Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Com as eleições de outubro se aproximando, as negociações entre partidos dos candidatos à Presidência da República começam a se intensificar. A desistência de Moro – que até então figurava em terceiro lugar nas pesquisas; a falta de definição de um candidato do Centrão; e a federação partidária entre Rede e PSOL, que acaba de declarar que irá apoiar o ex-presidente Lula (PT) – são algumas das reviravoltas recentes. 

 

Os dois candidatos que melhor figuram nas pesquisas são os únicos que já sinalizaram quem serão seus vices. Se no passado houve a percepção de que o cargo seria uma formalidade, nas eleições deste ano – e após a sucessão de Dilma por Temer por conta do impeachment – o candidato à vice terá uma posição fundamental na busca por votos.

 

O exemplo mais evidente entre os atuais presidenciáveis é o caso de Lula, que irá delegar a função ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB). A aproximação, claro, confundiu e incomodou bastante o eleitorado mais à esquerda. O objetivo de conquistar alianças e apoiadores em São Paulo parece ser evidente, principalmente, em uma localidade em que o PT não é popular. O estado de São Paulo tem cerca de 33 milhões de eleitores e é o maior colégio eleitoral do país.

 

Todos os demais partidos alinhados à esquerda já declararam apoio a Lula, como o PCdoB e o PSOL, ou lançaram candidatos sem relevância eleitoral expressiva, como Sofia Manzano (PCB) e Leonardo Péricles (UP). 

 

No caso de Jair Bolsonaro (PL), que se candidata à reeleição, seu principal objetivo na busca de um novo vice-presidente – já que, ao que tudo indica, deve romper com Hamilton Mourão (Republicanos) – é alguém que não destoe de sua agenda pessoal e que não entre em rota de colisão com os interesses do atual chefe do Executivo. “Um cara que não tenha ambição pela cadeira [de presidente]”, afirmou Bolsonaro sobre a escolha de com quem irá compor  a chapa da próxima disputa. No momento, o nome mais cotado é o do general Walter Souza Braga Netto (sem partido), que deve manter relações menos turbulentas com as pretensões bolsonaristas. 

 

Terceira Via?

 

Entre todos os outros pré-candidatos e nomes cotados à disputa presidencial, o único que já realizou algum movimento significativo em direção à escolha de um vice foi Ciro Gomes. Seguindo lógica semelhante à de Lula, houveram recorrentes acenos ao apresentador José Luiz Datena (PSC) que, no entanto, deve ser candidato ao senado. O atual terceiro colocado nas pesquisas afirmou que só deve confirmar em julho quem ocupará a posição de candidato a vice-presidente na chapa pedetista, mas tudo indica que se tratará de um nome que sinalize uma aproximação de Ciro ao centro e à direita, tentando se consolidar enquanto alternativa aos dois principais concorrentes.

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Fonte: Jornal Contábil
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