Já parou pra pensar por que o Brasil possui tão poucas marcas internacionais? Um país de dimensões continentais, com a quinta maior população do mundo, praticamente não tem relevância no cenário das marcas globais. Com algumas poucas exceções de companhias que consolidaram seus nomes mundialmente, o país possui presença ínfima no exterior nesse quesito.
Exportamos muitos produtos para o mundo – somos o 25º maior exportador de mercadorias -, é verdade, mas a pauta de exportações do Brasil se concentra em produtos primários, matérias primas, alimentos e minérios. Ou seja, commodities. Produtos que simplesmente não têm marca.
Não ter marca significa não ter valor agregado. Significa que alguém vai pegar esse produto, processá-lo, transformá-lo, empacotá-lo e aplicar nele uma outra marca que agrega valor. E essa acaba sendo a diferença entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento.
O Brasil precisa reverter essa vocação e aumentar exponencialmente a quantidade de produtos com marca e valor agregado na sua pauta de exportação. É isso que pode trazer mais divisas e desenvolvimento econômico, tecnológico e social.
Uma iniciativa muito interessante, que aponta para esse caminho da internacionalização de marcas brasileiras é o Programa de Qualificação para Exportação (Peiex), criado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). O objetivo dele é estimular a cultura exportadora e oferecer capacitação para empresas, de todos os portes e segmentos, para poderem competir no mercado internacional, exportando seus produtos e serviços para diversos países do mundo onde as oportunidades se apresentam.
O programa visa introduzir melhorias no gerenciamento, apresentar novas tecnologias, preparar as empresas para a inovação e ampliar o conhecimento e o acesso ao que existe disponível no mercado sobre apoio à internacionalização de marcas. De 2017 a 2021, 5.270 empresas foram qualificadas, sendo 73,17% micro e pequenas empresas. O Peiex está presente nos 26 estados da federação e no Distrito Federal.
Um bom jeito de começar, mas o Brasil precisa ir além, para dar um salto qualitativo da sua pauta de exportação, saindo da dependência das commodities. É preciso uma ação mais ampla, com estratégias de longo prazo. Para criar marcas brasileiras globais de verdade e levar o nome do país a outro patamar, alcançando todos os cantos do mundo.
Por D.J. Castro – especialista em marketing e branding
Fonte: Jornal Contábil
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