Por Lorena Molter
Comunicação CFC/Apex
Elas têm a nobre missão de formar, de educar e de contribuir para a construção e o desenvolvimento da contabilidade no Brasil. Elas ajudam homens e mulheres a darem os primeiros passos na profissão contábil e os preparam para atuar na assessoria a empresários e no suporte à economia brasileira. Elas venceram barreiras, ainda existentes na sociedade, e hoje ocupam espaços intelectualizados, servindo de força e de exemplo para outras mulheres. Elas são as professoras do curso de Ciências Contábeis.
A adjunta do Departamento de Ciências Contábeis do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da Universidade Federal do Espírito Santo (CCJE/UFES), professora doutora Rosimeire Pimentel Gonzaga, fala sobre a caminhada da mulher até a universidade e os ganhos da presença feminina nesse espaço. “No passado, as mulheres eram treinadas para a realização de atividades domésticas e a criação dos filhos, sendo que o meio acadêmico era destinado apenas aos homens. Atualmente, com o crescimento da presença destas no meio acadêmico, podemos observar ganhos como diversidade de ideias, além do profissionalismo feminino nas áreas de ensino, pesquisa e extensão. Além disso, essa diversidade de ideias possibilita um debate mais amplo sobre relações de gênero comuns em nossa sociedade”, destaca.
A contabilidade possui vários exemplos de mulheres empreendedoras e que se destacam no mercado de trabalho. No Sistema CFC/CRCs, por exemplo, há hoje dez contadoras como presidentes dos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs). Essas lideranças estão à frente dos conselhos do Amapá, do Amazonas, do Espírito Santo, do Mato Grosso do Sul, de Minas Gerais, de Pernambuco, do Piauí, do Rio Grande do Sul, de Roraima e de Santa Catarina. Já, no Conselho Federal de Contabilidade (CFC), atualmente, são três vice-presidentes mulheres: as contadoras Lucélia Lecheta, Sandra Maria Campos e Vitória Maria da Silva. No campo internacional, destaca-se o nome da presidente da Associação Interamericana de Contabilidade (AIC), a contadora Maria Clara Cavalcante Bugarin, que, ao longo de sua carreira, foi pioneira na presidência de diferentes organizações contábeis.
Na história da contabilidade, também estão as professoras universitárias, mulheres que, com suas atividades de pesquisa, de extensão e de ensino, fortalecem a profissão a cada dia e entregam ao mercado de trabalho profissionais preparados. Uma prova disso foi a constatação da essencialidade dos contadores no enfrentamento aos impactos econômicos e sociais gerados pela pandemia do novo coronavírus. Esses homens e mulheres que atuaram e ainda exercem atividades, incansavelmente, no atual cenário provocado pela Covid-19, tiveram, em algum momento de sua formação, aulas com mulheres.
Os avanços sociais abriram novos espaços para as contadoras mostrarem sua contribuição e sua capacidade nos meios acadêmicos. “As mulheres vêm dividindo o protagonismo e a responsabilidade pela docência e pela pesquisa com os homens. Estão presentes em igualdade de condições, com representatividade garantida e destaque”, afirma a coordenadora do Conselho Editorial da Revista Brasileira de Contabilidade (RBC) e professora doutora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Jacqueline Veneroso Alves da Cunha.
A coordenadora dos cursos de Ciências Contábeis e Administração da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) e conselheira do CFC, professora mestre Marisa Luciana Schvabe de Morais, explica essa ampliação no número de mulheres na universidade e na docência. “No âmbito das Ciências Contábeis, a mulher tem ocupado, de forma muito efetiva e competente, os seus mais variados espaços. No meio acadêmico, felizmente, não tem sido diferente. Seja pela oferta de programas de stricto sensu que vem se ampliando no país e tem possibilitado uma capacitação mais especializada das profissionais de contabilidade para o exercício da docência, seja pelo ingresso expressivo de mulheres nos cursos de graduação (segundo o Censo de Educação Superior de 2017, eram mais de 206 mil mulheres, representando quase 57% do total de matrículas.)”, aponta.
