Mestre em engenharia elétrica e primeira engenheira da família, Camila Maciel leva a sério seu propósito de fazer com que mais mulheres se inspirem em sua trajetória profissional e não tenham medo de se arriscar em atividades predominantemente masculinas, assim como ela o fez. Há 13 anos, Camila atua na construção de subestações de alta a ultra-alta tensão pelo Brasil, função que se soma à de professora de pós-graduação. Mas não para por aí. A paixão pelo setor e a percepção de que nem todas as mulheres têm o apoio e estímulo para trabalhar com o que realmente desejam a impulsionou em outra área: a das letras. Camila abraçou seu talento como escritora e criou o projeto @elasdebotina, que divulga sua coleção de livros infantis para incentivar as meninas a conhecerem desde a infância o mundo das ciências, engenharia e tecnologia.
“Em 2019, ministrei uma palestra sobre minha carreira na universidade em que me formei e uma das estudantes me disse que sonhava em trabalhar na área de construção, mas tinha muito medo, por ser um setor ainda predominantemente masculino. Naquele momento, percebi o quanto era importante contar histórias de profissionais mulheres que, como eu, trabalham nessas áreas, a fim de encorajar as que também têm esse sonho profissional”, relata Camila. “Nenhuma mulher deve desistir da carreira que tanto sonha por medo”, assinala.
Hoje microempreendedora individual (MEI), a engenheira publicou seus livros, registrou a sua marca, criou uma loja on-line com produtos como cadernos, ecobags e canecas, além de fabricar bonecas artesanais inspiradas nas personagens principais da sua obra, Carol e Luna.
Camila faz parte de um contingente de empreendedoras que só cresce no país. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022 eram 10,34 milhões de donas de pequenos negócios no Brasil, pouco mais de 34% do volume total de empresários. A pesquisa constatou que, no terceiro semestre do mesmo ano, a maioria das empresárias encontrava-se em atividades do setor de Serviços (53%), seguido de Comércio (27%), Indústria (13%), Agropecuária (7%) e Construção (1%).
Um dos setores com segundo menor volume de empreendedoras, a agropecuária é a paixão da Isabela Moraes Amorim. Com 35 anos, a zootecnista é também mestre em produção vegetal, com doutorado em ciência animal, seleção de híbridos e modelagem matemática. Atualmente à frente da startup LaserClean Agro, ela e o sócio operam com agricultura de precisão. Eles desenvolveram drones equipados com lasers que combatem as principais pragas da lavoura de cana de açúcar, dispensando o uso de agrotóxicos.
Para Isabela, a mulher empreendedora tem um diferencial, a sensibilidade – mas ela acredita que essa característica não deve ser enxergada como fragilidade. “Mulheres precisam acreditar que sensibilidade também é potência. Tanto na ciência quanto no empreendedorismo. A sensibilidade permite que vejamos além, porque para empreender é preciso mais do que planilhas e tabelas, é preciso de pessoas”, explica. E complementa: “Pessoas desenvolvem nossos códigos e drones, e pessoas compram nosso serviço. Ouvi-las com humildade e trabalhar duro pode nos levar mais longe”.
Por atuar em setores com grande presença masculina (agronegócio e tecnologia), Isabela sabe bem como é sofrer preconceito de gênero. “Desde meninas, somos ensinadas que precisamos nos esforçar três vezes mais que os homens”, argumenta. Ela conta que nunca se deixou intimidar por atitudes e comentários preconceituosos, mantendo em mente seus objetivos. “Os preconceituosos querem nos fazer desistir, colocam em dúvida nossa capacidade. Procuro me posicionar e não dou a eles o poder que eles não têm. Não tenhamos medo de opinar, ou mostrar nossas ideias. É preciso coragem e resiliência. As nossas diferenças são justamente as nossas potencialidades”, diz a empresária. E deixa um conselho: “Uma dica valiosa para empreendedoras é escolher as companhias para a jornada, com confiança, respeito, resiliência e otimismo”.
Fonte: SEBRAE
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