Relatório da CNI compara país com outras 17 nações, levando em conta as condições para realização de negócios
O relatório Competitividade Brasil 2019-2020 elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) coloca o Brasil na 17ª posição na comparação com outras 17 economias com características similares à brasileira. Segundo o estudo, o ambiente de negócios no país até melhorou nos últimos dez anos, mas não o bastante.
Na classificação geral, levando-se em conta variáveis que mensuram o conjunto de características favoráveis à realização de negócios, o Brasil fica em penúltimo lugar, à frente apenas da Argentina. Coreia do Sul, Canadá e Austrália lideram o ranking quando o assunto é competitividade global.
O estudo avaliou fatores que impactam diretamente os negócios internos e externos dos 18 países, como Ambiente Macroeconômico, Ambiente de Negócios, Educação, Estrutura Produtiva, Escala e Concorrência, Financiamento, Infraestrutura e Logística, Tecnologia e Inovação, Trabalho e Tributação.
De todos os itens, o Brasil se saiu melhor em Tecnologia e Inovação (8º lugar) e Trabalho (9º lugar), mostrando avanços ao longo dos últimos dez anos com redução de burocracias e melhoria na legislação trabalhista.
Na outra ponta, que poderia ser chamada de”areia na engrenagem”, emperrou no penúltimo lugar em Tributação e no último em Financiamento. O levantamento mostra que aqui é mais difícil obter dinheiro para investir na produção e mais fácil perdê-lo na complexa e desigual trama tributária.
O custo do capital no Brasil é muito superior ao encontra donos demais países avaliados. Em 2018, a economia brasileira apresentou a mais alta taxa de juros real de curto prazo (8,8%) e o maior spread da taxa de juros (32,2%). Em relação aos tributos, a carga no país mostrou estar entre as mais elevadas quando medida em relação ao lucro das empresas. Segundo dados da pesquisa Doing Business 2020 do Banco Mundial, em 2019 o montante de impostos e contribuições pagos pelas empresas brasileiras representou 65,1% do seu lucro.
A Turquia, que na classificação geral ficou em 11º lugar, demonstrou ser possível reequilibrara carga fiscal que onera de modo assimétrico os agentes econômicos de um país. No fator Tributação, ela subiu da 14ª para a 4ª posição, passando do terço inferior (13º ao 18º lugar) para o terço superior do ranking (1º ao 6º). Entre 2018 e 2019, a Turquia realizou reformas que facilitaram o pagamento de impostos no país: melhorou o portal online para cumprir as obrigações tributárias e isentou do IVA (Impostos sobre Valor Agregado) certos investimentos.
Também no fator Ambiente Macroeconômico,o Brasil não se saiu bem: ficou em 16º lugar, à frente apenas de Turquia e Argentina. O resultado é determinado, especialmente, pela falta de equilíbrio fiscal, importante elemento para garantir um ambiente macroeconômico favorável ao investimento, ao lado da estabilidade monetária e do equilíbrio externo.
Atualmente, o Brasil não está entre os seis primeiros do ranking em nenhum dos nove fatores avaliados, mas apresentou desempenho mediano em alguns deles. Em Tecnologia e Inovação, por exemplo, realizou o quinto maior investimento em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) sobre o PIB (1,26%). O país também ocupa posição intermediária quanto à publicação de artigos científicos e técnicos em jornais de alto impacto e às exportações de alta tecnologia – uma medida de inovação nas empresas.
O Brasil obteve ainda, pela segunda edição consecutiva, redução no tempo dos procedimentos para abertura de empresa (caiu de 79,5 dias para 20,5 e, agora, para 17). Nessa edição, registrou queda, na comparação coma anterior, no custo para completar os procedimentos para abertura de empresa: representava 5% da renda per capita, caindo para 4,2%.
No cálculo final, de acordo com o estudo da CNI, a média geral do Brasil cresceu. A média das notas obtidas nos nove fatores subiu de 4,26 para 4,4, mostrando que a situação do país melhorou. No entanto, como o Brasil está distante dos países imediatamente a cima e como tais países também avançaram, a melhora da situação brasileira não foi suficiente para o país subir de posição no levantamento.
O relatório Competitividade Brasil foi publicado pela primeira vez em 2010. Houve edições posteriores em 2012, 2013, 2014, 2016, 2017-2018, 2018-2019 e, a mais recente, 2019-2020.
Segundo a CNI, o estudo tem como foco um conjunto limitado de países que, por suas características econômico-sociais e posicionamento no mercado internacional, constituem um referencial mais adequado para a avaliação do potencial competitivo das empresas brasileiras.
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Fonte: Contabilidade na TV
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