Mulheres que inspiram
A presença de mulheres nesses espaços intelectuais gera grandes impactos sociais. Isso porque, além de abrirem caminhos para as futuras gerações de meninas, esse grupo serve de exemplo e mostra que todos têm competência para estarem onde desejarem, seja na academia, seja empreendendo ou ocupando outros locais de destaque na profissão. “A presença das mulheres nos meios considerados mais intelectualizados (nas universidades, nas academias de contabilidade, nos conselhos de classe, por exemplo) pode – e creio firmemente que isso ocorra – ‘inspirar’ outras gerações no sentido de buscarem também seus espaços e terem o seu merecido reconhecimento como profissionais”, ressalta a professora mestre Marisa Luciana de Morais. E completa: “Penso que, ao desempenharem seus papéis como professoras, pesquisadoras, membros de uma academia ou como presidentes ou vice-presidentes de um conselho de classe, e considerando a relevância dessas posições/funções, será dada a devida visibilidade a essas tantas possibilidades de atuação para as gerações que virão”.
A professora doutora Jacqueline Veneroso da Cunha também fala sobre como uma mulher pode inspirar outras. “Sou defensora da educação pelo exemplo. Alguém que se torna atuante, reconhecido e respeitado mostra aos outros que é possível. E estimula outros a seguirem o mesmo caminho. E, no meio acadêmico contábil, o que não faltam são exemplos de mulheres atuantes, competentes e respeitadas”, diz.
Avanços da contabilidade no Brasil
Ao longo dos anos, a profissão contábil teve grande desenvolvimento no país. Universidade, organizações de classe e mercado de trabalho atuaram juntos buscando aprimorar a formação, as normas e a realização das atividades da contabilidade. Em todos esses processos as mulheres, de todo o Brasil, estiveram e estão presentes, contribuindo com seus conhecimentos e ajudando nos avanços das Ciências Contábeis no país.
Jacqueline Cunha cita as mudanças acadêmicas, das quais professoras participaram ativamente, que contribuíram para a evolução do curso de Ciências Contábeis nos últimos anos. “Gostaria de destacar dois avanços que, na minha percepção, foram determinantes. O primeiro deles foi a inserção de disciplinas com abordagens diferenciadas nas matrizes curriculares dos cursos de graduação em Ciências Contábeis. Isso permite ao graduado ter acesso a uma visão mais generalista e mais voltada para a análise e a gestão. O segundo destaque, que é fruto da expansão da pós-graduação stricto sensu em Contabilidade no Brasil, vai para a melhoria na qualificação docente. A formação de mestres e doutores e sua alocação nas academias é, certamente, um dos motivos de maior impacto na qualidade dos cursos. Principalmente, por aliar a pesquisa ao ensino e à capacitação profissional”, esclarece.
No âmbito do ensino superior, Marisa Luciana de Morais aponta o aumento no número de estudantes de contabilidade nos últimos dez anos. “Os avanços são bastante relevantes. A começar pelo volume de oferta de cursos bacharelados: são aproximadamente 1.500 cursos de graduação distribuídos por todas as regiões do país, assim como pelo número muito significativo de matriculados nesses cursos. Segundo o Censo de Educação Superior de 2019, eram mais de 358 mil estudantes, que colocam, inclusive, o curso de Ciências Contábeis na condição de quarto maior em número de matrículas e representa um aumento de 52% somente na última década. A contribuição das mulheres está exatamente no fato de que esses resultados têm parcela mais significativa nesses números quando analisado o gênero”, conclui.
Já a professora doutora Rosimeire Gonzaga lembra as mudanças e os avanços na contabilidade brasileira e a participação da academia na construção dessa nova realidade. “As Leis nº 11.638/2007 e nº 11.941/2009 contribuíram para a alteração do perfil do contador no Brasil e, além da legislação societária, começaram a vigorar os pronunciamentos contábeis estabelecidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Essas alterações demandaram mudanças e, portanto, trouxeram uma série de avanços no curso de Ciências Contábeis nos recentes anos. As mulheres inseridas na academia participaram ativamente desse processo, tanto nos grupos de trabalhos para a definição dos pronunciamentos emitidos pelo CPC, como na transmissão dos conhecimentos envolvidos nesses avanços aos discentes”, explica.
Fonte: Contábeis
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