Nesta família de produtores rurais, a vocação para o cultivo sempre esteve presente. A avó Prakceda foi pioneira no ramo das flores, incentivando todos a também se dedicarem a essa arte. Seguindo seu exemplo, os pais de Camilla e Daniela Holz abraçaram a tradição de produção de flores tropicais no Rancho Paraná. As irmãs, que cresceram cercadas por frutas, verduras e flores, têm na avó Prakceda a verdadeira inspiração do amor pelas plantas.
Desde jovem, Camilla ajudava os pais na produção e sonhava em trabalhar com arranjos e decorações. Já Daniela não se via inserida nesse universo. A ideia de criar o Ateliê Florescer surgiu durante a pandemia, em um momento desafiador. Com a suspensão de eventos e o fechamento de restaurantes, as vendas de flores despencaram.
Os grandes decoradores de Brasília, que costumavam ser os principais clientes da família, interromperam suas compras. Além disso, os meses de março, abril e maio, conhecidos como alta temporada para flores tropicais, apresentavam um grande desafio: um imenso volume de produção sem destino.
Foi diante desse desafio que as irmãs decidiram pensar em uma solução. O espírito empreendedor já estava inserido em Camilla e Daniela, que sempre acompanharam seus pais e tias em eventos do Sebrae, como cursos, treinamentos e caravanas. Desde pequenas, escutavam sobre a importância da instituição para o negócio e a família.
Diante do cenário apresentado, elas decidiram criar um Instagram para vender buquês, arranjos e boxes de flores, focando nas pessoas que, em isolamento, buscavam maneiras de presentear seus entes queridos. A iniciativa foi um sucesso, e a conexão com os clientes trouxe uma nova perspectiva ao negócio.
Camilla conta que a vivência com ao lado da avó e a imersão no universo floral despertaram em Daniela uma paixão inesperada. “As flores a escolheram”, diz, refletindo sobre a transformação da irmã, que hoje se dedica com entusiasmo à execução de arranjos e ao atendimento de clientes. Com a demanda crescente, elas formalizaram o Ateliê Florescer. “As experiências únicas de entrega durante a pandemia, ao ver a felicidade dos clientes ao receberem flores, alimentaram ainda mais o desejo de fortalecer nosso negócio”, argumenta.
Entre os desafios, a convivência
“Quando criamos o ateliê, em 2020, éramos duas irmãs com o sonho de ajudar os pais, de abrir a própria empresa e de empreender em Brasília”, relembra Camilla. “De lá pra cá, realmente tivemos muitos desafios, inclusive um momento que foi um divisor de águas.”
As duas irmãs, que moravam juntas, precisaram equilibrar a convivência familiar com a vida profissional. Um dos principais pontos foi aprender a separar os momentos de trabalho dos de lazer. Em meio a essa trajetória, houve um desentendimento que quase as levou a desistir da sociedade e a seguir caminhos separados.
Um casal de clientes, Theo e Ellen, desempenhou um papel fundamental na nossa história. Quando minha irmã foi entregar flores ao Theo, o encontrou na porta do apartamento, mancando com o pé engessado. Ele estava radiante ao receber as flores, que seriam um presente para a esposa. A conexão dos dois tocou minha irmã que me ligou emocionada, dizendo que queria continuar.
Camilla Holz, empreededora
“Desde então, nossa parceria tem funcionado muito bem”, comemora. Para Camilla, esse foi o principal desafio: reconhecer a importância do trabalho uma da outra. “Hoje, valorizo a contribuição da Daniela nas entregas e no atendimento ao cliente; enquanto ela reconhece meu papel na criação dos arranjos e na produção”, enfatiza. “Cada uma de nós é essencial para o sucesso do negócio. Quando passamos a valorizar as habilidades e o trabalho uma da outra, nosso empreendimento deslanchou.”
Elas se uniram novamente quando outros desafios surgiram, esses ligados a aspectos do negócio, como gestão e finanças. “O Sebrae abriu nossos olhos para o potencial da nossa empresa, nos fez enxergar o nosso negócio de forma mais ampla”, revela Camilla. “Participamos do ALI Rural, com a consultora do Sebrae em Brasília, que nos motivou a investir em nosso negócio, a estarmos atentas às inovações. Ela nos indicou várias consultorias e todas foram muito importantes para o nosso negócio, entre elas, educação e gestão financeira.”
Aumento da demanda
Desde 2020, as vendas e a carteira de clientes da empresa aumentaram. O mercado de flores, mesmo durante a pandemia, apresentou crescimento. “Nosso foco em personalização e atendimento ao cliente permitiu que transformássemos desafios em oportunidades”, comemora Camilla.
Atualmente, o carro-chefe do Ateliê Florescer são os eventos corporativos, sobretudo para embaixadas, além de decorações para aniversários e casamentos. Camilla conta que, antes da criação do Ateliê, já participavam de eventos, ajudando o pai, que atuava na área.
Foi com ele que adquirimos experiência e foi quem nos incentivou a fazer cursos de arte floral, trazendo grandes nomes do ramo para Brasília.
Camilla Holz
Entre os itens mais procurados estão buquês, boxes de flores, arranjos e bambu da sorte, além de decorações e buquês de noiva. Atualmente, a maioria dos nossos clientes são de Brasília e entorno, mas as irmãs também atendem pessoas de vários estados e até de outros países. “Muitas delas nos procuram para presentear familiares ou amigos que vivem em Brasília. Recentemente, realizamos o casamento de um casal que mora nos Estados Unidos, mas optou por casar-se aqui.”
O Ateliê Florescer ganhou loja na Central Flores, dentro do CEASA, oferecendo uma variedade de produtos, como vasos e plantas. No entanto, o principal canal de atendimento continua sendo on-line, via Instagram e WhatsApp. As encomendas são feitas com o mínimo de 48 horas de antecedência, garantindo que cada arranjo e decoração sejam cuidadosamente preparados. Para eventos, as irmãs alertam: é necessária uma antecedência maior.
Fonte: SEBRAE
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