenda na sociedade”, ressaltou.
Em sua palestra, Breda preocupou-se em trazer o conceito de sustentabilidade ESG, que busca equilibrar o lucro das empresas com o impacto positivo na sociedade e no meio ambiente. “Temos de ter esse equilíbrio com muita responsabilidade. Devemos usar os recursos do nosso planeta de maneira adequada, sustentável, para que as próximas gerações também possam ter condições de atender suas necessidades”, destacou.
Breda lembrou que os efeitos das mudanças climáticas já impactam diretamente a economia e o funcionamento das empresas. “No Rio Grande do Sul, por exemplo, tivemos uma enchente no ano passado e um impacto econômico fortíssimo — muitas empresas tiveram de fechar. As mudanças climáticas têm que ser consideradas dentro das empresas, pois impactam negócios em todo o mundo”, alertou. Entre os principais riscos, citou a escassez hídrica, cortes de energia elétrica, deslizamentos de terra, enchentes, ondas de calor e falta de matérias-primas.
Ao abordar o aquecimento global, Breda mencionou que a maior petrolífera do mundo, a Saudi Aramco, é responsável por cerca de R$11 trilhões em perdas econômicas globais devido à emissão de calor na queima de combustíveis fósseis. “Sabemos que a transição energética de empresas como essa não é muito fácil, porque envolve corporações com um forte poder econômico e que têm capacidade de mudar o destino da economia no mundo”, observou.
Durante o painel, Breda também apresentou as normas contábeis voltadas à sustentabilidade, como a NBC TG 26, que trata da divulgação de informações materiais sobre questões sustentáveis; a NBC TG 27, que aborda como riscos ambientais podem reduzir a vida útil e o valor dos ativos; e a CTG 10, norma específica sobre créditos de descarbonização, que define critérios de reconhecimento, mensuração e evidenciação de ativos e passivos relacionados à descarbonização. O palestrante citou, ainda, as normas internacionais IFRS S1 e IFRS S2, voltadas à divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade e ao clima.
Breda enfatizou que as empresas que não aderirem à agenda ESG correm riscos reputacionais, legais, regulatórios e financeiros. “Não é uma questão só de adoção que a empresa faz para cumprir um mandamento legal, porque o não cumprimento dessa norma pode trazer uma imagem muito negativa para a organização e até comprometer seu resultado econômico”, afirmou.
Encerrando sua apresentação, Breda reforçou que o compromisso com a sustentabilidade deve ser entendido como uma estratégia de sobrevivência e competitividade. “Essa agenda vem para proteger a competitividade e a resiliência dos negócios no longo prazo e, além disso, poder transformar o destino do nosso planeta em mais sustentável e permitir que as futuras gerações possam ter condições de vida, no mínimo, iguais às que temos hoje”, concluiu.
Para conferir as palestras do III Seminário de Contabilidade Aplicada às Entidades Esportivas na íntegra, acesse o perfil do CFC no YouTube aqui.
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade
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