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Se você curte o Carnaval, um dos feriados mais importantes da cultura brasileira, e deseja acrescentar a sua ida ao bloco uma folia de leituras, essa lista é o lugar certo. Conheça 10 livros para ler no Carnaval (mas, também, para colocar na lista de leitura do ano e passar os doze meses se preparando para a folia). Entre os nomes, sucessos da literatura, da música e personalidades que tem uma relação íntima com a festa popular no coração do verão brasileiro. Além de explicar a importância histórica desta festa e dos ritmos que contagiam o povo, as obras também buscam conectar a história do samba com o caminho do Brasil, as lutas sociais, políticas e econômicas do País.

1. Samba de enredo: História e arte, de Alberto Mussa e Luiz Antonio Simas – Editora Record

Samba de enredo: História e arte surgiu em 2009, da parceria entre Alberto Mussa e Luiz Antonio Simas, ambos escritores apaixonados pela cultura do samba. O livro apresenta análises minuciosas de sambas de enredo e suas relações com a história social do país. Em meio a ritmos, letras e personagens, leitores e leitoras conhecem o modo como esse gênero tipicamente brasileiro vem sendo construído e se desenvolvendo, de 1870 até a atualidade. Para analisar a letra e o contexto desses sambas-enredos, Mussa e Simas ouviram cerca de 1.600 canções gravadas, além de outras, que estão registradas na memória acumulada ao longo de vários carnavais. Nesta nova edição, revista e ampliada, os autores atualizaram o livro com um posfácio, que trata das mudanças nos sambas de enredo, de 2010 a 2022. O texto de orelha é assinado pelo mestre Haroldo Costa. Tanto para quem deseja se iniciar no mundo do carnaval quanto para quem busca um aprofundamento, Sambas de enredo: História e arte é leitura essencial.

2. Uma história do samba, de Lira Neto – Companhia das Letras

Depois da aclamada trilogia biográfica de Getúlio Vargas, Lira Neto se lançou ao desafio de contar a história do samba urbano. Na empreitada, o escritor cearense pretende retraçar, com sua verve narrativa singular, o percurso completo desse ritmo sincopado que é um dos sinônimos da brasilidade. Em virtude da riqueza e da amplitude do material compilado, recheado de documentos inéditos e registros fotográficos, o projeto foi desdobrado em três volumes – neste primeiro, Lira leva o leitor das origens do samba até o desfile inicial das escolas de samba no Rio. O samba carioca nasceu no início do século XX a partir da gradativa adaptação do samba rural do Recôncavo baiano ao ambiente urbano da então capital federal. Descendente das batidas afro-brasileiras, mas igualmente devedor da polca dançante, o gênero encontrou terreno fértil nos festejos do Carnaval de rua. Nas décadas de 1920 e 1930, com o aprimoramento do mercado fonográfico e da radiodifusão, consolidou seu duradouro sucesso popular, simbolizado pelo surgimento das primeiras estrelas do gênero e pela fundação das escolas de samba.

3. Beth Carvalho: De pé no chão, de Bruno Leonardo – Cobogó

De pé no chão é um disco fundamental para a história da música brasileira, a certidão de nascimento do movimento que ficou conhecido como pagode carioca. O samba, surgido no início do século XX com os bambas do Estácio, sofreu sua mais marcante transformação quando, em 1978, Beth Carvalho trouxe do subúrbio um suingue diferente para embalar seu décimo primeiro álbum. Em mais um volume da coleção O Livro do Disco, o jornalista, escritor e roteirista Leonardo Bruno narra das lendárias rodas de samba do Cacique de Ramos aos desafios das gravações em estúdio de uma obra que dividiu águas e rompeu barreiras. Pois De pé no chão, repleto de faixas antológicas como “Vou festejar”, “Goiabada cascão” e “Agoniza, mas não morre”, vai muito além de ilustrar a trajetória de Beth Carvalho. Esta é também a história do pagode como movimento cultural – que, segundo o pesquisador Nei Lopes, “tem o mesmo peso da revolução da bossa nova”. Documento precioso para quem quer entender a segunda metade do “século do samba”, o LP abriu uma porta para a reinvenção do gênero – e foi dela que saíram Zeca Pagodinho, Jorge Aragão, Fundo de Quintal, Jovelina Pérola Negra, Almir Guineto e muitos outros. Depois desse disco, nunca mais se batucou do mesmo jeito.

4. Carnavais, malandros e heróis: Para uma sociologia do dilema brasileiro, de Roberto DaMatta – Rocco

O que torna a sociedade brasileira diferente e única? Carnavais, malandros e heróis, clássico inquestionável da antropologia brasileira, responde a essa questão através de uma ida ao cerne do dilema que faz do Brasil um país de grandes desigualdades, mas de futuro promissor. Para Roberto DaMatta, tanto o carnaval quanto seus malandros e heróis são criações sociais que refletem os problemas e dilemas básicos da sociedade que os concebeu. Mito e rito são, assim, dramatizações ou maneiras de chamar a atenção para certos aspectos da realidade social dissimulados pelas rotinas e complicações do cotidiano. Os ensaios de Carnavais, malandros e heróis foram considerados, na época do lançamento, como uma visão inovadora e um esforço definitivo para o entendimento do Brasil. Embora o carnaval tivesse sido tema de alguns estudos, pela primeira vez um antropólogo considerou a sociedade através dessa e de outras festividades, transformando-as em janelas privilegiadas para as interpretações do Brasil.

