O mercado de combustível brasileiro está em mutação. Questões como privatizações, fim de monopólios, flutuação de preços a partir de indexadores externos impactam o cenário do segmento de várias formas. Um dos movimentos mais recentes e expressivos dessa transformação tem sido o aumento de postos bandeira branca – aqueles que não são vinculados a nenhuma grande rede.
De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), em 2016, 41,1% dos postos estavam trabalhando desembandeirados. Hoje, 48% dos mais de 40 mil postos brasileiros estão desvinculados de uma distribuidora específica, e essa movimentação tem um motivo: em um ambiente volátil e incerto, é preciso ter flexibilidade para se tornar mais competitivo.
Mas a liberdade tem seu preço. Ao abrir mão de trabalhar sob a sombra de uma imagem consolidada, negócios de pequeno e médio portes precisam otimizar a administração e, principalmente, investir na criação da sua própria marca para garantir a eficiência operacional e se diferenciar da concorrência.
Para aproveitar essa nova oportunidade no mercado, o varejista deve trabalhar em pilares como a redução das margens de lucro — reflexo direto desse novo mercado de combustíveis. Por isso, é importante que os postos estejam atentos a todos os pontos de melhoria operacional. Qualquer processo que esteja gerando perdas, por menores que elas sejam, precisa ser identificado e corrigido.
Diante disso, o investimento em tecnologias de gestão se faz uma premissa básica. A automatização de tarefas garante agilidade, qualidade e economia de recursos. A administração do posto também fica mais fácil, com todas as informações estratégicas reunidas em um só lugar e sempre à disposição para os momentos de tomada de decisão.
Outro ponto sensível em um mercado altamente competitivo é se diferenciar da concorrência por meio da construção de uma marca reconhecida. Afinal, os clientes compram mais quando confiam, e só confiamos em quem conhecemos.
Para atingir esse objetivo, é preciso criar experiências marcantes para o consumidor, desde a primeira interação com a marca. É necessário ter uma equipe bem treinada e oferecer produtos e serviços que assegurem a excelência no atendimento e no relacionamento com o cliente. A tecnologia também é um diferencial aqui. Com as plataformas certas, é possível ampliar o escopo de meios de pagamentos, criar campanhas e ações de fidelização e posicionamento e oferecer serviços personalizados, por exemplo.
Vejo esse novo momento do mercado sem ceder ao pessimismo. As mudanças estão acontecendo e cabe a nós fazer com que elas sejam positivas para todos os envolvidos nessa cadeia.
Para as empresas de tecnologia, é um momento de avaliar suas ofertas e moldá-las às novas necessidades. Já para os empresários, é certamente um bom momento para se qualificar e construir valor em um mercado comoditizado. Os desafios são muitos, mas acredito que as recompensas, para quem aceita se renovar, serão transformadoras.
Samuel Carvalho, gerente de Produto e Inovação
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Fonte: Jornal Contábil
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