Para gestores e profissionais de RH, conhecer as características de uma liderança comportamental pode fazer a diferença no momento de contratar um colaborador, visando o objetivo de empregar um profissional que traga resultados acima da média para a companhia.
Isso porque o comportamento de um líder pode influenciar, inspirar e motivar equipes a alcançar determinado objetivo. E todas essas ações, somadas, levarão ao sucesso da empresa.
Porém, existem diversos tipos de liderança comportamental que, se não forem adequados a cada segmento de mercado, podem gerar resultados ineficientes para a companhia, por exemplo, aumentar a taxa de turnover ou gerar conflitos internos.
Sendo assim, é necessário que todos os profissionais ligados à contratação dominem a teoria de liderança comportamental, para, posteriormente, auxiliar os profissionais contratados a aplicarem esse tipo de liderança na empresa.
Neste texto, você conhecerá mais sobre a teoria da liderança comportamental, bem como a sua abordagem. O artigo está dividido de acordo com os seguintes tópicos:
- O que é liderança comportamental?
- Quais são os tipos de liderança comportamental?
- Por que aplicar o modelo de liderança comportamental?
- Como aplicar a liderança comportamental na sua empresa?
Boa leitura!
O que é liderança comportamental?
A liderança comportamental é a forma como um líder age no ambiente de trabalho. Em suma, trata-se da maneira a qual o líder guia a equipe, variando em cada empresa e em cada situação.
Na liderança comportamental, não existe um único perfil de líder, pois cada situação exige uma habilidade diferente do profissional que está na posição de liderança.
A liderança comportamental surgiu a partir da teoria de liderança comportamental, que, apesar de haver várias abordagens, é melhor definida Kurt Lewin, no artigo “A Research Approach to Leadership Problems”, publicado pela American Sociological Association.
No estudo, Lewin define como o sucesso de um líder não é baseado nas habilidades naturais deste, mas, sim, no comportamento que ele possui. Ainda segundo o autor, o comportamento do líder pode ser aprimorado ao longo do tempo com base nas experiências vividas por ele, ou seja, varia conforme a experiência do profissional e, principalmente, muda a cada situação.
Quais são os tipos de liderança comportamental?
Segundo a teoria de liderança comportamental, há quatro principais tipos de liderança:
- Liderança autocrática;
- Liderança democrática;
- Liderança liberal;
- Liderança situacional.
Confira a seguir como o comportamento do líder se adequa a cada teoria:
Liderança autocrática
A liderança autocrática é um modelo de gestão em que o líder centraliza todas as decisões para que o colaborador as obedeça sem questioná-las. Inclusive, a palavra “autocrática” deriva-se de “autocracia”, significado para poder ilimitado e absoluto.
Esse é um tipo de liderança antigo que algumas empresas ainda utilizam e que, na prática, é guiado pelo controle de todos os processos de um time, derivando como, quando, porquê e por quem esses processos serão executados.
Em resumo, é possível definir as características da liderança comportamental autocrática a partir de alguns aspectos como: hierarquia rígida, supervisão contínua, centralização de poder, autonomia reduzida dos funcionários para participar e tomar decisões e ter somente colaboradores dedicados ao operacional.
Apesar desse tipo de liderança parecer ultrapassado, há vantagens e desvantagens em adotá-lo. Veja a seguir:
Vantagens
As principais vantagens em adotar a liderança autocrática na prática é possível observar: resultados mais previsíveis, ter uma supervisão e processos mais padronizados, a delegação de tarefas ocorre sem problemas, existe maior consistência dos funcionários por ter um controle rigoroso de processos, além da agilidade no desenvolvimento do trabalho e em consequência disso: maior cumprimento de metas.
Em situações de crise ou em determinados momentos de trabalho, a liderança autocrática pode ser necessária. Apesar disso, em outros locais e em longo prazo, pode representar prejuízos para a equipe.
