Os profissionais contábeis no século passado eram “guarda-livros”, mantendo em ordem os livros mercantis das empresas, e com o passar dos anos passou a ser executor de protocolos, preenchedor de planilhas e um arquivo com pilhas e mais pilhas de balancetes impressos; imagem e rotinas estas muito diferentes da realidade do profissional contador nos dias de hoje, que atua, pode-se dizer, como um consultor de negócios. A tecnologia e os profissionais contábeis – em sua maioria – vêm se atualizando na mesma constância, e a aprendizagem contínua em diferentes frentes – muito além do “débito e crédito” e quitação de impostos – vem agregando expertises e habilidades de extrema importância aos contadores, agora, cada vez mais, agregando análises mais complexas de planejamento e gestão para amparar a tomada de decisão dos empreendedores.

Os avanços tecnológicos na área contábil otimizaram o trabalho, facilitando a gestão, estratégia e desempenho. Ainda que surjam sistemas mais avançados, continuará sendo necessário ter um profissional por trás da tecnologia para analisar e traçar estratégias tributárias, fiscais, contábeis e financeiras. A tecnologia está aí para prestar suporte e acelerar processos, não para eliminar o profissional.

O “Contador Consultor” ficou ainda mais em evidência na pandemia. Foi uma virada de chave. Com a chegada das incertezas e instabilidades advindas de um momento de crise, além de uma enxurrada de informações desencontradas, muitos empresários não sabiam qual caminho seguir; se dispensavam ou mantinham funcionários e até mesmo se era viável manter seus negócios de portas abertas. Foi nesse momento que muitos desses empreendedores puderam contar com o apoio do seu contador, apresentando análises estratégicas e tributárias e dando suporte para decisões emergenciais salutares para manter suas empresas em atividade. Infelizmente, nem todos contaram com o apoio de seus contadores devido ao tipo de serviço contratado e, mediante a crise, não conseguiram contratar consultorias qualificadas por falta de recursos.

A fase pós pandemia que vivemos hoje trouxe um movimento importante de aproximação do empreendedor ao seu contador, despertando um olhar mais analítico e a correta identificação e interpretação dos erros mais cometidos no passado da empresa. A lição que fica é: análises até mesmo simples, mas conduzidas de modo assertivo, podem ser determinantes para a saúde financeira das empresas. Entre elas, estão: avaliar o fluxo de caixa, fazer análises macro e micro (olhando minuciosamente e compreendendo o que apontam os números) e estruturar um planejamento financeiro para viabilizar investimentos de curto e longo prazo – para garantir estabilidade para outros eventuais e quase inevitáveis momentos de crise.

Por Izabella Dutra é contadora, empresária e sócia-diretora da Base Bureau Contabilidade, em Florianópolis (SC). Contato: basenegocios@base.cnt.br

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Fonte: Jornal Contábil
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