As criptomoedas são um assunto constante na imprensa e nas redes sociais, seja pelo sobe e desce das cotações, pelas tentativas de regulamentação pelos governos e pelos comentários de entusiastas como Elon Musk. Mas apesar de estar em alta, o tema ainda gera muitas dúvidas, em especial sobre a definição desse tipo de ativo, não raro usado como sinônimo de moeda digital. É preciso ter em mente, contudo, que ainda que toda criptomoeda seja uma moeda digital, o contrário não é verdadeiro.
As criptomoedas, que têm no bitcoin seu representante mais famoso, são moedas digitais baseadas em criptografia. De forma resumida, trata-se de uma tecnologia de segurança que codifica a informação na origem para que ela seja “desembaralhada” na outra ponta. Isso ocorre para que um terceiro, no caso de interceptação, não tenha acesso ao conteúdo enviado.
Pelo fato de as criptomoedas serem descentralizadas – isto é, não existe uma autoridade específica para criá-las, emiti-las e controlá-las –, suas transações são registradas em blockchain, rede aberta onde os ativos são negociados e que funciona como uma espécie de livro contábil, reforçando a segurança das operações. As informações são armazenadas em blocos, sucedidos constantemente por novos blocos de transações que se ligam ao anterior.
“Há alguns anos, tínhamos que nos comunicar por cartas e dependíamos de terceiros para que isso acontecesse. Com o avanço da tecnologia, passamos a conversar com pessoas do outro lado do mundo de forma instantânea. Se antes precisávamos de um disquete para compartilhar arquivos, hoje está tudo na nuvem. Seguimos a mesma tendência em relação ao dinheiro”, comenta Thiago Mozzatto, diretor de operações e fundador da Beplix, empresa que oferece serviço de conta digital multimoedas que integra criptomoedas a serviços financeiros do dia a dia.
As moedas digitais, por sua vez, referem-se a qualquer moeda eletrônica. Ao usar uma carteira online para fazer um pagamento, por exemplo, o consumidor está utilizando uma moeda digital. Além disso, ao contrário do que ocorre com as criptomoedas, as moedas digitais estão sob o controle de instituições reconhecidas pelos governos, como os bancos centrais, o que significa que sua emissão é centralizada. São as normas dessas instituições que irão estabelecer a precificação das moedas digitais – para as criptomoedas, é o próprio mercado que define o preço, de acordo com a demanda.
Real digital – Desde 2020 o Banco Central (BC) do Brasil vem estudando a emissão do real digital – as moedas digitais reguladas por bancos centrais são chamadas de CBDC (Central Bank Digital Currency ou, em português, Moeda Digital de Banco Central) –, mas ainda não há prazo para o seu lançamento. Segundo o BC, as CBDCs teriam potencial para melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de varejo e promover a competição e a inclusão financeira da população ainda inadequadamente atendida por serviços bancários.
“A tendência é que as pessoas possam ir se acostumando e incorporando essa modalidade de pagamento no seu dia a dia aos poucos. De qualquer forma, o dinheiro físico não deixará de existir, pelo menos por uns bons anos, e a mudança até a digitalização completa deverá ser gradual”, pontua Mozzatto.
Na China, o yuan digital ainda está em fase de testes, com cerca de US$ 12 bilhões negociados apenas nos primeiros cinco meses de 2022, de acordo com a Xinhua, agência de notícias oficial do governo chinês. Japão e Estados Unidos também estão entre os países que estudam a adoção de CBDCs e as Bahamas foram a primeira nação a lançar oficialmente uma moeda digital, em outubro de 2020, o Sand Dollar.
Fonte: Jornal Contábil
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