Com o número crescente de pessoas infectados pela pandemia, a temporada de boato está em alta no mundo e também no segmento farmacêutico. Não que isto seja uma novidade, afinal boatos sempre existiram. Mas a dimensão que os boatos têm tomado na vida de nossas pessoas em nosso setor vai muito além do habitual.

Sempre que há oportunidade, digo aos meus amigos e, sobretudo, aos dirigentes das redes associadas à Febrafar que, para melhor compreensão do que verdadeiramente ocorre, é extremamente fundamental saber distinguir as informações que lhes são apresentadas, pois pode tratar-se de um simples boato, uma opinião própria ou um fato concreto.

De acordo com o nosso dicionário, boato é uma novidade que circula na boca do povo sem origem que a autentique; opinião é uma maneira particular de pensar sobre um assunto; e fato é uma ação, algo realizado, o que é verdadeiro. Se prestarmos atenção, verificaremos que os boatos têm sempre uma conotação negativista, sendo, acima de tudo, relacionados a uma grande ameaça. Afinal, estamos sendo sistematicamente abordados com notícias do tipo:

• “Tal medicamento cura da pandemia”;

• “O Programa Aqui Tem Farmácia Popular não terá mais medicamentos”;

• “Vão acabar os medicamentos nas farmácias”;

• “Um amigo disse que os dados que estão informando são mentirosos”;

• “Tudo faz parte de um grande plano de um determinado grupo de pessoas”;

• “Água quente pode curar a doença”; entre inúmeras outras.

Cuidado: Boato não é fato. Afinal, contra fatos não há argumentos!

Ou seja, se eu ficar aqui descrevendo todos os boatos que têm circulado, nos últimos tempos, certamente precisaria de centenas de páginas para relacioná-los. Mas é correto afirmar que todas as manchetes acima mencionadas são apenas boatos. Ainda que algum boato possa tornar-se fato um dia, enquanto isto não ocorre definitivamente não vale a pena perdermos um segundo do nosso precioso tempo discutindo-o, nem tampouco nos contaminando por esse tipo de informação que, a bem da verdade, só nos levará do nada para lugar nenhum.

Já a opinião, contudo, é livre. Cada um de nós possui o direito de ter uma visão sob quaisquer aspectos com relação a uma informação. E não existe opinião certa ou errada, até porque cada indivíduo tem o livre arbítrio para pensar o que quiser sobre um determinado assunto.

Exemplo: eu posso opinar que o ingresso das empresas multinacionais no varejo farmacêutico brasileiro em nada alterará o processo concorrencial existente hoje no comércio nacional. Outras pessoas podem, livremente, acreditarem o contrário. No entanto, não dá para dizer assertivamente quem está certo e quem está errado, pois opinião é apenas a transmissão de um pensamento, de uma visão que a pessoa tem sobre um assunto.

Agora, fato é algo verídico. E contra fatos não há argumentos. Um bom exemplo de fato incontestável é que vivemos tempos de profunda preocupação para toda sociedade. Temos experimentado uma situação de grande preocupação. Os números das doenças são crescentes e medidas devem ser tomadas para que o impacto seja cada vez menor para todos.

Contudo, diante dessa situação, cabe as pessoas uma preocupação extra com as informações que divulgam. Há a necessidade de buscar embasamento no que falam e replicam. Não é toda informação que é verídica. E mesmo quando fontes são citadas é preciso averiguar, saber dados como data que foi publicada, se os números não foram alterados e se podemos confiar nas informações.

As pessoas devem se atentarem e evitar replicar informações no calor das emoções e se preocupar com o que proliferar, pois boato não é fato, afinal, contra fatos não há argumentos!

Por Edison Tamascia é empresário do varejo farmacêutico há 40 anos. Atualmente, preside a Febrafar (Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias) e a Rede Drogarias Ultra Popular.

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Fonte: Jornal Contábil
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