A realização de festivais de música pelo país movimenta a economia local e fomenta o empreendedorismo. O Rock in Rio, por exemplo, que começa nesta sexta-feira (13), aguarda 760 mil pessoas, sendo 60% de fora do estado. Estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) com informações dos organizadores aponta que o Rock in Rio 2024 vai movimentar R$ 2,9 bilhões na cidade e criar 32,6 mil postos de trabalho. Neste ano, em iniciativa inédita, os ingressos dos shows dão direito a descontos em vários pontos turísticos da cidade, como o Cristo Redentor e bondinho do Pão de Açúcar.
A coordenadora nacional de Economia Criativa do Sebrae, Denise Marques, destaca que os festivais de música valorizam a cultura brasileira nacionalmente, incentivando a produção artística e promovendo novas marcas e talentos. Segundo ela, a realização dos shows também demanda mão de obra em diversos segmentos e profissionais técnicos especializados.
Festivais de música, como o Rock in Rio, não impactam apenas a economia criativa, mas toda a economia. Os donos de pequenos negócios precisam ficar atentos às oportunidades do período, oferecendo produtos e serviços diferenciados para o público do evento.
Denise Marques. coordenadora nacional de Economia Criativa do Sebrae
Pesquisa realizada pela HotéisRIO estima ocupação de até 95% da rede hoteleira nos finais de semana dos shows do Rock in Rio. As projeções foram feitas pelo Sindicato de Hotéis e Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro com base nas reservas já realizadas.
Para Denise, os donos de pequenos negócios precisam se reinventar para aproveitar as possibilidades que surgem durante o período de festivais. “Uma pousada, por exemplo, pode criar um roteiro turístico e vantagens para esse hóspede que está na cidade para os shows. Muitas pessoas podem se interessar em ficar um pouco mais”, sugere.
Ligado nas tendências
Além da boa música, os festivais são conhecidos por reunir moda com tendências atuais. O público faz questão de marcar presença com looks cheios de estilo e personalidade. No Distrito Federal, o empreendedor Hércules Almeida consegue ganhar uma boa visibilidade com seu negócio durante eventos.
Formado em Moda, ele produz sozinho bolsas exclusivas e sob encomenda no Riacho Fundo, região do Distrito Federal, há pouco mais de cinco anos. Com peças feitas à mão, Hércules conta que faz parte do seu trabalho estar atento às tendências para atender a expectativa dos clientes. Entre os mais fiéis estão artistas como músicos, rappers e grafiteiros da cidade.
“Minhas peças ganham um alcance muito bom durante esses festivais. Os próprios clientes acabam levando minha marca para o círculo de amigos ou de conhecidos do trabalho e as demandas vão chegando”, explica o empreendedor que é procurado, principalmente por meio de recomendação.
Levantamento feito pela plataforma Mapa dos Festivais mostra que houve um aumento de 18% no número de eventos no primeiro semestre de 2024, quando comparado ao mesmo período do ano passado. Os estados do Sudeste – São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais – são destaque na maioria dos festivais. Em segundo lugar, aparecem estados do Nordeste que tiveram um aumento de 44% no número de eventos de música, principalmente Pernambuco e Bahia. Salvador, por exemplo, é terceira cidade com mais festivais no país, ficando atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Nos dias 9 e 10 de novembro, a capital baiana recebe a 4ª edição do Afropunk Brasil, que nasceu em Nova Yorque, nos Estados Unidos, como símbolo de resistência preta e se tornou o maior festival de celebração da cultura negra. No país, ele é realizado por profissionais negros na liderança da produção, que une grandes artistas da música negra brasileira e internacional.
Para a trancista baiana Maiane Nascimento, o Afropunk já se tornou um marco em Salvador. Segundo ela, o evento em novembro esquenta a temporada turística que tem seu ápice no Carnaval. Ela ressalta que o mercado da trança fica mais movimentando em festivais que promovem a cultura preta, pois fazem parte de um movimento cultural. “Em época de festivais como o Numanice, a nossa demanda dobra e, no Afropunk, chega até a triplicar”, revela.
Como conduz o negócio praticamente sozinha, Maiane já está preparando um cronograma para atender ao aumento da demanda em novembro, inclusive com a contratação de mais pessoas.
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Fonte: SEBRAE
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