No mês de janeiro, os saques de dinheiro da poupança superaram os valores em R$ 19,67 bilhões, maior retirada mensal desde o ano de 1995. O valor superou o recorde anterior do primeiro mês de 2021 de 18,154 bilhões. Durante o ano de 2021, a poupança teve ainda o pior desempenho no ano da história, com saques no valor de R$ 34.497 bilhões.
Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, o fluxo negativo já é comum nos meses de janeiro por conta das despesas de IPTU e escolares. Mas a magnitude, de acordo com ele, também ganha atenção especial por conta do comparativo histórico.
“Houve um acúmulo de poupança muito grande, influenciado pelos pagamentos de auxílio emergencial e menores gastos em serviços por conta do isolamento social. É o mesmo exato fenômeno que ocorre nos EUA em que há um excesso de recursos líquidos parados nas contas dos bancos. Conforme os auxílios diminuem e a mobilidade aumenta, é natural vermos um destino para o consumo desses recursos parados na poupança“, explica.
Leandro Cabral, especialista em educação financeira e fundador da escola de investimentos 500 Pratas, acredita que um outro motivo para a grande retirada da poupança é que finalmente o brasileiro está percebendo que existem diversas opções de investimentos seguras que rendem mais que a caderneta.
“Existem opções tão seguras quanto, com liquidez, com a mesma facilidade e que apresenta melhor rendimento. Um CDB de liquidez diária rendendo 100% do CDI, por exemplo. Também não podemos deixar de citar que a inflação e o índice desemprego estão em patamares bem elevados. A inflação fechou acima de 10% em 2021 e o desemprego chegou perto de 15% no ano passado. Na prática, temos pessoas sem salário e tudo mais caro. A saída, para aqueles que têm dinheiro lá, acaba sendo resgatar o dinheiro”, diz.
A inflação em alta também tem prejudicado os rendimentos, segundo Jansen Costa,sócio-fundador da Fatorial Investimentos: “A caderneta de poupança continua como uma rentabilidade baixa. Continua sendo pouco atrativa, mesmo sendo isenta de imposto, já que o IPCA subiu muito nos últimos meses. Basicamente nós temos uma rentabilidade real negativa”.
Para Leandro, uma boa opção para quem está saindo da poupança e procurando melhores rendimentos é investir no título do Tesouro Selic ou até mesmo em títulos pré-fixados do Tesouro em que é possível obter boas taxas de rendimento. “Além disso, temos os CDBs de bancos com rendimentos de pelo menos 100% do CDI sem contar bancos que rendem só deixando o dinheiro parado na conta, como o Nubank, por exemplo, que já rende 100% do CDI”, comenta Leandro.
Segundo Beck, separar os recursos numa outra caixinha mental também ajuda a enxergar o dinheiro com diferentes destinos. “O investidor pode optar por um banco para as transações do dia a dia e outra instituição como uma plataforma de investimentos para seus investimentos de longo prazo. O ideal é começar com os
dias, por exemplo. São opções sem oscilação e sem sustos que vão agregar uma rentabilidade adicional. Os títulos públicos, principalmente o Tesouro Selic, também são boas opções com maior liquidez encontradas nessas mesmas plataformas”, afirma.
Além de ir para renda fixa, outra forma de receber rendimentos é por meio de dividendos. Rob Correa, analista de investimentos CNPI, aconselha quem está começando a se dedicar à estratégia de aportes mensais, que permite construir a carteira gradativamente sem a necessidade de colocar um grande capital de uma só vez.
“O investidor vai pegar o primeiro rendimento em dividendos e somar com o aporte do próximo mês, construindo aquela bola de neve. No começo, vai receber pouco mesmo, porque investe pouco e recebe pouco. Com o passar do tempo você vai aumentando seu patrimônio. Um lado bom dessas empresas pagadoras de dividendos é que elas têm maior previsibilidade, maior estabilidade. Então não muda muito de um ano pro outro, geralmente, elas costumam entregar resultados mais perenes”, explica o analista.
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Fonte: Jornal Contábil
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