Por Comunicação CFC
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, declarou, na manhã desta quarta-feira (4), durante a solenidade de abertura do IV Seminário Brasileiro de Contabilidade e Custos Aplicados ao Setor Público, em Brasília (DF), que acredita na importância da contabilidade para a correta explicitação dos custos aplicados ao setor público. “Isso é fundamental para a melhoria da governança das empresas e do governo”, afirmou. Além do ministro, participaram da cerimônia a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi; o vice-presidente Técnico do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Zulmir Breda; e o diretor-geral da Escola de Administração Fazendária (Esaf), Manuel Augusto Alves Silva.
O Seminário acontece de hoje (4) até sexta-feira (6), no auditório da Esaf, em Brasília, e tem programação dirigida aos servidores públicos e profissionais que trabalham com contabilidade, custos, orçamento e estatísticas fiscais do setor público, nas esferas federal, estadual e municipal. O evento é realizado, conjuntamente, pelo CFC, Esaf e Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Durante discurso, Henrique Meirelles fez um resumo da situação econômica do Brasil e das ações que o governo vem realizando para ajustar as contas públicas. “Nós vivemos, nos dois últimos anos e meio, a maior recessão da história do Brasil, e uma das causas fundamentais desse processo foi exatamente o ajuste das contas públicas”, afirmou. Lembrando que, nesse período, houve o aumento do endividamento das empresas e das famílias, além da elevação acentuada do endividamento público, Meirelles defendeu a recente retomada do crescimento da economia brasileira. “Hoje há o início de um processo de estabilização das dívidas das empresas e também há queda continuada no endividamento das famílias”, disse.
O ministro da Fazenda afirmou que a recessão foi revertida em função de um ajuste fiscal gradual e duradouro e com a transparência das contas públicas, mencionando a realização da revisão do déficit público primário em 2016, seguindo-se o cumprimento das metas.
Meirelles destacou que tem sido fundamental a melhoria da governança nas empresas públicas. “Estamos construindo a base para o crescimento sustentável do País, e a previsão é que tenhamos ciclos de crescimento mais longos e com menor volatilidade”, destacou, citando que “tem muita coisa ainda a vir na área de privatização e investimento em infraestrutura”.
Segundo o ministro, o grande desafio do Brasil agora é a reforma da Previdência. “Mas quero enfatizar um aspecto importante: o fortalecimento dos mecanismos de transparência, que nos permitiu ter acesso a análises confiáveis sobre a real situação das contas públicas e da Previdência”, afirmou. Ele acrescentou que este é um processo já estabelecido no Brasil, sem volta: a revisão da capacidade de pagamento da União, estados e municípios e o tratamento disso com a responsabilidade adequada. “A reforma da Previdência enquadra-se nesse processo”, disse.
O ministro destacou as ações do Tesouro Nacional para fornecer a comparabilidade das contas dos estados e municípios, resolvendo dificuldades que antes existiam para a correta análise dos dados.
“O Brasil caminha para a convergência internacional e começa a participar de uma série de órgãos de definição de padrões em diversas áreas. Estamos convergindo e trabalhando com outros países para a melhoria de padrões de governança dos setores público e privado”, ressaltou. Com a convergência, ele afirma que haverá ganhos quanto à comparabilidade da situação brasileira com diversos países, nos setores público e privado, e quanto ao fortalecimento do controle social.
O ministro da Fazenda ainda declarou que, sem transparência, não há como ser exercida a responsabilidade fiscal. “Para isso, é fundamental a qualidade das demonstrações contábeis. Precisamos qualificar as nossas informações cada vez mais e promover as discussões das prioridades do País em cima de dados confiáveis, concretos, claros e transparentes”, finalizou Meirelles.
A visão do Tesouro Nacional
A secretária Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, em discurso na abertura do IV Seminário Brasileiro de Contabilidade e Custos Aplicados ao Setor Público, frisou, como a principal mensagem, a importância da convergência das normas de contabilidade para a comparabilidade mais ampla nas contas públicas, permitindo que haja harmonia de todas as situações fiscais no Brasil.
“O momento que o País está passando é do conhecimento de todos, e o Tesouro Nacional está trabalhando em um importantíssimo ajuste nas contas publicas brasileiras, gradual e de longo prazo, com muita disciplina dos gestores e os atores envolvidos”, afirmou. Ela citou que a STN apresentou recentemente o resultado das contas públicas do mês de agosto, o qual mostrou que 104% da receita líquida são consumidos com as despesas obrigatórias.
Ana Paula destacou que é preciso mostrar para a sociedade a fiel situação das contas públicas e, para isso, é necessária uma contabilidade bastante crível, que apresente elementos de transparência nas contas, para que se possa realizar um amplo de debate com a sociedade.
De acordo com a secretária, são desafios importantes o fortalecimento das regras fiscais e a boa governança nas contas públicas, permitindo transparência aos órgãos de controle da sociedade quanto à execução das metas.
O cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal também foi mencionado por Ana Paula como de grande importância para que se possa ter clareza e transparência no ajuste das contas públicas. Para ela, as demonstrações contábeis são essenciais nesse processo.
CFC e a convergência das normas
Representando o presidente do Conselho Federal de Contabilidade, José Martonio Alves Coelho, na solenidade de abertura do IV Seminário, o vice-presidente Técnico, Zulmir Breda, apresentou ao público do evento as ações que o CFC vem realizando para a convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP) ao padrão International Public Sector Accounting Standards (Ipsas).
Breda lembrou que, em 2006, o Conselho constituiu o Grupo Assessor (GA) para coordenar a convergência. “Em dez anos, foram muitas as ações e conquistas na uniformização das práticas e dos procedimentos contábeis do setor público, mas um grande salto foi dado em 2015, com a assinatura de um termo de Cooperação Técnica entre o CFC e a STN”, afirmou o vice-presidente, ressaltando os esforços da subsecretária de Contabilidade Pública da STN, Gildenora Milhomem, para resultados efetivos nesse processo.
Em 2016, o CFC publicou a Estrutura Conceitual e cinco NBC TSP convergidas ao padrão Ipsas. No dia 28 de setembro deste ano, o Conselho publicou mais cinco NBC TSP convergidas, as quais entrarão em vigor em 2019. “Trata-se de um processo irreversível, que terá a sua conclusão em 2021, quando as últimas normas serão aprovadas, de acordo com o padrão Ipsas, completando o conjunto de 36 normas internacionais adotadas pelo Brasil”, explicou o vice-presidente.
Breda aproveitou a presença do ministro da Fazenda para pedir apoio à modernização da Lei nº 4.320/1964, cujo projeto de lei tramita no Congresso Nacional. “Precisamos, Senhor Ministro, para consolidar este processo de modernização das contas públicas nacionais, promover a alteração da Lei nº 4.320, que carece de ajustes para se adequar a este novo momento da realidade contábil e orçamentária brasileira”, afirmou.
Finalizando, o vice-presidente destacou o papel do profissional da contabilidade como corresponsável pela preservação do patrimônio público. “Temos essa consciência e estamos fazendo a nossa parte para ajudar o País”, concluiu Breda.
Transmissão ao vivo
O IV Seminário Brasileiro de Contabilidade e Custos no Setor Público pode ser acompanhado pelo link: http://assiste.serpro.gov.br/esaf/
Fonte: CFC