Pedir demissão é sempre um momento delicado na carreira de um profissional. É natural que em algum momento da trajetória apareça uma proposta melhor ou que a insatisfação seja a mola propulsora para o profissional buscar novas oportunidades de trabalho.
Mas, é também igualmente importante saber fechar o ciclo de modo a deixar as portas abertas, afinal continuam valendo as velhas máximas: o mercado se fala e o mundo dá voltas.
veja as regras para pedir demissão sem se queimar na empresa, ou seja, como sair e deixar as portas abertas. Confira os 12 tópicos abordados por eles:
1 Reflita bem antes de tomar a decisão
Na opinião, de Sueli Aznar, consultora de Carreira da Right Management, o primeiro passo é refletir bem. “Não tome a decisão por impulso, por estar aborrecido com um fato isolado ou com o chefe atual. Se sua atual empresa é interessante, uma situação insatisfatória pontual pode melhorar em breve”, diz Sueli.
2 Chefe direto deve ser a primeira pessoa a ser comunicada
Nesse ponto, a visão os especialistas é a mesma. Nada de ficar falando pelos corredores que vai sair, nem tirar tudo que é seu do escritório antes de comunicar o seu chefe direto.
“A partir do momento em que tomou a decisão, o profissional deve conversar com o chefe”, diz Michele. De acordo com ela, vale até dizer ao chefe que ainda está dúvida, caso ainda não tomado a decisão final. “É importante ter o chefe como um aliado”, explica.
A questão de ‘queimar-se’ com a empresa acontece, segundo Sueli, quando a liderança é surpreendida com a notícia bombástica da saída “irreversível” em um momento crítico.
3 Chame o chefe para conversar e seja prático
“Escolha o momento certo para falar com ele e não deixe para conversar na última hora”, diz Sueli. Não vale pegar o chefe no corredor ou tocar no assunto no espaço do café.
“A pessoa tem que ser prática e objetiva, pedir licença, entrar na sala do chefe e dizer que tomou a decisão”, diz Ferreira. Para ele, o profissional deve evitar criar expectativa em torno da conversa.
Já, Michele considera que, caso seja necessário, vale agendar um horário, sim, para tratar do assunto. “Ele pode pedir para conversar meia hora com chefe, verificar quando ele pode e escolher um lugar calmo e reservado para ter a conversa”, indica.
“É importante registrar seu pedido de demissão em uma carta. Seja breve. Não é necessário escrever os motivos da decisão”, lembra Sueli.
4 Diga seus motivos para o chefe
Proposta vantajosa, insatisfação com os rumos da trajetória na empresa, mudança de carreira? Seja transparente e direto, indicam os especialistas. “A sinceridade é importante até porque o chefe, muitas vezes, pode esclarecer alguns aspectos de uma visão meio míope que o profissional pode ter”, diz Michele.
Demonstre que a opinião do chefe é importante para você. “Ele pode dizer que tomou a decisão e quer pedir desligamento porque é extremamente interessante a oferta que recebeu , que tem consciência da escolha, que já avaliou mas que quer dividir com ele e saber a sua opinião”, diz Ferreira, da 4hunter.
Conte para onde vai e quais pontos influenciaram na avaliação que o levou a pedir demissão. Mas, diz Sueli, caso uma briga com ele, tenha motivado a sua saída, não é hora de “lavar a roupa suja”. “Nesse caso, trate da sua saída e não volte ao tema da briga”, diz.
5 Esteja aberto a uma contraproposta
Muitas vezes, o pedido de demissão é seguido de uma contraproposta por parte do chefe. Aumento de salário, promoção, novos projetos. Esteja aberto para ouvir o que a empresa pode oferecer para evitar a sua saída.
Mas não se apresse em responder se aceita ou se vai sair mesmo assim. “É claro que o profissional não deve levar uma semana para responder, mas não deve responder na mesma hora e pode pedir um tempo para analisar”, diz a especialista.
6 Verifique tempo necessário até a sua saída
Esta é, sem dúvida, uma das negociações mais difíceis. De um lado, o novo empregador querendo que você comece o quanto antes. Do outro, a necessidade de fechar o ciclo na empresa atual e transmitir sua rotina e seus projetos para algum colega de trabalho ou o seu substituto.
