No relatório Competitividade Brasil, da CNI, a economia brasileira se destaca pela notas negativas em custo do crédito e tributação e pela grande distância em relação às notas do Chile e do México
O Brasil se saiu mal no ranking Competitividade Brasil 2019-2020, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na comparação com seus principais parceiros na América Latina (Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru). O ranking mede a competitividade brasileira em nove fatores determinantes, divididos em 25 subfatores. Frente aos países latino-americanos, o Brasil se destaca positivamente em dois dos nove fatores: Tecnologia e inovação e Estrutura produtiva, escala e concorrência.
“A análise desses fatores permite visualizar, por exemplo, em quais áreas a situação de falta de competitividade do país é mais crítica, sendo um instrumento para discutir políticas e ações para o Brasil voltar a crescer e elevar o padrão de vida da população”, explica a economista da CNI, Samantha Cunha.
O relatório mede a competitividade do Brasil em relação a outras 17 economias. No geral, os países da América Latina que constam no ranking foram mal. O melhor classificado foi o Chile, que ficou em 8º lugar, seguido do México, na 12ª posição. O Brasil aparece em 17º.
Como o Brasil se posiciona em relação aos seus principais concorrentes
Veja a posição do Brasil em relação aos seus parceiros na América Latina nos nove fatores de competitividade:
1. Trabalho
O Peru se destaca no fator Trabalho devido à oferta de trabalho, medida como a população economicamente ativa (PEA) em relação à população total – é proporcionalmente a maior dos 18 países avaliados –, e um dos mais baixos custos com mão de obra. O Brasil perde pontos pela baixa produtividade do trabalho. Apesar de se destacar no fator Trabalho, no ranking geral do Competitividade Brasil, que considera a média dos valores nos nove fatores, o Peru está em 16º lugar das 18 economias.
O Brasil aparece em último lugar no ranking do fator Financiamento por ter tirado zero no Custo do capital. Neste quesito, o Chile recebeu nota 8,33, o valor mais alto entre os latino-americanos e o quinto maior no total de 18 países. A economia chilena também está à frente das demais latino-americanas nos demais quesitos associados ao fator: desempenho do sistema financeiro (nota 5,0) e disponibilidade do capital (nota 4,78). Nesses subfatores, o Brasil obteve notas 3,75 e 2,92.
O Chile aparece na frente, seguido por Argentina e México. O fator Infraestrutura e Logística se desdobra em quatro subfatores, sendo analisado do ponto de vista de Transporte, de Telecomunicações, de Energia e de Logística Internacional. O Brasil ocupa a terceira posição em Telecomunicações e Logística Interncional. Em Transporte, o Brasil ocupa a quinta posição e em Energia a sexta.
No fator Tributação, o Chile é o melhor colocado frente aos latino-americanos e o segundo melhor colocado entre 18 economias. Enquanto o Chile conquistou nota 7,55 na qualidade do sistema tributário e 7,06 no peso dos tributos, o Brasil tirou 3,75 e 3,9. A combinação de carga tributária elevada com complexidade da legislação criou um sistema esquizofrênico, que precisa ser resolvido.
O Peru é o primeiro latino-americano no fator Ambiente Macroeconômico. O Brasil ocupa a quinta posição entre os países da região. No subfator Equilíbrio monetário, o Brasil até conseguiu uma nota alta (8,87), mas competitividade é um conceito relativo. Mesmo com nota alta está à frente apenas do México e da Argentina. Em Equilíbrio fiscal, recebeu 3,66 e ocupa a última posição. Nesses dois subfatores, o Peru ficou com 9,55 e 5,53. No terceiro subfator, Equílbrio externo, o Brasil aparece em primeiro lugar, seguido pelo Peru.
O México obtém o melhor resultado no fator Estrutura produtiva, escala e concorrência entre os latino-americanos. O Brasil se destaca com o segundo melhor resultado, devido seu desempenho no subfator Escala (onde ocupa a primeira colocação) e Estrutura produtiva (com o segundo lugar). Em Concorrência, o Brasil está na penúltima posição, entre os países latino-americanos, enquanto o México ocupa a terceira.
O Chile lidera os países latino-americanos no fator Ambiente de negócios, enquanto o Brasil se encontra na antepenúltima posição. O Brasil apresentou fraco desempenho nos subfatores burocracia (nota 4,81) e segurança jurídica (nota 5,05). Em Eficiência do Estado, o Brasil está na terceira posição (obteve nota 5,19). O Chile obteve nota 6,97 em Segurança jurídica e 7,40 em Eficiência do Estado, situando-se em primeiro lugar. Em Burocracia, obteve nota 5,87, ocupando o segundo lugar, atrás do México.
Os países da América Latina apresentaram desempenho de fraco a mediano em Educação. O Chile, que obteve a maior nota entre os países da região, ficou com 4,72 em Qualidade (primeiro lugar) e 2,57 em Gastos (terceiro). No subfator Disseminação da educação, ele está na terceira posição, com nota de 5,31. O Brasil apresentou bom desempenho em Gastos (nota 3,64, primeira posição na região), mas se encontra na penúltima posição nos subfatores de Disseminação (3,30) e Qualidade (3,01).
No fator Tecnologia e inovação, o Brasil é o primeiro colocado entre os países latino-americanos. Esse foi o melhor resultado obtido pela economia brasileira entre os nove fatores determinantes da competitividade. Os subfatores avaliados foram: despesa com pesquisa e desenvolvimento, pedido internacional de patentes, artigos científicos e técnicos e exportações de alta tecnologia.
A Agência CNI de Notícias apresenta a série Competitividade Brasil. Serão quatro matérias comparando a economia nacional com países da América Latina, BRICS, economias desenvolvidas e emergentes da Ásia. A partir da comparação mais segmentada, o leitor poderá entender quais passos serão necessários para o Brasil competir em pé de igualdade em cada uma das arenas que está competindo.
Acesse as outras reportagens da série:
08/09/2020 – Como o Brasil se posiciona em relação aos seus principais concorrentes
09/09/2020 – Brasil X BRICS
10/09/2020 – Brasil X Economias de maior PIB per capita
11/09/2020 – Brasil X Emergentes da Ásia
Por: Adriana Nicacio
Edição: Newton Palma
Vídeo: Caio Passos
Diretor de arte: Daniel Castro
Da Agência CNI de Notícias
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Fonte: Contabilidade na TV
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