O presidente do Sebrae, Décio Lima, defende uma agricultura sustentável e inclusiva para que possa ganhar mercado no exterior. Para ele, uma economia agressiva ao meio ambiente não tem espaço em um mundo em que os conceitos da sustentabilidade, inovação e inclusão, aliados à tecnologia, preponderam e não têm mais volta. Leia na íntegra entrevista exclusiva durante o evento Ciclos 2025.

Brasília – O Brasil está conquistando novos mercados internacionais ao adotar uma postura firme em defesa da sustentabilidade. Segundo o presidente do Sebrae, Décio Lima, o mundo não aceita mais relações comerciais com economias que agridem o meio ambiente. Na avaliação dele, esse novo cenário favorece o agronegócio brasileiro, que passa a se destacar não apenas pela sua produtividade, mas também por seu compromisso ambiental.

Durante entrevista exclusiva no evento Ciclos 2025, Décio Lima destacou a importância do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) firmado entre o Sebrae e o Ministério do Meio Ambiente. A iniciativa busca garantir que os pequenos negócios, em todos os setores — da agricultura ao comércio —, incorporem a sustentabilidade como valor permanente. De acordo com o executivo, essa é uma política de Estado que deve nortear toda a economia nacional.

“O Brasil ganha mercados internacionais, territórios, neste outro conceito, que também não tem mais volta, de uma economia globalizada”, pontuou Lima. “Hoje, qualquer distância em qualquer território do planeta está interagindo economicamente, comprando e produzindo a sua economia que chega em outros territórios. Isso é também para a pujança do nosso agronegócio”.

O Ciclos – Congresso Internacional sobre Sustentabilidade para Pequenos Negócios foi realizado nos dias 7 e 8 da semana passada, em Brasília, no auditório da sede do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), em parceria com o Sebrae Mato Grosso. Trata-se de um dos eventos preparatórios do Sistema Sebrae para incluir os pequenos negócios nos debates da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climática, a COP 30, agendada para novembro em Belém do Pará.

Também o evento está na programação das comemorações dos 50 anos do Sebrae MT, que ocorre em novembro.

Vantagens para os pequenos

Ao ser questionado sobre os possíveis custos para os pequenos negócios com a adoção da nova economia, Décio Lima foi categórico: sustentabilidade não é um ônus, é uma vantagem estratégica. Ele ressaltou que o Brasil possui uma biodiversidade única no mundo e que essa riqueza natural é um ativo econômico poderoso. A nova economia exige responsabilidade ambiental, e o Sebrae está pronto para impulsar essa transformação com os empreendedores brasileiros.

SEBRAE MT: Presidente, como vai ser a implementação desse ACT assinado com o Ministério do Meio Ambiente?

DÉCIO LIMA: O Sebrae já tem uma natureza de instituição que protagoniza com amplas parcerias. Nós somos o grande parceiro hoje das instituições brasileiras, das prefeituras, dos governos estaduais, do governo do Distrito Federal, do governo federal, dos ministérios. E esse ACT é um compromisso daquilo que nós entendemos como prioridade no processo de um modelo econômico brasileiro, principalmente para os pequenos negócios, que é o compromisso de garantir uma economia sustentável. Então essa parceria, firmada com o Ministério do Meio Ambiente, é uma afirmação de dar toda essa expressão que representamos, que nos permitiu ano passado atender 60 milhões de brasileiros e brasileiras que desejam empreender, e produzir o alcance dos nossos programas, que hoje estão em mais de 4.000 prefeituras, de poder entender que o nosso segmento, ele se pulveriza em todo o protagonismo econômico, tem a garantia da sustentabilidade dentro de políticas que nós vamos estabelecer permanentemente com a pauta que é como política de Estado produzida pelo Ministério do Meio Ambiente dirigido pela querida companheira, a ministra Marina da Silva.

SEBRAE MT: Quais as ações que devem ser executadas?

DÉCIO LIMA: Todas. Nós não podemos imaginar que, ao se criar um negócio, seja lá na agricultura, na indústria da transformação, nos serviços, no comércio, que ele não esteja dentro do conceito da sustentabilidade. Somos nós aqueles que representamos a porta dos sonhos de milhões de brasileiros. Mas sonhos que se transformam em renda e negócios. Somos nós que temos mostrado que é possível os pequenos também criarem escala. É o Sebrae atuando nos seus amplos programas, e por isso nós vamos ter o conceito da sustentabilidade permanente em todas as ações que nós produzimos no território brasileiro e em todos os nossos programas.

Décio Lima, presidente do Sebrae Nacional. Foto: Larissa Carvalho.

SEBRAE MT: Essa proposta, esse acordo e também a posição a favor da sustentabilidade não é um algo contra o agronegócio brasileiro?

DÉCIO LIMA: Não, absolutamente. Esse é justamente o alcance que vai impulsionar o agronegócio, porque, naturalmente, com a credibilidade da sustentabilidade, o Brasil ganha mercados internacionais, territórios, neste outro conceito, que também não tem mais volta, de uma economia globalizada. Hoje, qualquer distância em qualquer território do planeta está interagindo economicamente, comprando e produzindo a sua economia que chega em outros territórios.

Isso é também para a pujança do nosso agronegócio. O nosso agronegócio consegue ser e abrir mercados internacionais principalmente se ele tiver essa garantia da sustentabilidade, porque o mundo não aceita mais nem o próprio mercado conviver com economias agressivas.

Se você imaginar uma produção, mesmo de commodities lá em Mato Grosso, a ser levada para a Europa, para os Estados Unidos, para a Ásia, qualquer outra parte, se ela não tiver a garantia de ser originária de uma economia sustentável, ela não consegue alcançar este mercado, porque são marcos regulatórios que as organizações do mundo todo e os estados comprometidos com a preservação ambiental já estabeleceram como regras fundamentais.

SEBRAE MT: Isso não pode ser encarado como mais um ônus para os pequenos negócios?

DÉCIO LIMA: Não, absolutamente, porque os pequenos negócios e toda a humanidade e o nosso país só ganha com a sustentabilidade. Só o Brasil tem 6 biomas, e hoje, veja, essa é a grande riqueza que o Brasil tem.

Se o Brasil não tivesse a Amazônia, nós seríamos um país muito menor, economicamente, inclusive. E toda a economia, ela começa com um processo extrativo e como mudanças do ambiente local. Se nós cometemos um processo agressivo, a longevidade da economia vai ser grave.

A economia não pode ser só vista como uma acumulação veloz da riqueza. Ela tem que ser vista como um processo que dê garantia a toda a humanidade e renda ao nosso povo.

SEBRAE MT: Ganância não tem vez mais?

DÉCIO LIMA: Não tem porque o amor venceu.

Fonte: SEBRAE
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