Desvantagens
Se aplicado fora de cenários específicos, o modelo de liderança comportamental autocrático pode causar problemas, tanto para o funcionário quanto para a empresa.
Como por exemplo: aumento da taxa de turnover, baixa produtividade nos times, alta geração de conflitos entre equipes e colaboradores, aumento do sentimento de desmotivação e desvalorização por parte do líder, baixa criatividade e maior dependência para realização de tarefas.
Vale ressaltar que, neste caso, as desvantagens vão acumulando, e em efeito cascata. Por exemplo, a excessiva centralização inibe a criatividade dos funcionários, gerando sentimento de desvalorização, levando a desmotivação para, logo depois, aumentar a taxa de turnover.
Liderança democrática
A liderança comportamental democrática é um tipo de liderança em que os funcionários participam do processo de tomada de decisão juntamente com o líder.
Neste caso, a palavra “democrática” deriva da “democracia”, sistema político em que todos os cidadãos têm o mesmo peso para dividir o poder, seja direta ou indiretamente.
Na liderança democrática, há o que chamamos de gestão vertical, um modelo de gestão em que a responsabilidade é subdividida em níveis verticais em vez de estar centralizada na mão de uma única pessoa.
Além disso, as características da liderança democrática partem de aspectos como: estímulo à transparência, presença de feedbacks frequentes, criação do senso de pertencimento, fomento à criatividade individual e incentivo à participação dos funcionários em várias situações, exposição de opiniões inclusive em tomadas de decisões.
Vantagens
Dentre as principais vantagens em adotar a liderança democrática estão:
- Incentivo à autogestão;
- Diversidade de opiniões;
- Melhora no clima organizacional;
- Aumento de motivação individual;
- Sentimento de valorização profissional;
- Maior engajamento dos colaboradores.
Há diversos outros benefícios em adotar a liderança democrática, como nos times de RH, por exemplo. De qualquer forma, o que deve ficar claro é que, em médio e longo prazo, ele é um dos melhores tipos de liderança para se adotar nas equipes.
Desvantagens
Também há possíveis desvantagens que podem acontecer ao se adotar a liderança democrática nas equipes, dependendo do funcionamento da empresa e do time. Como por exemplo: a falta de sigilo, sobrecarga dos líderes, lentidão na tomada de decisões – visto que todos participam, e possível desorganização de equipes.
Ressalta-se, novamente, a importância da hierarquia verticalizada na liderança democrática. Sem isso, o líder pode não dar conta de ouvir todas as opiniões do grupo para que, juntos, cheguem a uma decisão assertiva.
Liderança liberal
A liderança liberal, também conhecida como liderança laissez-faire, é um modelo de gestão em que o líder dá plenos poderes aos colaboradores para tomarem as melhores decisões sobre o próprio trabalho.
A palavra francesa “laissez-faire”, que, traduzida para o português, significa “deixe fazer”, representa um dos tipos de liderança mais independentes. Isso porque os funcionários podem escolher os próprios processos de trabalho, assim como os métodos de execução, sendo o líder responsável por disponibilizar condições mínimas para que esse trabalho seja entregue e cobrá-lo referente aos prazos de entrega.
Entre as principais características de liderança liberal, é possível citar a autogestão, entregas sempre no prazo, comunicação clara e assertiva, alto nível de organização da equipe, gestão horizontal, descentralização de poder de decisão e maturidade nas relações entre líderes e liderados.
Em resumo, essa liderança comportamental ajuda a desenvolver a autoconfiança nos colaboradores e auxilia na avaliação de resultados de treinamentos, individuais ou em grupo.
Da mesma forma que os outros tipos de liderança, a gestão liberal possui prós e contras.
Vantagens
Como vantagem desse tipo de liderança comportamental, as equipes e empresas ganham com: maior engajamento de colaboradores e entre equipes, maior produtividade coletiva, autoconfiança, motivação, maior autonomia em tarefas e processos, além de existir um maior alinhamento com a cultura da empresa.
