O mundo tem vivenciado momentos de tensão por conta no novo Coronavírus (COVID-19) e o Brasil tem vivenciado a fase de quarentena na tentativa de conter a transmissão do vírus, para que não venhamos a vivenciar um estado de calamidade como o ocorrido na Itália, com o total de 6.000 mortes.

Segundo dados emitidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de pessoas infectadas no mundo já ultrapassa 300 mil.

O problema da pandemia tem refletido sobre o comportamento da população brasileira, que em estado de pânico, tem buscado alternativas para tentar se proteger em um caso de agravamento do número de infectados.

A procura pelo álcool em gel e pelas máscaras de proteção tem levado muitas empresas ao desafio de reorganizar a gestão de estoque desses produtos. Com a minha ampla experiência no mercado empresarial e à frente da T4 Consultoria, que também atua no segmento sepermercadista, hoje trago importantes reflexões sobre o problema dos supermercados em pandemia do novo Coronavírus.

Gestão de Estoque nos Supermercados em pandemia do novo Coronavírus

A maioria dos supermercados do Brasil tem enfrentado um problema em comum: a corrida do brasileiro para fazer estoques de alimentos e de itens de higiene e limpeza. Esse comportamento ditado pelo pânico das pessoas tem provocado a redução de estoque de mercadorias básicas nas prateleiras.

Tivemos no primeiro sábado, 14, após decreto da quarentena no Brasil, um desabastecimento de itens nas prateleiras que chegou a 11,3%, em aproximadamente 20 mil lojas do país. Esses foram dados fornecidos por meio da pesquisa realizada pela Neogrid.

Dentre os itens mais vendidos e escassos nos supermercados, em primeiro lugar está o antisséptico para mãos, cuja venda cresceu em 630,5% em março, fazendo com que os estoques do produto caíssem pela metade 47%. As vendas de álcool aumentaram 322,7% e os estoques caíram para aproximadamente 30%. As vendas de papel higiênico dobraram de fevereiro para março, levando a uma falta nas prateleiras de 10%. Dentre os produtos básicos mais procurados também estão: leite em pó, longa vida, açúcar e massas.

Essa semana, a rede de supermercados Pão de Açúcar, anunciou que atenderá pessoas acima de 60 anos em horário especial, com exceção das unidades localizadas nos shoppings.

Grandes redes de supermercados, como é o caso das lojas Big e do Carrefour já contavam com espaços vazios nas prateleiras. Diante desse cenário de corrida dos consumidores para estocar alimentos, as próprias redes de supermercados em pandemia do novo coronavírus têm adotado medidas para o melhor gerenciamento de seus estoques.

Esse não é um cenário de falta de produtos na indústria, mas de problemas na velocidade da reposição dos itens nas prateleiras, portanto, a medida adotada principalmente pelas grandes redes do segmento supermercadista tem sido estabelecer uma quantidade limite de itens por compra, com o intuito de não afetar o estoque, mantendo o reabastecimento dentro do prazo habitual e para que todas as pessoas possam fazer as suas compras, satisfazendo suas necessidades.

Para aqueles que acreditam que as redes de supermercado estão faturando mais com a crise, é preciso entender que as pessoas têm antecipado as suas compras com o intuito de formação de estoques, o que leva a crer que nas próximas semanas, o consumo tende a diminuir. Essa é uma questão que precisa ser muito bem assimilada pelos gestores dessas redes, é preciso se preparar para esse funcionamento fora do habitual no fluxo de caixa e se antecipar à diminuição do volume de compras nas próximas semanas.

Em contrapartida, pode se considerar que o maior ganho no setor supermercadista está no fato de que as pessoas estão deixando de frequentar locais como bares, restaurantes, entre outros, preferindo preparar alimentos em casa, portanto, essa tem sido uma das principais fontes do aumento de renda do segmento.

É preciso manter a calma em momentos caóticos

A gestão dos supermercados na pandemia do novo coronavírus precisa assumir um papel “regulador” diante do comportamento das pessoas movido a pânico diante da incerteza do futuro.

Acredito que aos poucos, diante de um episódio que foge do que o Brasil e o mundo estavam esperando nesse momento, as pessoas começarão a refletir e a se acalmar diante da situação. Recentemente o presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), Fábio Queiróz, alertou de que não há necessidade de uma corrida aos supermercados.

Em momento de prevenção ao novo coronavírus, em que as orientações quanto a procedimentos e comportamentos têm sido instauradas na rotina das pessoas, os hábitos de consumo também serão adaptados ao novo cenário, como por exemplo, esse ocorrido nas redes do Pão de Açúcar atendendo pessoas acima de 60 anos, do grupo de risco, em horários específicos.

Cabe à gestão dos supermercados tomar todas as precauções quanto aos procedimentos de higiene e comportamento em fase de pandemia e estabelecer regras para que todas as pessoas possam fazer as suas compras, de maneira que não faltem itens no estoque a tempo do reabastecimento. Procurar manter a calma é fundamental tanto para as empresas quanto para os consumidores.
Marcelo Viana – Diretor da T4 Consultoria, especialista em finanças empresariais. Possui experiência de mais de 20 anos em Controladoria e Administração Financeira, tendo atuado em cargos executivos em inúmeras empresas como: Carrefour, Grupo Itavema, Grupo Vigorito, etc. Graduado em Ciências Contábeis; Consultoria Gestão Empresarial-PUC; MBA Controladoria Estratégica pela Fundação Alvares Penteado – FECAP e MBA Gestão Econômica e Financeiras de Empresas-FGV.    

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Fonte: Jornal Contábil
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