Durante a conversa com o chefe, diz Ferreira, verifique quanto tempo a empresa vai precisar de você. “Pergunte ao chefe o que ele precisa para que você não o deixe na mão”, indica.
Dependendo do cargo, o tempo pode ser maior ou menor. Cargos executivos geralmente pedem um tempo de transição maior. “No caso de gerência ou diretoria executiva, de 10 a 20 dias é um tempo razoável para fazer o processo de passagem”, diz Michele. Para funções mais operacionais, uma semana deve ser o suficiente.
7 Combine o prazo com seu novo empregador
Sabendo de quanto tempo você precisará ficar na empresa, é hora de bater o martelo com o novo empregador. Não caia na famosa pressão: “preciso que você comece amanhã”. Geralmente, dizem os especialistas, o novo empregador entende que é preciso fazer uma transição e que ela demanda tempo.
“O novo empregador geralmente recebe bem porque percebe que você tem consideração com a empresa”, diz Sueli. Mas se a pressão continuar, diz Ferreira, diga que a mesma consideração que você está tendo com a atual empresa você terá com a organização para a qual você vai começar a trabalhar.
8 Deixe a empresa a par dos projetos que estão sob sua responsabilidade
Depois de anunciar a sua saída ao chefe, é hora de fazer o levantamento das suas responsabilidades e projetos que estão sob o seu comando. De acordo com Ferreira, vale formalizar por email quais são as tarefas e alinhar como será feita a transição.
“Prepare o material, para que o seu substituto tenha um panorama do que está sendo feito”, indica Michele. Deixe tudo registrado. “No fim, pode ser necessário fazer uma reunião de passagem”, diz Michele.
9 Estabeleça as metas a respeito do que você ainda vai entregar e cumpra
“Trabalhe ainda com mais afinco”, diz Rodrigo Vianna, diretor executivo da Talenses. Ele explica que é o momento da transição tem uma carga emocional maior.
“O profissional já tem uma expectativa em relação ao que está por vir e a empresa passa a ter um olhar com desconfiança em relação ao que ele vai mesmo entregar”, diz ele.
Então, com o máximo de excelência possível, cumpra todas as metas acordadas. “Liste os principais pontos, estabeleça as metas e entregue”, indica Vianna.
Lembre-se de que uma relação de confiança é construída com muito trabalho, mas pode ser quebrada por uma pequena atitude.
10 Registre o acordo a respeito do acerto de contas
Combinou um bônus? Fez o acerto das contas? Formalize por email. “É bom ter tudo muito bem formalizado”, diz Vianna.
De acordo com Ferreira, deixar tudo registrado é também uma forma de se proteger, caso a empresa não honre com o que ficou acertado entre vocês. “Não deixe combinado apenas verbalmente”, aconselha o especialista. Sueli concorda. “É importante tomar a iniciativa e ter as anotações. Ter documentos é sempre bom”, diz.
11 Agradeça e se coloque à disposição
Ao adotar uma postura transparente, ética e objetiva, dificilmente você corre o risco de se queimar na empresa. Educação e cordialidade também dão uma forcinha para que a sua saída transcorra sem crises.
Por isso, escreva um email para o seu chefe de agradecimento. Peça para que o RH seja informado da sua saída e veja também como será o anúncio formal do seu pedido de demissão para o resto da empresa. “Recomendar o chefe no LinkedIn é também um boa forma de agradecer”, lembra Sueli.
12 Prepare-se, seu chefe pode surtar
“Esteja preparado para uma reação ruim do chefe”,diz Sueli. Muitas vezes você pode fazer tudo direitinho, mas mesmo assim o seu pedido de demissão não ser bem recebido pelo chefe. Se você nunca passou por isso, já deve ter ouvido alguma história nesse sentido. “É algo que foge ao controle do colaborador”, diz Michele.
Chefe surtou? Encerre a conversa e diga que vai voltar em outro momento. “O profissional não deve ser reativo, o melhor é dizer que entende o nervosismo mas que vai continuar a conversa em outro momento, quando ele estiver mais calmo”, diz Sueli.
A relação desandou de vez? Trate da sua saída com o RH e informe-o a respeito do problema com o chefe. ” Peça para que o departamento seja seu aliado durante o processo de transição”, diz Ferreira.
Fonte: jc