5. Fundo de Quintal: O som que mudou a história do samba, de Marcos Salles – Malê

Ler essa biografia é um convite a viajar no tempo. No tempo da nossa memória afetiva mais íntima e da memória do registro coletivo que o autor coletou tão bem. Dá para imaginar e ter certeza. Porque Marcos Salles nos revela histórias incríveis sobre os componentes do grupo, sobre as músicas e a casa do Fundo de Quintal, sobre os encontros presenciados por ele e contados em primeira pessoa por quem viveu e construiu a história desse grupo que se eternizou na memória da nossa gente. Na imaginação o livro me coloca criança, ouvindo o vinil girar com a minha mãe acompanhando o ritmo na cozinha de nossa casa, diante do meu olho que inclui a mesma canção em sua playlist. Este livro eterniza a história da resistência e força de um grupo que se modificou com chegadas e partidas, mas que sempre se manteve ele respeitoso ao seu público. Obrigada do fundo do nosso Quintal.

6. Canto de rainhas: O poder das mulheres que escreveram a história do samba, de Leonardo Bruno – Agir

Canto de rainhas, do jornalista Leonardo Bruno, reúne histórias de grandes mulheres que se dedicaram a esse gênero musical, romperam as barreiras do machismo e do racismo tão entranhadas entre nós até hoje e conquistaram definitivamente o público. Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Elza Soares são as cinco protagonistas escolhidas pelo autor para representar um alfabeto inteiro de sambistas, como Tia Ciata, Clementina de Jesus, Leci Brandão, Elizeth Cardoso, Teresa Cristina, Mart’nália, Mariene de Castro e muitas outras. Ao acompanhar as trajetórias dessas artistas extraordinárias, o autor constrói um panorama da música brasileira nas últimas décadas e das conquistas das mulheres na área.

7. A noite do meu bem: A história e as histórias do samba-canção, de Ruy Castro – Companhia das Letras

Em 1946, o presidente Eurico Gaspar Dutra proíbe os jogos de azar no Brasil. A decisão gerou uma legião de desempregados — e um grande contingente de boêmios carentes. Os cassinos fecharam, mas os profissionais da noite logo encontraram um novo ambiente: as boates de Copacabana. Em vez das apresentações grandiosas, as boates favoreciam a penumbra, a intimidade, o romance. Assim como a ambience, a música baixou de tom. Os músicos voltaram aos palcos, mas em formações menores, tocando quase como um sussurro ao ouvido. Essa nova música, as boates e o contexto que fez tudo isso possível são o tema do novo livro de Ruy Castro, que mais uma vez nos delicia com sua prosa arrebatadora.

8. Dona Ivone Lara: A primeira dama do samba, de Lucas Nobile – Sonora Editora

Parte Integrante do projeto Sambabook, o livro de Lucas Nobile conta a trajetória de Dona Ivone Lara por meio de sua música, e apresenta a história fantástica da artista, desde sua formação até tornar-se unanimidade no cenário musical brasileiro. Envolvida com a música desde cedo, depois de 37 anos trabalhando na área da saúde, Ivone passou a se dedicar exclusivamente à carreira artística. Foi pioneira ao quebrar barreiras em um ambiente dominado por homens, sendo a primeira autora de um samba de uma agremiação da elite do carnaval e a primeira figura feminina da ala de compositores de uma escola de samba. Compõe desde os 12 anos e coleciona parcerias com nomes como Delcio Carvalho, Jorge Aragão, Hermínio Bello de Carvalho, Nei Lopes e Caetano Veloso.

9. Dicionário da história social do samba, de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas – Civilização Brasileira

Expressão da cultura marginal carioca do início do século XX, o samba resistiu a décadas de racismo e preconceito estético, e se tornou parte inextrincável da identidade nacional brasileira. Nesta obra de referência pioneira, Nei Lopes e Luiz Antonio Simas inscrevem o valor da negritude e da história dos negros na criação e na fixação do samba, e a ambígua inserção dessa cultura musical na sociedade de consumo. Mais do que apenas descrever conceitos, neste importante dicionário os autores reconstroem a memória cultural de nosso país. Os verbetes organizam a trama que compõe o enredo dessa narrativa: a repressão explícita dos primeiros tempos; as escolas de samba, os pagodes e rodas como polos de resistência; a distribuição geográfica desses espaços; o samba como gênero de música popular, com seus múltiplos e diversos subgêneros e estilos e suas diferenças regionais. E, principalmente, destacam os nomes fundamentais que fizeram essa história: compositores, instrumentistas, regentes, cantores, dançarinos, cenógrafos, diretores, entre outros.

10. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro, de Roberto Moura e Julia Custodio – Todavia

Roberto Moura discute a gênese do samba, retratando o indivíduo escravizado em busca de meios de convívio e organização religiosa em um contexto de segregação e opressão. A protagonista é Tia Ciata, figura emblemática entre os negros baianos que migraram para o Rio de Janeiro. Sua casa na praça Onze, sede de festejos que duravam dias, sempre abertos a toda gente, tornou-se ponto de encontro de músicos pioneiros como Pixinguinha, Heitor dos Prazeres e Donga.

Aproveitando o Carnaval, uma coletânea com Beth Carvalho

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Fonte: Jornal Contábil
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