As startups têm buscado outras formas de conseguir capital para rodar a operação. Em função do cenário avesso a risco, os fundos têm visto com melhor olhos esta forma de remunerar o capital, a venture debt, conhecida como dívida de risco, que funciona como um financiamento, um empréstimo e permite que as empresas em estágios iniciais façam suas operações escalarem.
Segundo um levantamento realizado pela Distrito, plataforma que conecta soluções para startups, no primeiro trimestre de 2023, cerca de US$ 317 milhões foram desembolsados para essa modalidade, sendo o maior volume da história.
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Neste modelo, o investidor não tem gerenciamento sobre o negócio, afinal, ele não é um acionista. Na venture debt, o investidor é, na verdade, credor. É como se fosse cartão de crédito: pague em dia a taxa que foi combinada e está tudo certo. O criador, ou criadores da startup, mantém o controle do negócio tal como antes do acordo. Há um outro modelo, que gera confusão pela semelhança do nome, o venture capital, que é quando o investidor compra ações do negócio, ou seja, ele tem participação acionária.
Diante disso, é fácil perceber que o venture debt impõe um controle ainda maior na forma de gerir o negócio, pois existe uma dívida nova e um prazo para quitá-la. Claro que no recebimento do aporte tradicional também é necessário gerir o negócio com controle financeiro, até para garantir a sobrevivência e o crescimento dele. O fato é que não há milagre, é preciso ter o controle das operações e atenção aos sinais do mercado.
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Os OKRs – Objectives and Key Results (Objetivos e Resultados Chaves) – podem ajudar neste cenário, visto que têm suas premissas: ajustes em ciclos mais curtos, assim se a opção for se aventurar no venture debt, é possível alinhar o negócio, visando sua saúde financeira com o que já está em caixa; envolvimento de todo o time, com o conhecimento da tarefa que cada um desempenha dentro do negócio, e qual a finalidade dessa tarefa.
Isso resulta em um envolvimento maior e em uma contribuição melhor de cada um dentro do todo. Aumentando a probabilidade de êxito na execução do plano estratégico e consequentemente, o alcance do resultado esperado, que é quem vai gerar dinheiro para pagar o empréstimo contratado.
Com os OKRs bem aplicados, é possível acreditar no sucesso do negócio, ainda que com dificuldades a superar. Porém, é preciso entender que não basta usar uma tabela de excel e acreditar que tudo correrá bem, é preciso disciplina de acompanhamento e saber definir muito mais do que tarefas a serem cumpridas, e sim resultados a serem alcançados no curto prazo.
É preciso definir muito claramente onde os esforços estão sendo empregados e, por fim, se estão obtendo os resultados esperados. Caso contrário, é necessária uma correção de rota. Respondendo a pergunta do título: com um bom gerenciamento, o venture debt pode sim ser uma boa escolha para o crescimento das startups.
Por Pedro Signorelli é um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs.
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Fonte: Jornal Contábil
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