Para quem é empreendedor, o sonho de operar em outros países é comum e quase unânime. É o caminho “natural” de crescimento, que capta olhares e investimentos externos mais expressivos, ao exemplo dos maiores cases nacionais – Nubank, 99, Stone, Movile e PagSeguro.
Estima-se que, no Brasil há cerca de 15 mil startups em operação, sendo pouco mais de 13 mil mapeadas pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Neste universo amplo de inovação, apenas 7% das startups brasileiras estão buscando a internacionalização, segundo dados do StartOut Brasil, programa de internacionalização de startups promovido pelo Governo Federal.
Ainda de acordo com o programa, que contribuiu com a internacionalização de 87 startups, de 2017 a 2019, mais de 860 empresas mostraram interesse em começar a atuar em outro país, sendo Portugal (Lisboa), Estados Unidos (Miami), Canadá (Toronto), Alemanha (Berlim) e Chile (Santiago) os destinos mais procurados.
Esses números, a princípio, podem parecer desanimadores, mas demonstram um grande potencial de crescimento do ecossistema brasileiro de startups.
Visão sem fronteiras
A quem deseja trilhar esse caminho, a primeira coisa a se ter em mente para ter relevância no exterior é o mindset global, que determina a competitividade mundo afora. Nesse quesito, os empreendedores precisam ter uma visão ampla de seus negócios, sem o limite de fronteiras.
Por esse motivo, a internacionalização deve seguir um roteiro. O início desse processo deve ser a pesquisa de mercado fora do país de atuação e o público alvo que pode receber. Uma vez decidido o mercado com o qual se deseja negociar (compra, venda ou investimento), é preciso conhecer o “ambiente de negócios”, relativo a questões culturais, econômicas, regulatórias, jurídicas, entre outras, dependendo do tipo de relação e do produto/serviço.
“No momento da internacionalização de uma startup o empreendedor acaba avançando, na maioria das vezes, de forma muito rápida na evolução da empresa e, por esta razão, pode esquecer de alguns pontos relevantes, juridicamente, para o crescimento saudável do negócio. É importante ficar atento no contrato social, acordo entre sócios, termos de uso, política de privacidade, contratos com fornecedores, parceiros e mentores de fora do Brasil, além de estar de acordo com a legislação de exportação do país de origem para o seu segmento e a de importação do mercado de destino e, principalmente, verificar aspectos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e da leis vigentes no país para a transferência internacional de dados e o seu tratamento”, explica Arthur Braga Nascimento, CEO e advogado do BNZ Innovation, braço do BNZ Advogados.
Para este patamar, legalmente, a startup precisa estar formalizada no Brasil, pois, para realizar qualquer tipo de operação, é necessário um Pessoa Jurídica devidamente habilitada (prestação de serviços, compra, venda, investimento etc.). Em seguida, o empreendedor deve montar um planejamento estratégico que ajude a consolidar a marca em outro país e, assim, gerar um respaldo para que esta decole lá fora.
Investimentos
Quando se tem um plano de expansão, é preciso ter em mente quais os gastos envolvem essa expansão – levando em consideração o capital de giro necessário para manter o negócio ativo, até que seja possível atingir o ponto de equilíbrio. De acordo com o fundador e CEO da Bicalho Consultoria Legal, Vinícius Bicalho, não existe uma fórmula pronta para calcular a reserva.
“O que nós sugerimos, normalmente, é um acréscimento de 30% a 40% no valor calculado como orçamento para a implantação do negócio no exterior. Com os cálculos em mãos, o empreendedor pode buscar investidores e parceiros para apoiar esse crescimento, criando ta,bém endosso a países que podem se estabelecer melhor internacional”.
Trocar experiências também é vantajoso aos empreendedores. O hábito do network, portanto, deve fazer parte do dia a dia do empreendedor, em especial, com agentes do ecossistema de outros países, ajudando a minimizar as dúvidas das rotinas internacionais.
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Fonte: Jornal Contábil
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