Atividades ao ar livre, iguarias da produção regional, conhecimento da história e contato com a fauna e a flora brasileira podem proporcionar experiências de turismo diferenciadas. O Sebrae, junto com o Ministério do Turismo, tem trabalhado na estruturação de mais de 500 roteiros em cerca de 200 regiões turísticas de mais de mil municípios do território nacional.
Segundo a analista do Sebrae Germana Magalhães, o objetivo é apoiar o pequeno negócio a melhorar a oferta da experiência.
Esse trabalho que a gente vem fazendo de estruturação dos produtos atinge tanto a oferta rural, quanto a cultural e em ambientes naturais. Vai muito de acordo com o apelo da região. A partir disso, vamos estimulando novas experiências e passeios para que o local fique mais atrativo e o ambiente mais empreendedor.
Germana Magalhães, analista do Sebrae
Ela avalia que o principal desafio do turismo brasileiro é a qualificação da oferta e dos serviços turísticos. “Hoje, o principal objetivo é a priorização do turismo na economia pelo país. Tanto a iniciativa privada, quanto a pública, devem entender que o turismo pode gerar muita riqueza para o país. Como somos um território muito grande, precisamos melhorar a logística, ou seja, o acesso a esse lugares”, completa.
No Salão do Turismo, evento que será realizado de 8 a 11 de agosto, no Rio de Janeiro, 60 experiências turísticas de destaque no território verde e amarelo serão apresentadas para o público. Os segmentos dos empreendimentos são diversos, como fazendas de café, produtores de cacau, afroturismo, turismo de aventura, ecoturismo, entre outros.
Conheça agora a história de alguns desses roteiros.
Chocolate da Amazônia
O “Roteiro do Chocolate da Amazônia – No Caminho das Ilhas” é uma experiência imersiva na história do chocolate, desde a origem na plantação e manejo do cacau até o processo de produção no estado do Pará. A experiência conta com a visita a uma fábrica de chocolate artesanal, caminhada pela trilha do cacau, um ritual de silêncio, café da manhã ribeirinho, almoço com comida típica e uma noite na floresta.
O CEO da Kayre Turismo, Marcos Marçal, conta que o roteiro está em operação há cerca de oito meses e pode durar até dois dias. “São experiências que envolvem toda a cultura da ilha que se conecta com o chocolate. Primeiro, visitamos fábricas de chocolate, onde os turistas podem degustar chocolate de bacuri, cupuaçu, cacau 70%, castella (feita de castanha).”
Outro momento marcante é a cerimônia do cacau, quando é possível ter uma “conexão mais profunda com a natureza”. “É uma cerimônia onde tomamos o cacau da forma tradicional, como se fosse um chá, um ritual indígena de cura. Então, a gente faz a dança, a conexão com a floresta. Quem ministra esse ritual é uma historiadora descendente de indígena. O ritual segue a tradição dos povos indígenas amazônicos, da forma como eles tomavam o cacau na ancestralidade”, explica Marcos.
Para ele, o cacau possibilitou uma movimentação na economia local, beneficiando outros negócios, como os barqueiros e a gastronomia.
O cacau é o que trouxe autonomia para as ilhas. A fábrica é da Dona Nena, uma das primeiras que acreditou que era possível ter renda através da floresta. Ela começou o movimento do cultivo e manejo do cacau selvagem e foi aos poucos fazendo o chocolate. Com isso, toda a região, principalmente as mulheres, passaram a integrar o ecossistema.
Marcos Marçal, CEO da Kayre Turismo
Marcos enxerga o Salão do turismo como uma oportunidade para apresentar as potencialidades da região amazônica para outras partes do país. “Muita gente não conhece nossa região e o potencial que temos disponível. O que falta é o alcance, as pessoas ficam encantadas com o que o cacau representa para a região.”
Pequena África
Samba, feijoada e história africana são as experiências proporcionadas pelo tour na Pequena África. O roteiro inclui a visita ao Quilombo do Grotão, espaço de resistência e valorização dos saberes e práticas ancestrais do povo negro, que existe há mais de 70 anos. O local é considerado um território de cultivo das raízes da cultura afro-brasileira no estado e é famoso pela feijoada à lenha e a roda de samba raiz.
O tour, que ocorre mensalmente e é feito por agendamento, apresenta a história dos descendentes africanos e o surgimento do samba e do carnaval. A turismóloga e CEO da Conectando Territórios, Thaís Rosa Pinheiro, conta que o roteiro costumava receber mais estrangeiros, mas, desde 2022, passou a ganhar mais visitas de turistas brasileiros. “O público brasileiro começou a se interessar em conhecer a história da Pequena África e o número de visitantes triplicou nos últimos anos, movimentando o turismo na região”, revela.
Thaís afirma que a visão dos turistas sobre a história da escravidão ainda é muito limitada, por isso, acredita que o evento Salão do Turismo pode contribuir para a promoção do afroturismo.
Muitos não pensam nas heranças e tecnologias dos povos africanos que fazem parte da nossa cultura, mas são invisíveis aos olhos da sociedade. A participação no evento é uma forma de aproximar os brasileiros dessa história e de transformar o turismo brasileiro sustentável em toda a sua cadeia, desde artesãos, guias de turismo, territórios tradicionais, quilombolas e empresários.
Thaís Rosa Pinheiro, turismóloga e CEO da Conectando Territórios
Rota da Baleia
A Rota da Baleia possibilita um turismo de observação de baleias francas por terra nas praias, mirantes e trilhas das regiões de Laguna, Imbituba e Garopaba de Santa Catarina. Na rota é possível avistar as baleias, a fauna e flora do local e aprender sobre a longa viagem delas até o litoral brasileiro.
No passeio, que conta com guias e condutores ambientais locais, os turistas também podem experimentar os pratos típicos da culinária local e visitar o Instituto Australis e o Museu da Baleia Franca, instituições que ajudam na preservação da espécie.
O CEO da Rosa Sulf Hostel, Luis Henrique, conta que de julho a novembro a região se torna o Berçário das Baleias Francas. “Elas migram da Antártica para o Sul de Santa Catarina e tem um hábito costeiro, a tendência delas é ficar nas costas das praias. Então, você caminha nas trilhas da região e consegue observá-las. Dependendo do ano, elas ficam em praias diferentes e é feito um monitoramento para saber onde elas estarão. Neste ano, elas estão na praia do Rosa”, conta.
Luis espera que a edição deste ano do Salão do Turismo reúna um público ainda maior do que no ano passado e, como consequência, popularize o destino turístico da região.
As praias de Santa Catarina são muito bonitas, já somos um destino bem conhecido de sol e praia no verão. Mas também temos belezas naturais, como as trilhas e as costas, que podem ser usufruídas o ano todo. E as baleias são um diferencial a mais, que tornam a região ainda mais interessante para visitação turística.
Luis Henrique, CEO da Rosa Sulf Hostel
Fonte: SEBRAE
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