Indicações geográficas são conhecidas por muitos predicados: agregam valor ao produto, melhoram a remuneração ao produtor rural e artesão, representam a cultura de uma região e protegem a biodiversidade local, enquanto promovem cadeias de produção mais inclusivas e justas à comunidade. A sustentabilidade socioambiental das IGs foi o foco dos painéis da manhã de 9 de dezembro no V Evento Internacional de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas – Origens Brasileiras, realizado pelo Sebrae em Curitiba.

Comumente associada ao meio ambiente, sustentabilidade também é a palavra-chave para definir o que as IGs promovem socialmente. Afinal, cultivo, beneficiamento, comercialização e demais etapas na fabricação de um produto são resultado de um trabalho coletivo. “Não pode ser apenas narrativa, tem que ser ação, senão a IG não existe de verdade fora do papel”, defende Juliano Tarabai, representante da DO Cerrado Mineiro.

Com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas como norte, as associações de produtores e entidades de gestão dos selos de procedência podem construir suas políticas de funcionamento e desenvolver seu entorno com justiça social e ambiental aliada à produtividade e qualidade. Nisso, o exemplo da União Europeia e seus países integrantes podem ajudar, uma vez que têm mais experiência. “Parcerias entre o Brasil e programas internacionais de fomento ao desenvolvimento de IGs proporcionam o compartilhamento de nossa experiência e know-how em desenvolvimento de terroir com sustentabilidade”, disse Renaud Gaillard, conselheiro-regional de propriedade intelectual da Embaixada da França no Brasil.

Mariano Riccheri, representante da Al-Invest Verde, complementou: “Podemos contribuir com a transmissão de como colaboram diferentes stakeholders em outros países”. A Al-Invest Verde é um programa financiado pela União Europeia para implementar práticas sustentáveis com baixa pegada de carbono e promover o crescimento das micro, pequenas e médias empresas na América Latina. “O que vemos em programas internacionais de fomento como a Al-Invest Verde é que conseguimos aproximar organizações com objetivos afins ou mesmo ver nascer novas entidades”, disse.

Exemplo no Brasil

A DO Cerrado Mineiro é um exemplo de produtividade com sustentabilidade no Brasil: atingiu a marca de um milhão de sacas de cafés comercializadas neste ano. Mais de 10 organizações trabalham em conjunto para promover o café da região, sendo sete delas cooperativas para comercialização dos produtos e uma delas, uma fundação que faz pesquisas e embasa o conteúdo da IG, e uma federação que promove e representa a marca. “O trabalho é coletivo. Para ter equilíbrio e funcionar de fato, uma IG precisa de governança, ter consenso entre os integrantes. Se não, cada um puxa para um lado”, analisa Tarabai.

Ambientalmente, a DO Cerrado Mineiro firma compromissos com diversas organizações, como a com o Consórcio Cerrado das Águas, que cuida da qualidade das águas das bacias hidrográficas da região, a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais, que trabalha com a qualidade genética das plantas. Como parte de devolver ao entorno e “semear” o futuro, a DO promove um concurso de ideias transformadoras de ação social com as crianças e adolescentes da região, o Troféu Escola de Atitude.

Demoday

O evento começou com o Demoday, em que startups e empresas apresentaram estratégias para a diferenciação dos produtos de pequenos produtores na gôndola do varejo. “Tão importante quanto a qualidade do produto é saber comunicar o seu diferencial ao consumidor”, pontua Hulda Giesbriecht, analista de inovação do Sebrae. Fazem parte dessa comunicação o tipo da embalagem, as cores, o texto que acompanha o rótulo e a campanha de promoção. Gabriela Marques, sócia da PolvoLab, chama de “sofisticar o produto”: “Rodamos o Brasil atrás de produtos únicos que podem ter escala e aumento de pontos de venda. Fazemos um trabalho de pesquisa de mercado para entender o que o consumidor quer e como podemos trabalhar o produto em questão para que ele se destaque”, explicou Gabriela.

O esforço é justificado. Atualmente, são mais de 117 mil produtos disputando espaço nas gôndolas dos mercados, segundo dados da NielsenIQ. Em 2021, foram postos mais de 18 mil novos produtos a venda no varejo, uma variedade que, mesmo vultuosa, ainda é pouca dada a quantidade de produtos de qualidade ainda “escondidos” no Brasil. “O consumidor brasileiro mudou. Há algumas décadas, o brasileiro não estava disposto a comprar novas marcas. Pesquisa da Local identificou que agora ele está mais disposto a experimentar e também a conhecer marcas de pequenas empresas, desde que ele conheça a história”, frisou Leila Okumura, da Local.

Fonte: SEBRAE
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