A pandemia acelerou a transformação digital de diversos setores da economia e muitos processos que antes eram feitos de forma manual e presencial passaram a ser digitalizados e automatizados dentro das companhias.
A pesquisa global Automation with Intelligence, realizada pela Deloitte, mostra que 73% das organizações investiram em automação inteligente em 2020, o que representa um aumento de 58% se comparado com 2019.
O setor financeiro é um dos que mais vem investindo em tecnologia nos últimos anos.
No Brasil, de acordo com a Febraban, o orçamento dos bancos foi de R$ 24,6 bilhões em 2019, um crescimento de 48% se comparado ao ano anterior.
Nesse contexto, empresas de tecnologia e fintechs desenvolvem soluções de automação para simplificar os processos financeiros, melhorar a eficiência operacional com segurança, aumentar a produtividade e reduzir custos.
São tecnologias que utilizam inteligência artificial para reconhecimento facial, automação em transações financeiras e de câmbio, certificação digital para garantir autenticidade, entre outras.
“Com a pandemia, houve uma quebra de paradigmas, regras e adequações de leis para atender esse novo cenário. No entanto, ainda tem muita empresa com pouca maturidade digital no Brasil, por isso, existe um grande espaço para as tecnologias atuarem”, analisa Murilo Taranto, sócio fundador e CTO da Stoque, empresa de soluções tecnológicas focada em automação inteligente e digitalização de processos e documentos.
Conheça cinco tecnologias que estão ajudando empresas a automatizar processos no setor financeiro.
Serviços bancários com reconhecimento facial
Levantamento feito pela Everis e Endeavor mostra que o uso de inteligência artificial (IA) passou de 32% em 2018 para 48% em 2020 na América Latina, com o Brasil no topo do ranking, com 42% do total.
A Stoque desenvolve projetos de automação e digitalização com o uso de IA, RPA e análise e cruzamento de dados para serviços bancários como abertura de conta, depósito de cheques e análise de crédito imobiliário e consignado.
Na abertura de conta digital, por exemplo, a automação com IA aplicada pela Stoque consegue comparar se a selfie enviada pelo cliente por aplicativo é compatível com a foto do documento de identidade, garantindo assim maior precisão técnica e agilidade sem a interferência humana.
“O objetivo é otimizar os fluxos de trabalho com a automação, oferecer mais eficiência e segurança aos trâmites documentais e de dados e uma melhor experiência aos usuários”, afirma Thiago de Assis, CEO da companhia.
Pagamentos e validação de dados bancários
A Transfeera é uma fintech open banking que desenvolve uma plataforma completa para gestão e processamento de pagamentos, com o objetivo de baratear as transações TED e DOC feitas por empresas.
Na solução de automação, a empresa cliente cria ou importa para a plataforma um lote de pagamentos, depois, em uma única transferência, a empresa envia diretamente do seu banco o valor referente ao montante total do seu lote.
No terceiro passo é iniciada automaticamente a realização dos pagamentos, com a validação de dados dos favorecidos.
Finalizados os pagamentos, são anexados na área do cliente comprovantes e relatórios das atividades.
A fintech também possui o “Conta Certa”, que confere, por meio de algoritmos e inteligência operacional, se os dados bancários do favorecido estão corretos.
PIX e Open Banking
Dois marcos regulatórios importantes do setor avançaram, recentemente, e vêm aumentando a dependência do sistema financeiro das empresas de tecnologia.
São eles o sistema de pagamentos instantâneo PIX, para substituir o TED e o DOC; e o conjunto de regras sobre o uso e compartilhamento de dados e informações financeiras entre instituições, o Open Banking.
“Cada banco, cooperativa de crédito, trabalha com uma linguagem de programação e necessita de parceiros que as dominem, para que essas implementações ocorram com sucesso e dentro dos prazos determinados pelo Banco Central. Além de tecnologias que garantam a segurança dos dados dos clientes nessas transações e a manutenção desses sistemas”, explica Alessandro Zambiasi, executivo de Contas da Supero Tecnologia, empresa que tem auxiliado instituições financeiras a executarem essas duas novidades.
A implementação do Open Banking ocorrerá em quatro fases, até o fim de 2021.
A plataforma PIX permite pagamentos via transferência digital, mas outras funcionalidades serão liberadas gradualmente.
Transações de câmbio
Outro serviço tradicional que pode ser automatizado é o de transações de câmbio, ou seja, entre moedas diferentes.
De acordo com Stephano Maciel, CEO da FacilitaPay, fintech para pagamentos e transações cross-borders em massa, a automação de transações de câmbio envolve de 15 a 17 etapas complexas com um mesmo custo operacional, seja para enviar 10 ou 10 mil reais.
“Para otimizar burocracias financeiras, nós criamos um sistema que, independentemente do valor transacionado, consegue realizar os processos sem interação humana. Com isso, as milhares de movimentações de pagamento ou recebimento cross-borders são consolidadas em uma única transação internacional. Comparativamente, nossa automação realiza todo o processo em instantes, enquanto instituições tradicionais de câmbio demoram até 72h para identificar um pagamento no exterior”, afirma o CEO.
Certificação digital para automatizar processos e garantir a autenticidade das transações
A certificação digital é uma ferramenta cada vez mais usada por empresas para melhorar a segurança e agilizar processos.
Primeiro banco 100% digital do Brasil, o Banco Inter, por exemplo, usa a tecnologia para compensação de cheques por imagem.
A solução é utilizada por uma média de 5 mil clientes por dia — todos usuários da Conta Digital.
Como é estável, o sistema não fica indisponível mesmo com o grande volume de imagens processadas diariamente.
Para isso, o Banco Inter conta com o apoio da BRy Tecnologia, empresa que desenvolve a assinatura digital e o carimbo do tempo que são usados pela instituição financeira.
O CTO da BRy, Cristian Thiago Moecke, explica que “a operação reduz o tempo do processo e os gastos com transporte, uma vez que os documentos passaram a ser assinados com certificado digital ICP-Brasil e encaminhados eletronicamente para as agências”.
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Fonte: Jornal Contábil
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