Aprovação do texto-base da Reforma Tributária não acaba com as incertezas

O texto-base da reforma tributária, aprovado pela Câmara dos Deputados, sobe agora para o Senado Federal, sem regime de urgência, e deve ser votado somente no segundo semestre, período que coincide com as eleições municipais. Com isso, a aposta dos analistas é que seja aprovado somente após as campanhas municipais.

 

Para Luís Wulff, CEO do Tax Group, a transição para o novo sistema não será simples e pode trazer desafios significativos para as empresas. Ele destaca que o texto deixa espaço para “mistérios e incertezas” e que as empresas devem começar a se preparar já para essa transição.

 

Acompanhe a entrevista.

 

Quais são as principais preocupações em relação a essa reforma?

Luís Wulff: Uma das maiores preocupações é a complexidade da implementação. Embora a reforma prometa simplificar o sistema tributário, o caminho até lá está cheio de obstáculos. O texto aprovado ainda tem muitos mistérios e ambiguidades que precisam ser resolvidos. A introdução de novos tributos como IBS, CBS e o Imposto Seletivo, que substituem os cinco tributos atuais sobre consumo, pode inicialmente causar confusão e ineficiências.

 

Poderia nos dar exemplos específicos dessas ambiguidades?

Luís Wulff: Por exemplo, a alíquota única de 26,5% para os impostos sobre consumo pode ser problemática. Dependendo do setor, isso pode resultar em um aumento significativo da carga tributária para alguns e uma redução para outros. Há também questões sobre como o novo sistema irá lidar com a cumulatividade dos impostos, algo que atualmente é um grande problema no Brasil. Além disso, a eficácia do “cashback” para famílias de baixa renda ainda precisa ser comprovada na prática.
 

O que as empresas podem fazer para se preparar para essas mudanças?

Luís Wulff: As empresas devem começar a revisar suas estratégias fiscais imediatamente. Uma das formas mais eficazes de se preparar é focar na recuperação de créditos fiscais. Isso pode proporcionar uma margem de segurança e eficiência enquanto navegamos por esse período de transição. A reforma vai exigir um esforço considerável de adaptação, e a recuperação de créditos fiscais pode ser uma maneira de compensar possíveis aumentos de custos e evitar surpresas desagradáveis.

 

Há algum benefício imediato que a reforma possa trazer?

Luís Wulff: Potencialmente, a maior transparência e a redução de tributos cumulativos podem beneficiar a economia a longo prazo. No entanto, a curto prazo, as empresas devem estar preparadas para um período de ajuste, que pode ser turbulento e consumir caixa das empresas (fluxo). A promessa de eficiência e simplificação é atraente, mas precisamos ver como isso será implementado na prática antes de comemorar.

 

Como o governo deve abordar essas incertezas?

Luís Wulff: O governo precisa ser muito claro e transparente durante todo o processo de implementação. A comunicação com as empresas e a sociedade civil deve ser constante e detalhada, para que todos saibam exatamente o que esperar e como se adaptar. Além disso, ajustes e revisões devem ser feitos conforme necessário para resolver quaisquer problemas que surjam.

 

Qual é a principal mensagem que o senhor gostaria de deixar para as empresas brasileiras neste momento?

Luís Wulff: Minha mensagem é de cautela e preparação. As empresas devem estar atentas e

proativas, revisando suas práticas fiscais e buscando maneiras de se tornar mais eficientes,

como a recuperação de créditos fiscais. A reforma tributária pode trazer benefícios, mas

também muitos desafios. Estar preparado para enfrentar esses desafios é essencial para

navegar com sucesso pelas mudanças que estão por vir.

por Agência NB

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Fonte: PORTAL CONTNEWS
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