Se tem uma coisa que as empresas precisaram fazer foi retirar aprendizados da pandemia. Tudo estava “aparentemente tranquilo” e de repente um problema de saúde pública global assumiu proporções gigantescas.
Estou no ambiente corporativo de “constantes riscos” há mais de 35 anos e desde 2015 à frente da MORCONE Consultoria Empresarial, atuando com empresas de diversos segmentos e de todos os portes.
Geralmente um consultor é chamado em um momento de emergência e frequentemente sou questionado: como consegue agir com tanta calma diante de acontecimentos caóticos?
Bem, esse é o requisito para quem lida com o universo corporativo, é claro que de dentro da gestão de um negócio, que já foi também o meu campo de atuação por muitos anos é diferente de uma atuação como consultor/mentor empresarial.
Na primeira situação a visão é mais limitada, já na segunda, é possível ter uma visão macro de todo o contexto interno e externo ao negócio.
Aprendizados da pandemia – adaptação e novos problemas
As empresas precisaram literalmente se reinventar e com certeza a maioria relata que mudou literalmente a rotina de um ambiente presencial para um ambiente remoto, mas tão presencial quanto.
Digitalização
Parece que finalmente compreendemos um pouco mais do que é a quebra de fronteiras proposta pelo universo digital. Quem antes não tinha como prioridade o ambiente virtual precisou aprender a viver e a conviver nesse mundo.
Reuniões passaram a ser realizadas por plataformas que antes só eram utilizadas emergencialmente como Zoom, Skype, GoogleMeets, etc.
A comunicação precisou ser muito mais digital do que antes e foi preciso para muitos negócios aprender a como falar com o seu público por meio da internet, das diferentes redes sociais.
Aprendizado sem limite de idade
Independentemente de idade, todos tivemos que aprender a lidar com as novidades, com a vida remota, com os atendimentos à distância com a complexidade de não “parecer distante” ainda que no meio virtual.
Desde as agências de comunicação até os ambientes mais burocráticos, todos tiveram que “se virar” e retirar aprendizados da pandemia.
O que é equipe?
Não foi fácil para nenhum negócio manter a equipe à distância. Foi preciso mais do que falar sobre trabalho, sobre a situação do negócio, sobre os próximos passos frente a uma economia incerta. Foi preciso falar sobre sentimentos, sobre como cada pessoa estava lidando com um universo tão diferente.
Em casa, os pais precisaram lidar com a presença dos filhos, dos familiares, com uma rotina entre trabalho e vida familiar.
E um dos aprendizados da pandemia para muitas empresas foi o de que a equipe não se faz exatamente da presença física, mas da conexão de ideias, da parceria e da noção “real” de empatia.
Crise totalmente inesperada
Diferente das estimativas de crise que temos por análises de especialistas, essa foi totalmente inesperada, e por essa razão, o caos se tornou ainda mais intenso para a maioria dos negócios.
Mas o que ficou para muitas organizações foi o aprendizado de que a adoção de metodologias ágeis é uma fundamental necessidade nesse cenário e de que pedir auxílio a especialistas é imprescindível e necessário. Esperar os problemas se agravarem nunca foi o caminho mais sábio, pelo contrário.
Não se ignora a situação financeira de um negócio
Foi com a chegada da crise que muitas empresas assumiram os problemas em sua gestão no geral, principalmente financeira. Planejamentos e planos financeiros precisaram ser urgentemente revistos.
Muitos negócios precisaram recorrer a auxílio junto a financiamento para continuarem existindo e isso poderia ser evitado se não houvesse negligência por tanto tempo a áreas cruciais do negócio como capital de giro e controladoria, por exemplo.
Empresa é sobre pessoas
Muitos negócios infelizmente precisaram cortar pessoas da equipe, muitos outros optaram por seguir sua cultura acima dos problemas decorrentes da pandemia. Acredito que aqui não caibam julgamentos, mas uma reflexão sobre o time que compõe a empresa, sobre o que se pode fazer em momentos em que se tem mais tempo para tomar decisões, que não foi bem o caso nessa pandemia.
Aprendizados da pandemia – resgate de propósitos
Muitas empresas com essa crise precisaram se fazer muitos questionamentos, dentre eles, por que existo? Qual a minha missão e o meu verdadeiro propósito aqui?
Posso mencionar o resgate de propósitos como um dos mais importantes aprendizados da pandemia. Ouvi de muitos gestores: e agora, Carlos? Essa era uma pergunta ou uma tentativa de me questionar sobre o real propósito do negócio diante da crise.
Houve muitas perdas no ambiente corporativo nessa pandemia, sem dúvidas, mas vejo muito mais ganhos apesar do caos. Muitas organizações se reinventaram, se reergueram, se redescobriram, passaram a enxergar ainda mais o valor das pessoas em seu negócio e isso a meu ver é mais valioso do que vencer a crise em si.
Em breve trarei algumas estimativas sobre ações para 2021, porque ainda estamos na pandemia, diferentes é verdade, mas ainda precisamos aprender mais.
Por Carlos Moreira – Há mais de 35 anos atuando em diversas empresas nacionais e multinacionais como Manager, CEO (Diretor Presidente), CFO (Diretor Financeiro e Controladoria) e CCO (Diretor Comercial e de Marketing).
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Fonte: Jornal Contábil
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