Em resumo, essa abordagem comportamental traz diversos benefícios individuais e coletivos, tanto para a empresa quanto para os funcionários.
Porém, para executá-lo, alguns cuidados são necessários. Com o não cumprimento desses cuidados, podem surgir desvantagens em adotar esse tipo de liderança.
Desvantagens
A liderança liberal tem algumas desvantagens, tais como:
- Enfraquecimento da figura do líder;
- Baixa adaptabilidade em atividades muito técnicas;
- Custo elevado para contratar profissionais seniores;
- Não funciona com equipes formadas por profissionais pouco experientes;
- Baixa adaptabilidade em atividades que exigem processos muito específicos.
Antes de investir na liderança liberal, vale a pena verificar se ela combina com o tipo de trabalho executado pela equipe ou empresa. Afinal, as desvantagens existem e, caso não sejam observadas, podem trazer grandes prejuízos à companhia.
Liderança situacional
A liderança situacional é a capacidade de o líder agir de maneira diferente, a depender do cenário e do nível de experiência de cada equipe. Como o próprio nome sugere, a situação da equipe determina qual será o comportamento do líder, não havendo um tipo de liderança fixado em um único modelo.
Em 1969, Paul Hersey e Ken Blanchard desenvolveram a teoria de liderança situacional. Segundo eles, a liderança comportamental que funciona para um membro da equipe pode não funcionar para outro. Dessa forma, devem ser usados tipos de liderança variados dentro de um mesmo time.
Entre as principais características da liderança situacional, pode-se citar 4 principais, veja:
- Apoio: colaboração com o trabalho da equipe sem interferência direta;
- Comunicação: alto nível de comunicação por parte do líder, sempre frequente;
- Direcionamento: acompanhamento das etapas de execução de uma tarefa;
- Orientação: atitudes do líder como referência para os colaboradores.
Dito isso, confira as vantagens e desvantagens da liderança situacional.
Vantagens
As vantagens de adotar esse tipo de liderança comportamental na empresa de praxe traz maior flexibilidade para trabalhar, tendo funções bem definidas com uma comunicação mais eficiente, gerando uma tomada de decisão muito mais assertiva.
Além disso, existe uma redução de conflitos internos, impulsionamento do trabalho coletivo, maior adaptação da equipe em contextos diversos e promove um ambiente favorável ao desenvolvimento profissional, com a capacidade de reunir profissionais na equipe com diversos níveis de experiência.
Vale ressaltar que a liderança comportamental, neste caso, não exige um modelo fixo de execução. Logo, a sua eficiência será medida com base no resultado, e não nos processos.
Desvantagens
Da mesma forma, há desvantagens em adotar a liderança situacional na empresa, por ocorrer problemas como a falta de processos no trabalho diário, maior resistência para formar colaboradores maduros, maior dependência das experiências e habilidades do líder e ter um foco somente em estratégias de curto prazo, deixando os planos em médio e longo prazo em segundo plano.
Vale ressaltar que essas desvantagens só serão observadas caso as lideranças não sejam fiscalizadas corretamente, causando um efeito contrário do que se espera.
Por que aplicar o modelo de liderança comportamental?
A liderança comportamental, principalmente para gestores ou profissionais de RH que não vem da área administrativa, pode parecer complexa de ser colocada em prática.
Entretanto, há razões lógicas e benefícios para aplicar um dos modelos de liderança comportamental na companhia.
Confira a seguir:
Autoconhecimento
No ambiente de trabalho, o autoconhecimento é a capacidade que o indivíduo tem de entender sobre seu próprio papel na empresa.
A liderança comportamental ajuda os colaboradores a atingirem o autoconhecimento porque, a partir da liberdade criativa, cada pessoa consegue identificar suas próprias habilidades e experiências.
Sendo assim, há maior compreensão individual sobre como cada funcionário pode auxiliar a equipe a alcançar determinados objetivos, sem que essa recomendação venha necessariamente do superior.
