De segunda a quinta-feira, Cirlene Sardá, de 57 anos, atravessa a ponte interestadual entre Pernambuco e Bahia para se dedicar à produção do Creme de Alho para Churrasco da Tia Neni. Ela mora em Petrolina (PE), mas sua fábrica fica instalada no município vizinho, Juazeiro (BA). Já na sexta-feira, é dia de abastecer os clientes da região, com uma demanda de 2 mil potes da mercadoria por mês. Essa trajetória empreendedora teve início em 2009, quando Cirlene foi desafiada pelo genro a fazer um creme de alho para acompanhar o pão do churrasco. Nenhum dos dois imaginava aonde iriam chegar…
“Lembro como se fosse hoje: ele chegando em casa com um espetinho de carne e um sachê com o creme e me pedindo para fazer igual. Eu, inquieta, respondi que faria um creme ainda mais gostoso”, conta ela. No final de semana seguinte, Cirlene testou a receita e serviu o creme de alho, mas o resultado não foi como esperado: o sabor acabou ficando além da conta. Segundo ela, três tentativas foram suficientes para acertar o ponto e, então, partir para as vendas.
Cirlene estava tão convencida sobre a qualidade do seu produto que não deixou escapar nenhuma oportunidade. A primeira delas surgiu em uma festa universitária da filha, Enne Sardá. O resultado foi tão bom para aquele começo que, por quatro anos, ela ajudou a mãe a vender o creme de alho nos eventos da faculdade. Enquanto isso, o esposo de Cirlene, Milton Anunciação, ia às ruas oferecer o produto para minimercados e frigoríficos, mas a pergunta era sempre a mesma: “tem nota fiscal?”.
Determinada a profissionalizar seu negócio, Cirlene buscou apoio do Sebrae para se formalizar como microempreendedora individual (MEI). “Saí do Sebrae com tudo pronto. Empresa formalizada, conta aberta e cartão de crédito. Foi quando as portas se abriram”, relembra. O passo seguinte, todo orientado por consultores da instituição, foi adequar o creme de alho para atender às normas e requisitos da vigilância sanitária, incluindo a tabela nutricional e o código de barras.
Outra ajuda que chegou por meio do Sebrae e que a empresária considera uma virada para aumentar sua credibilidade foi a participação em feiras. “Por cinco anos, tivemos a oportunidade de expor o ‘Creme de Alho para Churrasco da Tia Neni’ em feiras de agronegócio com degustação e vendas. Nosso estande sempre estava entre os mais visitados.” Ali, Cirlene percebeu o potencial do produto e a necessidade de apostar nas redes sociais para divulgá-lo. “A demanda é sempre alta”, comemora.
De pão em pão
Junto da empreendedora, está seu esposo Milton, que é responsável pelas questões de logística, incluindo compras, encomendas e entregas. Quando necessário, ele também toca o trabalho da produção, como aconteceu nas duas vezes em que Cirlene precisou se ausentar para cuidar dos netos. “Ele deu conta do recado, não deixou acumular serviço, descascava alho, fazia as etiquetas, embalava. Colocou, literalmente, a mão na massa e deu certo”, afirma, orgulhosa.
Com 13 anos de fundação, a empresa vende uma média de 2 mil potes de creme de alho por mês. Já é possível encontrar a mercadoria em supermercados, conveniências, frigoríficos e distribuidoras de Pernambuco e da Bahia. E não para por aí. Além do Creme de Alho para Churrasco da Tia Neni, Cirlene produz, em um espaço personalizado que fica no quintal de sua casa, em Petrolina, outros quitutes para a Cozinha Gourmet. Essa segunda empresa, criada em 2015, é especializada em pães caseiros, bolos, tortas e sobremesas sob encomenda.
Tempero de família
Cirlene nasceu em Santa Catarina. Porém, na década de 70, seus avós foram convidados a abrir uma churrascaria na Bahia. Foi então que, acompanhada dos pais e tios, a família desembarcou em Juazeiro (BA). “Cresci degustando maionese caseira e a famosa costela do meu avô. São receitas que faço até hoje”, revela, com carinho, ao relembrar os dotes culinários aprendidos desde pequena.
Mesmo em momentos difíceis na vida, como quando precisou cuidar da mãe com câncer, Cirlene sempre apostou na gastronomia como fonte de renda. Antes de começar com o creme de alho, preparava marmitas caseiras para vender no condomínio onde morava. A divulgação acontecia à moda antiga: a catarinense colocava bilhetes embaixo das portas para fazer a propaganda do seu negócio e sempre deu certo.
Hoje, ela celebra o movimento do produto ganhar o Brasil e o mundo. Isso porque uma das encomendas especiais foi para o Canadá. “Fiz 20 potes para os vizinhos da minha filha, que mora lá com meus netos e o meu querido genro, que motivou a criação do creme de alho. Até hoje, ele cobra sua participação nos lucros”, brinca. O desejo de ver sua marca crescer no seu estado natal já mobiliza a empreendedora, que está se organizando para expandir o negócio com a entrada de um sobrinho catarinense.
Fonte: SEBRAE
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