Por Francisco Sant’Anna – auditor independente e presidente do Conselho de Administração do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – Ibracon.

Os contadores profissionais sempre precisaram ter conhecimento profundo das normas éticas e profissionais e das estruturas regulatórias existentes, bem como atualizar e desenvolver regularmente seu conjunto de habilidades para atender às mudanças dinâmicas do mercado e às transformações no mundo todo.

Agora, a necessidade é talvez ainda maior no ambiente atual de transações complexas e novas tecnologias. Uma visão mais abrangente dos negócios, incluindo não apenas questões contábeis, mas também medidas e informações sobre assuntos ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês) está em alta.

Neste contexto, vale destacar o desenvolvimento de um Conselho de Normas Internacionais de Sustentabilidade (International Sustainability Standards Board), sob a coordenação da Fundação IFRS, com o apoio da IFAC e outras instituições globais. Isso garantirá que haja um padrão mundial de excelência em relatórios corporativos, baseado em experiências com os modelos existentes, e deverá melhorar significativamente a qualidade das informações neste campo.

As demandas por informações não financeiras são cada vez maiores, uma vez que, atualmente, na visão dos investidores e usuários de relatórios corporativos, as informações contidas nos relatórios corporativos não são mais suficientes para demonstrar que uma empresa é lucrativa se também não tiver um impacto positivo sobre a população, a comunidade e o meio ambiente. Além disso, os valores e missões de muitas empresas estão ligados a questões não financeiras, como compromissos sociais e climáticos. Esses são aspectos adicionais e sensíveis para entender e aceitar como os valores de uma entidade são criados e mantidos.

Portanto, a qualidade das informações fornecidas a vários usuários de relatórios corporativos é essencial para apoiar a eficiência do mercado de capitais. Como resultado, os investidores de hoje e outros usuários de demonstrações corporativos exigem informações ESG cada vez mais confiáveis e comparáveis. A progressão e padronização global das informações contábeis nessa área, por sua vez, só aumentará a relevância e a contribuição dos contadores profissionais. 

Esse é o motivo pelo qual nós, contadores e auditores profissionais, devemos apoiar a Fundação IFRS em seu objetivo de estabelecer um Conselho de Normas Internacionais de Sustentabilidade. Já somos parte essencial do mercado financeiro – fornecendo opiniões imparciais sobre a confiabilidade das divulgações das empresas. É natural que nossa participação se estenda com mais ênfase nos mais altos poderes de decisão públicos e privados – nos poderes executivo e legislativo federal, estadual e municipal e nos conselhos de administração das empresas. O conhecimento especializado e a atuação dos contadores profissionais, norteados pelo ceticismo profissional, proporcionam um retorno significativo à sociedade, tendo em vista que nosso trabalho visa atender ao interesse público.

Há espaço para contadores profissionais mais proativos no universo de tomada de decisões. No entanto, esse progresso apenas será possível quando assumirmos nossa responsabilidade de sermos ambiciosos e focados no futuro. Nesse sentido, cabe a nós buscarmos essas posições.

Agora não é o momento de nos resignar a atuar como contadores tradicionais, mas de entender nossa responsabilidade como agentes de mudança e aproveitar novas oportunidades que farão a diferença. O mundo está passando por mudanças e desafios profundos. Devemos cada vez mais participar de conversas mais diversas e precisamos de outros profissionais para fazer avançar essas mudanças e aproveitar as oportunidades à nossa frente.

Avante!

Fonte: Contábeis
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