A liderança comportamental também ajuda os líderes a alcançarem o autoconhecimento, impulsionando o acesso que esses profissionais têm a feedbacks frequentes e pesquisas de satisfação.
Valorização de liderados
Via de regra, a liderança comportamental gera diversos benefícios a um profissional, tais como estímulo à inovação, maior motivação intrínseca e oportunidade de participar da tomada de decisões.
Como resultado, os liderados passam a se sentir mais valorizados pela empresa, já que, naquele ambiente, eles têm oportunidades de conseguirem realmente colaborar para o desenvolvimento da companhia.
Vale ressaltar que, para isso, a abordagem comportamental do líder deve fomentar o desenvolvimento do profissional. Sem isso, a visão da empresa será colocada de lado em vista das opiniões individuais do líder.
De qualquer forma, ter profissionais que se sentem valorizados dentro da empresa auxilia a reter talentos, reduzir a taxa de turnover e, consequentemente, aumentar a produtividade da equipe.
Aperfeiçoamento de skills
A liderança comportamental favorece o aperfeiçoamento de skills por alguns motivos, tais como, o desenvolvimento da autonomia do funcionário, poder exigir resultados sem processos rígidos e cobrar maior produtividade no menor tempo possível.
Neste caso, as soft skills se sobrepõem às hard skills, pois o profissional desenvolverá habilidades necessárias para desempenhar sua função no cotidiano, por exemplo, gestão de tempo, comunicação ou flexibilidade.
Melhoria do clima organizacional
O clima organizacional é o resultado da cultura organizacional, e deve ser sempre levado em consideração. Às vezes, pela correria do dia a dia, empresas podem deixar o clima organizacional de lado, algo que, em longo prazo, pode trazer prejuízos graves à companhia.
A liderança comportamental ajuda a melhorar o clima organizacional justamente por exigir, durante seu próprio desenvolvimento, tarefas que também favorecem esse clima. Por exemplo, solicitar feedbacks frequentes, estabelecer metas viáveis, treinar a equipe no mais alto nível de excelência e, principalmente, desenvolver uma liderança moderna.
Para verificar se o clima organizacional está realmente condizente às ações executadas pela empresa, é necessário medi-lo por meio de pesquisas constantes. Esta tarefa, inclusive, é um dos métodos utilizados pelo RH para verificar a satisfação interna dos colaboradores.
Como aplicar a liderança comportamental na sua empresa?
Antes de tudo, a equipe de RH deve estar a par dessas mudanças, independentemente dos tipos de liderança que sejam aplicados nas equipes.
No início, será necessário mapear o comportamento dos colaboradores, o desempenho e o clima organizacional. Logo após, o líder, interno ou externo, deverá passar por treinamentos, para adequar suas próprias convicções às exigências da empresa.
É importante também que o líder compreenda que nenhum dos quatro estilos descritos ao longo do texto serão necessariamente seguidos à risca. Ou seja, o comportamento do líder deve se adaptar às situações e aos times.
Além disso, o líder precisa ter autoconhecimento antes de assumir o cargo. Isso porque, caso ele tenha dúvidas sobre sua própria capacidade perante o time, o modelo de gestão será escolhido de maneira desconexa com o que a equipe necessita, o que pode gerar prejuízos imensuráveis à companhia.
Conclusão
A liderança comportamental auxilia a gerenciar, de maneira assertiva, equipes com colaboradores de segmentos diferentes. Mas, para isso, a teoria de liderança comportamental deve se adequar à equipe.
Novamente, a equipe de RH deve guiar o processo de inserção do líder à equipe, assim como adequar o comportamento do líder de maneira mais benéfica à companhia.
De qualquer maneira, a liderança comportamental pode alavancar a produtividade das equipes, reter talentos e reduzir custos. Portanto, vale a pena investir nesse método de gestão que, na prática, não custará nada para a empresa, podendo vir até a reduzir gastos desnecessários.
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Fonte: Jornal Contábil
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