Os fruticultores da Região do Jaíba comemoram uma grande conquista. O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) aprovou a Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência (IP), para a produção de banana, manga, mamão e lima ácida tahiti, produzidos na região. O reconhecimento vai beneficiar cerca de 2.500 fruticultores, que produzem mais de 450 mil toneladas de frutas por ano. É a primeira vez que o segmento da fruticultura recebe a Indicação de Procedência em Minas Gerais.

A região do Jaíba, no Norte de Minas, abrange os municípios de Jaíba, Janaúba, Matias Cardoso, Porteirinha, Nova Porteirinha, Verdelândia, Pedras de Maria da Cruz e Capitão Enéas, e parte dos municípios de São Francisco, Januária, Itacarambi, Manga e Montes Claros.

A partir de 1.970, a capacidade produtiva da região ganhou relevância com o desenvolvimento do “Projeto Jaíba”, na época, o maior projeto de irrigação da América Latina. Com a conclusão da instalação dos canais, foram assentadas as primeiras famílias de colonos que passaram a produzir, entre outros produtos agrícolas, as frutas. Ao longo das décadas de 1980 e de 1990, essa capacidade de produção fruticultora foi se tornando notória. Isso porque, as frutas da região possuem sabor mais acentuado, o que proporciona ganho de mercado nacional e internacional.

Foi graças a muitos desses diferenciais competitivos que tornou possível a conquista da IP, que garante a procedência do produto e sua qualidade, valorizando o trabalho dos produtores das regiões contempladas. O reconhecimento conferido pelo INPI, favorece a abertura de novos mercados, agregando ainda mais valor aos produtos e fortalecendo os elos da cadeia produtiva.

Atualmente, existem 95 Indicações Geográficas (IGs) no Brasil. Minas Gerais é o estado com o maior número de regiões certificadas (18), seguido pelo Rio Grande do Sul com 14 certificações. Do total de IGs, 23 regiões no país foram reconhecidas como Denominações de Origem (DO) – ou seja, tiveram comprovação do vínculo do produto ou serviço com o meio geográfico (fatores naturais e humanos) – , dessas cinco são em Minas Gerais, entre elas a fruticultura no Jaíba.

Parceria e reconhecimento

Há 20 anos, os fruticultores da região contam com o apoio do Sebrae Minas. O analista do Sebrae Minas Cláudio Wagner de Castro destaca os resultados dessa parceria com os produtores da região. “Em 2013, ajudamos a criar uma estratégia para obtenção de uma “marca território”. Também trabalhamos para aliar qualidade e inovações ao processo de sustentabilidade. Além disso, realizamos estudos técnicos para a obtenção dessa IG, que chega na hora certa para valorizar ainda mais os produtos da região ”, diz.

Cláudio também reforça as vantagens que virão com a conquista dessa IG. “ A Região do Jaíba era uma região conhecida, mas não reconhecida. Essa Indicação de Procedência vai mudar esse cenário, fomentando um novo olhar para o território. Nosso objetivo é tornar a região uma referência mundial em fruticultura”, justifica o analista do Sebrae Minas.

Para a gerente geral da Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas (ABANORTE), Ivanete Pereira dos Santos, a conquista da Indicação de Procedência trará benefícios imediatos para a região do Jaíba. “Nossas frutas encontraram na região um lugar especial pelas características próprias do local. A certificação confirma essa realidade e vai impactar diretamente o desenvolvimento socioeconômico da região. Poderá abrir novas portas para o mercado internacional, que tradicionalmente, busca referências técnicas para a comercialização de produtos”, comemora.

De acordo com dados da ABANORTE, a fruticultura da região do Jaíba exporta 40% da produção de limão, 10% da produção de manga e 1% da produção de bananas e mamão do país. Além disso, gera 80 mil empregos, diretos e indiretos. “Esse reconhecimento é acima de tudo uma mudança de mentalidade que vai impactar diretamente a produção e o mercado como um todo. É um orgulho muito grande fazer parte desse projeto, e uma satisfação ter o Sebrae Minas como parceiro nessa conquista”, conta Ivanete.

Fonte: SEBRAE
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