Com mais de 8,5 milhões de artesãos no país, o Brasil tem uma vasta diversidade de produtos feitos à mão, traduzindo a cultura popular por meio da expressão artística. No último dia 1º de janeiro, o look da primeira-dama, Janja da Silva, durante a posse do presidente Lula, contou com a participação de empreendedores desse segmento para sua confecção. Dois deles são reconhecidos pelo Prêmio Sebrae TOP 100 de Artesanato.
Eliene Bispo, de Dianópolis (TO), e o mestre Juão de Fibra, do Novo Gama (GO), foram convidados pelas estilistas Helo Rocha e Camila Pedroza para fornecerem peças em capim dourado e capim colonhão para o traje da esposa do presidente. Desde então, eles vêm experimentando uma visibilidade nunca sentida antes. “Foi uma honra muito grande, depois de tanto tempo de trabalho, ser reconhecida assim”, comenta Eliane, ao pontuar que as vendas aumentaram e já há uma marca de biquínis querendo fechar negócio com a associação que ela integra.
Para Juão, a participação na confecção da roupa da primeira-dama valoriza o trabalho de artesãos de todo o país. “Ali fomos representados, todas as bordadeiras, rendeiras e artistas que trabalham com matérias da cultura brasileira. A partir do momento que uma autoridade usa o nosso trabalho, ela influencia outras pessoas a olharem e valorizarem”, afirma. Segundo ele, já há outras peças sendo produzidas para Janja da Silva e os pedidos do público em geral aumentaram bastante.
A participação da dupla na confecção da roupa de Janja é uma demonstração da transversalidade do artesanato como uma atividade que se integra a outros segmentos, como o da moda, atuando como propulsor econômico. Isso porque favorece a geração de trabalho e renda para toda a cadeia produtiva envolvida na produção de uma peça artesanal.
Desafios e oportunidades na arte de fazer com as mãos
Tanto Eliene como Juão revelam que ao longo da trajetória como artesãos tiveram o apoio do Sebrae, seja em iniciativas como cursos e feiras de artesanato ou em ações de reconhecimento como o Prêmio TOP 100 de Artesanato. “Ser listada como uma das 100 pessoas que fazem artesanato no país me enche de orgulho e nos impulsiona a continuar”, conta Eliene que vive do artesanato há mais de 22 anos.
“Ser artesão não é fácil. Eu comecei depois de fazer um curso na prefeitura da minha cidade e gostar. Nós enfrentamos muitos altos e baixos. Então, quando temos apoio como esse do Sebrae e como o da estilista, ficamos muito honrados”, desabafa a empreendedora.
No entorno do Distrito Federal, a cerca de 30km de Brasília, o mestre Juão de Fibra também relata seu contentamento em ter o trabalho reconhecido. “Sonho em ver o artesanato mudando vidas aqui na minha cidade”, diz. Engajado com as causas sociais, ele já capacitou mais de cinco mil pessoas e comemora a incorporação do capim colonhão como patrimônio cultural e imaterial do estado de Goiás.
“Eu consigo ver o entorno do DF como um polo de artesanato. Poderia ser uma saída para tantos problemas sociais que temos nessa região periférica. O cultivo do capim colonhão é relativamente fácil. Precisamos de apoio e incentivo para capacitar mão de obra para trabalhar com ele. A variedade de produtos que pode sair das tramas é imensa, temos desde brincos, bolsas, cestas e ornamentos para roupas até acabamentos para paredes e painéis arquitetônicos originais e elegantes”, destaca Juão.
Fonte: SEBRAE
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