Nas últimas semanas um tema pautou todo o mercado brasileiro: o “rombo contábil” envolvendo as lojas Americanas, uma das maiores varejistas do país. No começo do mês, a corporação anunciou ter encontrado inconsistências contábeis no valor de R$ 20 bilhões. Depois de alguns dias, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial e informou que sua dívida real está na casa dos R$ 43 bilhões, além de possuir mais de 16 mil credores.

Com isso, as ações da marca, que já chegaram a valer R$ 120, caíram para menos de R$ 1, e, segundo o fechamento do dia 20 de janeiro, seu valor de mercado despencou de R$ 10,83 bilhões, em 11 de janeiro, para R$ 641 milhões, no final do mesmo mês. Este problema está gerando uma grande dor de cabeça não só na equipe responsável pela contabilidade e nos donos da companhia, mas também num grande número de acionistas e debenturistas, ou seja, pessoas que investiram em títulos da dívida da companhia e que perderam dinheiro com esta revelação.

A pergunta que muita gente pode se fazer depois do caso é: dá para evitar prejuízos caso exista um caso parecido na marca que eu invisto? De acordo com João Victorino, especialista em finanças pessoais, existem sim maneiras de se resguardar para possíveis casos parecidos.

Para ele, a principal forma de se proteger de casos como o da varejista está na palavra mágica do investidor: a diversificação. “O princípio da diversificação é a melhor vacina para situações como essa, uma vez que, assim como o imunizante protege o organismo de doenças em suas formas mais severas, a diversificação impede que você tenha grandes prejuízos, pois não deixa que todos os seus recursos fiquem apenas em um lugar” recomenda.

Segundo Victorino, o princípio da diversificação de investimentos existe desde os anos 1950 e tem como meta que os ativos que compõem a sua carteira de investimentos tenham comportamentos diferentes entre si. “Se o investidor tem o seu dinheiro aplicado em um grupo de ativos, de maneira equilibrada, de acordo com o seu momento de vida, objetivos e renda, eles, por possuírem diferentes características, vão servir para equilibrar o risco no eventual problema que um possa ter”, comenta.

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O que saber da empresa antes de investir para não correr risco de prejuízos?

De acordo com o especialista, para se proteger de possíveis fraudes futuras, o investidor terá de se dedicar para aprender e estudar sobre o ativo que deseja colocar seu dinheiro. “É importante, antes de tudo, conhecer a análise de balanços contábeis, avaliar o mercado, entender sobre a capacidade técnica de honestidade dos gestores, entre outras coisas”, comenta.

Além disso, ele ressalta que é essencial entender sobre os tipos de investimento e como eles podem ser feitos. “Por exemplo, existe a possibilidade de se investir indexando, ou seja, comprando um grande grupo de ações que representa um índice, tipo o Ibovespa, e neste caso, nos protegemos, porque temos todas as ações importantes em um fundo só. Fundos com baixa exposição a esses títulos, ou seja, com apenas uma pequena parte de seu capital investido nesses papéis de maior risco, vão ter perdas limitadas, por isso, diversifique “, explica.

Por fim, ele comenta que os culpados por perdas como esta devem ser responsabilizados. “Donos, diretores, executivos e líderes de empresas devem ser cobrados pelos danos que causaram às famílias de trabalhadores, aos pequenos negócios e fornecedores que deles dependiam, todos que estiverem envolvidos nesse escândalo devem pagar, de acordo com sua parcela de responsabilidade, por todos os prejuízos que estão causando a milhares de pessoas”, comenta.

Por João Victorino, administrador de empresas e especialista em finanças pessoais.

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Fonte: Jornal Contábil
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