Em algum momento de suas carreiras, profissionais podem ser expostos a dilemas éticos. Subornos, conflito de interesses, presentes, vazamento de informações, entre outras situações fraudulentas, geram prejuízo material e de imagem para as empresas e prejuízo moral para a sociedade. “Por mais que as empresas tenham regras, processos e controles internos, o verdadeiro desafio está no fator humano, já que o poder da decisão sobre tomar atitude antiética ou mesmo ignorar colegas que estão agindo de forma fraudulenta é 100% do indivíduo”, explica Renato Santos, diretor do IPRC, Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental, que acaba de lançar estudo inédito do índice PIR® – Potencial de Integridade Resiliente, diante de oportunidades de fraude.
“Resiliência de integridade é a capacidade do ser humano de se posicionar eticamente diante de dilemas ambíguos, que ferem o compliance das organizações. Quanto maior a resiliência, menor será a manifestação de comportamentos antiéticos”, explica Renato.
O estudo “Índice de Potencial de Integridade Resiliente” foi realizado com 2.435 profissionais, entre homens e mulheres, a partir de 18 anos, expostos a dilemas éticos relacionados à Fraude, de 24 empresas no Brasil. Para isso, o tema “fraude” foi subdividido em: corrupção (conflito de interesse, suborno e presentes), apropriação indevida (desvio, pagamentos indevidos, manipulação de despesas) e demonstrações fraudulentas (vazamento de informações, manipulação de resultados e manipulação de inventário). A precisão do cálculo do índice PIR® é de 82%.
“Quando o índice de resiliência é alto significa não só que os profissionais resistiriam a situações antiéticas, mas também que não se calariam mediante atitudes antiéticas dos colegas, denunciando-os para a empresa“, explica Renato.
Apropriação Indevida
Praticamente metade dos profissionais 46% têm índice baixo ou moderado, podendo sucumbir a desvios ou ainda não denunciando colegas que desviam bens da organização. Este alto índice pode ser explicado com a ideia de que aquele bem não fará falta, como no exemplo de um dos relatos “Este celular iria para o lixo mesmo. Não faz diferença para no final das contas.”
Quando o dilema versa sobre manipulação de despesas, o índice é mais alarmante, 48% dos profissionais manipulariam ou aceitariam que colegas manipulassem relatórios de despesas pagas pela empresa com intuito de ganhar um pouco mais. “Não importa quanto que gaste de refeição, sempre peço que coloquem na nota o valor que tenho direito de reembolso por dia. É meu direito!”, relatou um participante durante a pesquisa, demonstrando assim que a organização precisa deixar mais claro não somente a política de reembolso de despesas, mas os princípios que a norteia.
Dois terços (66%) dos profissionais tendem a realizar pagamentos indevidos a terceiros, ou seja, pagamentos antecipados a fornecedores por conta de conflito de interesses. Só 29% demonstra alta resiliência diante dessas situações, entendendo-as como atitudes fraudulentas.
“Na prática, treinamentos genéricos sobre ética e compliance, formas precárias de contratação de profissionais e a ausência de campanhas rotineiras sobre dilemas éticos profissionais podem contribuir para a formação de grupos com menor resiliência ética e ampliar a possibilidade de problemas relativos à fraude”, avalia Renato. “As organizações precisam não apenas declarar a intolerância a desvios evidentes e diretos, mas também investir na ampliação da percepção moral do indivíduo, por meio do investimento na instrução. E instrução, por sua vez, é mais ampla do que capacitar exclusivamente para a atividade profissional em sua dimensão técnica. Daí a necessidade das organizações investirem em programas de promoção da ética: elaboração de código de conduta, comunicação permanente, recrutamento centrado na observância da ética, comitê de ética e controle interno”, finaliza.
Para acesso ao estudo na íntegra: http://materiais.iprcbrasil.com.br/indice-pir
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Sobre o IPRC: Desvios de conduta ética são disparados por diferentes gatilhos relacionados a questões sociais e organizacionais, mas é o fator humano o denominador comum entre todas elas.
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Fonte: Jornal Contábil
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