A cotação desta segunda foi a menor desde 29 de julho de 2021 (R$ 5,0795). Com isso, a moeda passou a acumular queda de 3,74% no mês e de 8,39% no ano. O relatório Focus, divulgado também na segunda, apontou que a estimativa de câmbio passou de R$ 5,58 para R$ 5,50 ante R$ 5,60 de quatro semanas atrás.
Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, o Brasil vivenciou o maior ciclo de alta de taxa de juros da história. “É uma das maiores altas globais. O diferencial de juros deixou o país muito atrativo. Isso se soma aos dados fiscais recentes de arrecadação e balança comercial. E ainda um discurso moderado do candidato Lula”, diz Beck.
De acordo com o economista, as commodities continuam o ciclo de valorização puxado agora pelo crescimento global e estímulos chineses: “É um fator positivo e contribui para mais superávits comerciais, melhorando nosso perfil de dívida”.
Outro fator que motiva o dólar em queda é, de acordo com Leonardo Fittipaldi, especialista em educação financeira e fundador da Fitti Investimentos, a visão de que a B3 (Bolsa brasil) estaria mais barata/descontada do que o normal, já que ano passado tivemos grandes correções. Além disso, a elevação de juros nos EUA pode causar impacto.
“Se os juros americanos subirem como o previsto, a diferença entre a Selic e juros EUA será menor, o que pode fazer os investidores estrangeiros pensarem duas vezes antes de colocar o dólar no Brasil e correr mais risco. Quanto menor for essa diferença entre as taxas de juros, mais ele irá preferir deixar o dinheiro no próprio país. Então poderíamos ver o dólar mais caro por aqui, já que a oferta no Brasil iria diminuir”, diz Fittipaldi.
Alexsandro Nishimura, economista, head de conteúdo e sócio da BRA acredita que a moeda brasileira se beneficia do contínuo fluxo de capital externo: “Esse capital atraído pela expectativa de oportunidades com novas altas da Selic, além do direcionamento para a bolsa brasileira, em que os investidores estrangeiros mantêm uma sequência de mais de 40 pregões consecutivos de saldo comprador têm influenciado na queda do dólar“.
Segundo Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, a subida de juros nos EUA também fez com que muitos investidores se atentassem à possibilidade de dolarizar a carteira para ter ganhos maiores com essa alta: “Ninguém sabe qual é o futuro do dólar. Não há momento ideal para começar a investir fora do Brasil”, diz.
Assim, para ele, a maneira mais inteligente de diversificar a carteira é tratar investimentos do Brasil no Brasil e investimentos do exterior no exterior. “Basicamente, você vai tratar em duas moedas diferentes e não vai ter o efeito do câmbio, ou seja, se você tem dinheiro aqui e aplica lá fora que rende 10% ao ano e o dólar cai 10% ao ano, a aplicação vai ter rendimento zero. Por outro lado, se você tivesse mandado dinheiro para o exterior e contasse com a valorização, teria o montante em dólar e saberia quanto ganhou com muito mais facilidade”, afirma Costa.
Rob Correa, analista de investimentos CNPI e autor do livro “Guia do Investidor de Sucesso no Longo Prazo”, comprar o dólar em papel e segurar não é uma boa estratégia, porque ele acaba perdendo poder de compra devido à inflação.
“Quando o investidor compra ações da Apple (NASDAQ: AAPL), Coca Cola (NYSE: KO) ou Nike (NYSE: NKE), ele está aproveitando a robustez e solidez de negócios lucrativos, com vantagens competitivas e um histórico de excelentes resultados. E, claro, tudo isso em dólares”, afirma.
Segundo Correa, uma ótima maneira de investir no exterior sem precisar acompanhar o dia a dia do mercado e muito menos analisar os balanços das empresas é por meio de ETFs.
“Para os investidores que não desejam escolher ativos individuais, uma boa pedida são as ETFs do S&P 500, que é o ‘Índice Ibovespa’ americano. As melhores ETFs do S&P 500 são Vanguard S&P 500 ETF (VOO), iShares Core S&P 500 ETF (IVV) e SPDR S&P 500 ETF Trust (SPY). Quando o investidor compra uma cota de qualquer uma dessas três ETFs, automaticamente ele está investindo nas 500 maiores empresas da bolsa americana”, diz.
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Fonte: Jornal Contábil
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