Durante muitos anos, o TEA – Transtorno do Espectro Autista foi considerado um tipo transtorno restrito à infância, mas esse cenário vem mudando a cada dia.
Pesquisas revelam que, no ano de 2004, 1 em cada 166 pessoas adultas apresentavam sintomas de Autismo. Em 2007 essa proporção era de 1 em cada 54 pessoas e em 2021 (no auge da pandemia), esse número chegou a ser de 1 em cada 44 adultos acometidos pelo transtorno.
Dados que mostram a necessidade de uma maior aceitação, divulgação sobre a definição da doença, sintomas e tratamento proposto.
O Autismo é um tipo de transtorno que pode trazer prejuízos em qualquer etapa da vida, por isso quando não tratado em idades iniciais, pode acarretar problemas na comunicação, socialização, aprendizagem cognitiva e interações humanas.
Mas é importante deixar claro que o Autismo não chegou com a vida adulta, ele sempre esteve lá. Acontece que, quando criança, esse adulto pode não ter sido acompanhado e não ter recebido um diagnóstico na infância por apresentar sintomas mais leves, que podem ser mais difíceis de reconhecer. A criança autista cresce e esse adulto continua sendo autista.
Além disso, um adulto quando não diagnosticado, pode desenvolver ansiedade e depressão, pois não entende os motivos de ser diferente das outras pessoas, já que muitos sintomas ficam camuflados e misturados aos desafios da vida adulta, descaracterizando seus sinais e sintomas.
Buscar um diagnóstico de TEA quando adulto pode ser desafiador por vários motivos: as crenças e preconceitos em relação à saúde mental e o medo de ser julgado, rotulado e descriminado socialmente.
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Os sintomas do TEA adulto mais comuns são:
- Dificuldade de interação ou manutenção de amizades mais íntimas;
- Desconforto durante o contato visual;
- Dificuldade no gerenciamento das emoções;
- Hiperfoco em um assunto específico;
- Falar repetidamente sobre um determinado tema;
- Hipersensibilidade a cheiros, sons e texturas que parecem não incomodar aos outros;
- Piadas, sarcasmo ou expressões de duplo sentido não são compreendidas;
- Interesse limitado em atividades; preferência por atividades solitárias;
- Falta de compreensão e reação diante da emoção do outro;
- Expressões faciais e linguagem corporal não compreendidas;
- Dificuldade em absorver mudanças de rotina;
- Ansiedade social e falta de malícia nas relações interpessoais;
- Desconforto no toque humano; utilização de linguagem direta e objetiva que beira a grosseria; entre outros.
O mais comum é que pessoas na fase adulta, diante de alguns destes sintomas, venham a receber muito outros diagnósticos.
O diagnóstico tardio pode provocar o sofrimento desse individuo ao longo da vida, com críticas em função de seu comportamento atípico e tentativas em se encaixar no meio social em que vive.
Portanto, o diagnóstico correto, no tempo exato é fundamental para proporcionar ao autista adulto, uma melhor qualidade de vida e bem estar.
Adultos que suspeitam que podem ser autistas e gostariam de um diagnóstico fechado devem buscar um acompanhamento multidisciplinar com um médico neurologista, psiquiatra e psicanalista, que poderá fornecer, através de ferramentas e técnicas específicas, um resultado confiável, considerando o nível do transtorno.
Ou seja, é preciso abortar o autodiagnóstico, compreender e se conscientizar, através do autoconhecimento que, somente um profissional de saúde mental pode fechar o diagnóstico corretamente e indicar as melhores terapias.
O quanto antes esse tratamento se iniciar, melhor para que se consiga eficácia no desenvolvimento mental, físico, motor, sensorial e emocional do autista. Autismo não é uma sentença. É uma realidade que necessita acompanhamento profissional frequente e adequado.
Por Andrea Ladislau é graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea.
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Fonte: Jornal Contábil
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