Impacto de lockdowns sobre a circulação foram menores do que no ano passado, e analistas revisam para cima projeções para crescimento da economia

Depois de uma onda de pessimismo que veio junto com o aumento recorde nos casos e mortes por coronavírus no país, nos primeiros meses deste ano, bancos, corretoras, consultorias e casas de análises do mercado financeiro começam agora a revisar seu posicionamento e a estimar uma economia melhor do que acreditavam que 2021 seria capaz de entregar.  

Muitos que, antes, falavam na possibilidade até de uma nova recessão no primeiro semestre, já começam a tirar do negativo as projeções de PIB para o primeiro e o segundo trimestre, enquanto os números para o ano completo são também revisados para um resultado mais forte. Se, até um mês atrás, a maior parte das estimativas falava em uma economia rastejante, que cresceria de 2% a 3% em 2021, no máximo, agora já há muitos falando em um crescimento que pode até passar dos 4%. 

Por trás da trégua, está uma leva de quarentenas que saíram com efeitos menores sobre a atividade do que as do ano passado, resultados prévios de setores como indústria e comércio que foram melhores do que o esperado, e também uma injeção bilionária de recursos que está entrando no país via setor agrícola e exportações de commodities, os produtos básicos cujos preços no mercado internacional não param de subir. 

O banco Credit Suisse, por exemplo, já fala em um crescimento de 4% para este ano, aumentado de uma projeção anterior que era de 3,6%. “Dados econômicos suaves em abril já reforçam um cenário positivo para a economia, com apenas um leve impacto do endurecimento das medidas de distanciamento social adotadas ao longo do mês”, escreveu a equipe econômica do banco em um relatório recente a clientes.

Na XP Investimentos, a revisão foi de 3,2% para 4,2%, por conta de “um ambiente externo [que] voltou a ficar positivo para as economias emergentes”, com os juros globais baixos e as commodities em alta, e de uma economia doméstica resiliente mesmo “em meio à piora da pandemia e à redução da atividade”, de acordo com relatório do economista-chefe do grupo, Caio Megale

Na média do mercado financeiro, acompanhada semanalmente pelo Banco Central por meio do Boletim Focus, as previsões para o PIB para 2021 vêm crescendo há 4 semanas seguidas e estão hoje em 3,45%. Há um mês, este número estava em 3%. 

Isolamento mais frouxo, economia melhor

“Quase tudo no primeiro trimestre foi mais forte do que o esperado”, disse ao CNN Brasil Business Alberto Ramos, diretor do grupo de pesquisas econômicas para América Latina do Goldman Sachs. “Houve a própria população, que não colaborou muito com as novas restrições, o que, embora aumente o risco à saúde, melhorou a atividade.”

O banco de investimentos está hoje com uma das projeções de crescimento mais altas do mercado, de 4,5% para 2021. A estimativa anterior da equipe era de 4,1%. “E há grande chance de que esse número fiquei ainda maior”, de acordo com Ramos.

Na semana passada, o IBC-Br, dado do Banco Central que calcula a atividade mensal e serve de prévia para o PIB, mostrou uma queda bem mais amena do que se esperava para março, quando cidades do país inteiro voltaram a fechar comércios e serviços em meio ao aumento de casos e hospitais no limite. Para o trimestre, o indicador apontou um crescimento de 2,3%. 

“As restrições deste ano tiveram um impacto menor sobre a economia e a circulação do que o que vimos no segundo trimestre do ano passado”, disse a economista da equipe de análises do Itaú Unibanco Júlia Gottilieb. 

“As pessoas aprenderam a conviver com as restrições à mobilidade. As fábricas não fecharam, como da outra vez. Temos home office, deliveries e um monte de coisas que, no segundo trimestre do ano passado, eram ainda novidade e não sabíamos muito bem ainda como lidar.”

Entre abril e junho do ano passado, primeiro trimestre completo atingido pela pandemia, a economia praticamente parou, no Brasil e no mundo, e o PIB, numa queda histórica, despencou mais de 9% de uma vez

O PIB do primeiro trimestre deste ano deve ser divulgado pelo IBGE no dia 1º de junho. O do segundo trimestre sai em 1º de setembro.


Fonte: SIte da CNN

Fonte: Classe Contabil
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