As seguradoras estão enfrentando uma série de desafios macroeconômicos e geopolíticos devido à ameaça iminente de recessão global e as consequências contínuas da guerra na Ucrânia. Mesmo em uma economia instável, existem muitas oportunidades para evoluir no mercado de seguros em 2023.
A Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg), em abril, apontou que a projeção de crescimento dos seguros de Danos e Responsabilidades varia entre 1,5% e 10,6% em 2023, dependendo do cenário econômico do ano, enquanto a cobertura de pessoas varia entre 3,4% e 8,9%.
Nesse cenário, o aumento da inflação, taxas de juros e altos custos, juntamente com as ameaças iminentes de recessão, mudanças climáticas e problemas geopolíticos, são fatores que testam a resiliência do mercado. Portanto, Alberto Vargas, especialista em administração de empresas pela Universidade de Warwick na Inglaterra, mostra como as seguradoras se posicionam na economia atual.
“As empresas do setor de seguros, que efetivamente fizeram a transição durante a pandemia para o trabalho híbrido e remoto, assim como o envolvimento virtual de clientes e distribuidores, podem estar melhor posicionadas para capitalizar em uma infraestrutura digital mais ágil e atender a evolução expectativas para produtos, canais e serviços personalizados”, comenta Vargas.
De acordo com o especialista, o investimento em tecnologia, as melhorias na seleção de riscos e as estratégias de preços serão os principais impulsionadores do mercado de seguros em 2023.
Outra tendência que pode se estabelecer em 2023 é a maior especialização em áreas que vão desde capital humano até cybersecurity, ou seguro cibernético, com aumento da demanda considerável.. “O mundo dos ativos intangíveis – propriedades digitais com valor monetário – também está se expandindo e criando novas exposições para cobrir, dentre elas estão as criptomoedas e NFTs para atividades virtuais no metaverso”, afirma o especialista.
O futuro das seguradoras em 2023
Além da inovação de produtos, as seguradoras também devem acelerar a transformação da tecnologia em iniciativas para melhorar a eficiência operacional, gerenciamento de reclamações, atendimento e experiência do cliente.
“Ao definir planos estratégicos, prioridades de investimento e orçamentos, as seguradoras devem esforçar-se para manter o ímpeto de adaptação criativa estabelecido ao longo dos últimos anos, acelerando atualizações em sistemas, talento e cultura. Assim, as empresas tornam-se cada vez mais proativas, inovadoras e centradas no cliente”, explica ele.
Em paralelo, é preciso ajudar as empresas a perceber todo o potencial dos dados, ferramentas analíticas e tecnologias facilitadoras à sua disposição – desde inteligência artificial até a nuvem. Por isso, Vargas aponta duas tendências nesse cenário para o mercado de seguros:
- Gestão focada em dados: avançar no gerenciamento de dados e maturidade analítica deve ser um dos principais itens da agenda para as seguradoras que ainda tratam os dados como uma despesa de infraestrutura a ser administrada, e não como um ativo estratégico, o qual pode ajudá-los a aprender mais sobre as necessidades dos clientes e preferências em termos de produtos e serviços.
- Adequação da nuvem: a transição para plataformas em nuvem pode ser a mais importante iniciativa tecnológica lançada pela seguradora nos últimos anos, devido ao seu impacto potencial em toda a cadeia de valor, por conta da economia de tempo e dinheiro ao migrar dados, sistemas e aplicativos.
O especialista também destaca que a personalização de preços pode se tornar cada vez mais presente no cenário do mercado de seguros para os próximos anos.
“A inclusão gradual da percepção de valor pelo cliente na estratégia de gestão de preços também é uma tendência. O banco de dados é um alicerce para as empresas acompanharem a tendência global de estratégia de precificação com foco no valor percebido pelo cliente, podendo coletar informações sobre o comportamento e as expectativas de clientes em potencial”, finaliza Vargas.
As opiniões expressas neste conteúdo não substituem a consultoria de um profissional nas empresas.
Por Jorge Alberto Vargas, formado em Master Business Administration pela Universidade de Warwick na Inglaterra.
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Fonte: Jornal Contábil
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