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O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima o surgimento de 11.540 novos casos de leucemias no Brasil em 2023[1], um aumento de 6,7% em comparação à estimativa realizada a cada ano do último triênio. A projeção pode estar diretamente relacionada ao envelhecimento da população, já que o principal fator de risco para o câncer, como a Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), é a idade avançada[2]. A LLC corresponde a cerca de um quarto dos novos casos de leucemia e a idade média ao diagnóstico é 70 anos[3]. No mês de conscientização sobre as leucemias, conhecido como Fevereiro Laranja, o especialista Gustavo Bettarello, médico hematologista da Oncologia D’Or e do Hospital DF Star (Brasília – DF), esclarece 7 mitos e verdades sobre a doença.

1 – Existe apenas um tipo de leucemia

Mito. Há mais de doze tipos de leucemias, que podem ser classificadas a partir da velocidade de evolução da doença ou do tipo de célula comprometida[4]. A classificação entre crônicas ou agudas se refere à velocidade de agravamento da doença – as crônicas se agravam mais lentamente, enquanto as agudas costumam apresentar quadro agressivo mais rapidamente. Sobre o tipo de célula afetada, as leucemias que afetam as células linfoides são chamadas de linfoide, linfocítica ou linfoblástica e aquelas que afetam as células mieloides são chamadas mieloide ou mieloblástica. A Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), portanto, é uma doença de desenvolvimento lento e mais comum em adultos. 

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2 – A LLC é silenciosa

Verdade. Por ser uma doença de progressão lenta, os sintomas podem demorar a aparecer, sendo que a maior parte dos pacientes nunca apresentará sintomas relacionados à doença. Mas, quando presentes, alguns pacientes podem apresentar febre, perda de peso, mal-estar e gânglios aumentados (caracterizado por ínguas nas regiões do pescoço, axilas ou virilhas), que podem causar dor ou desconforto. Além desses sintomas poucos específicos, a queda nas contagens de plaquetas, que causam fadiga ou até mesmo anemia[5], pode ser indício da doença. Por isso, é importante procurar um médico caso qualquer sintoma seja notado.

3 – A LLC pode ser descoberta por meio de um hemograma

Verdade. Um hemograma completo pode indicar a existência da doença, que apresenta um aumento nos linfócitos[6], conhecido como glóbulos brancos (células que integram o sistema imunológico). Exames mais específicos, como imunofenotipagem, também são solicitados para confirmação do diagnóstico e diferenciação de outras doenças onco-hematológicas. Quando há necessidade de tratamento, exames genéticos e moleculares contribuem para avaliação do prognóstico da doença e para a seleção do tratamento mais adequado6.

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4 – Em alguns casos, não é indicado tratamento para pacientes com LLC

Verdade. Como a LLC tem uma evolução lenta, muitos pacientes não precisam ser tratados ao diagnóstico[7]. Para os casos em que é necessário, estão disponíveis diferentes opções tais como: quimioterapia, imunoterapia, terapia-alvo e, em alguns casos, transplante de células-tronco.

5 – Pacientes diagnosticados com LLC podem viver por anos com qualidade de vida

Verdade. Apesar do impacto emocional de receber o diagnóstico de uma doença como a leucemia e de saber que é um subtipo que não tem cura, a maioria dos pacientes vive bem com a doença por muitos anos7. A grande dificuldade, em muitos casos, está relacionada com a jornada de tratamento, que inclui acompanhamentos médicos frequentes, realização de exames e toda a mudança de vida que é necessária quando se tem uma doença crônica. Por isso, o apoio e o suporte emocional de familiares e amigos é muito importante para os pacientes.    

6 – A LLC é rara em países ocidentais

Mito. A LLC é mais comum na Europa e América do Norte e rara na Ásia8. Inclusive, asiáticos que moram em países ocidentais, como nos Estados Unidos, não apresentam risco elevado de desenvolver a doença. Segundo especialistas, isso pode indicar que o aparecimento da doença está mais relacionado a fatores genéticos e não a fatores ambientais9.

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7 – É possível prevenir a LLC

Mito. A LLC não tem uma causa definida e nem fatores de risco estabelecidos. Mas, é possível afirmar que o avanço da idade aumenta os riscos de se desenvolver a doença, visto que a idade média do diagnóstico é 70 anos3. Não há indícios de que fatores que geralmente estão associados a outros tipos de câncer, como má alimentação, tabagismo, entre outros, se relacionem com o surgimento da LLC2. Portanto, não existem métodos comprovados de prevenção.

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[1] Instituto Nacional de Câncer (INCA). Lançamento da Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros/estimativa/estado-capital/brasil. Acesso em 27 de dezembro de 2022.

[2] Instituto Vencer o Câncer. Leucemia Linfocítica Crônica: Fatores de risco. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/noticias-leucemias/leucemia-linfocitica-cronica-fatores-de-risco/?catsel=videos-2. Acesso em 27 de dezembro de 2022.

[3] American Cancer Society. Key Statistics for Chronic Lymphocytic Leukemia. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/chronic-lymphocytic-leukemia/about/key-statistics.html. Acesso em 27 de dezembro de 2022.

[4] Instituto Nacional do Câncer. INCA. Leucemia. Disponível em: https://www.inca.gov.br/tipos-de-cancer/leucemia#:~:text=Existem%20mais%20de%2012%20tipos,leucemia%20linfoc%C3%ADtica%20cr%C3%B4nica%20(CLL). Acesso em 27 de dezembro de 2022.

[5] Instituto Vencer o Câncer. Leucemia Linfocítica Crônica: Sintomas. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/noticias-leucemias/leucemia-linfocitica-cronica-sintomas/?catsel=videos-2. Acesso em 27 de dezembro de 2022.

[6] Instituto Vencer o Câncer. Leucemia Linfocítica Crônica: Diagnóstico. Disponível em: https://vencerocancer.org.br/videos-2/leucemia-linfocitica-cronica-diagnostico/?catsel=videos-2. Acesso em 27 de dezembro de 2022.

[7] Oncoguia. Vivendo com a Leucemia Linfocítica Crônica. Disponível em: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/vivendo-com-o-cancer/1111/305/#:~:text=A%20leucemia%20linfoide%20cr%C3%B4nica%20raramente,maioria%20eventualmente%20precisar%C3%A1%20ser%20tratada. Acesso em 27 de dezembro de 2022.

American Cancer Society. What Are the Risk Factors for Chronic Lymphocytic Leukemia. Disponível em: https://www.cancer.org/cancer/chronic-lymphocytic-leukemia/causes-risks-prevention/risk-factors.html. Acesso em 27 de dezembro de 2022

9 Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. Epidemiologia da leucemia linfocítica crônica e leucemia linfocítica crônica familiar. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbhh/a/JRZtRRqZbwQLC6ymGSGjPtd/?lang=pt. Acesso em 27 de dezembro de 2022.

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Fonte: Jornal Contábil
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