O acesso a serviços de saúde no Brasil tem sido, cada vez mais, uma questão decidida nos tribunais. Dados recentes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pintam um quadro preocupante. Uma verdadeira “epidemia judicial”, nas palavras de especialistas, expõe tanto as falhas no sistema quanto uma crescente conscientização dos cidadãos sobre seus direitos. Este cenário complexo exige atenção de pacientes, profissionais e gestores da área.

Raio-X da Judicialização: Os Números do CNJ Acendem o Alerta

O painel “Estatísticas Processuais de Direito à Saúde” do CNJ revela uma tendência ascendente e alarmante no volume de novas ações judiciais.

Tratamento Médico-Hospitalar Lidera Disputas

O principal motivo que levou brasileiros à Justiça em 2024 na área da saúde foi a busca por tratamento médico-hospitalar. Foram registrados 157.155 novos casos no ano passado. Este número representa um crescimento contínuo desde 2020. No primeiro trimestre de 2025, a tendência se manteve, com mais 39.148 novas ações. Esses processos englobam uma vasta gama de disputas, desde o direito a um tratamento específico até pedidos de indenização por supostos erros médicos.

Saúde Suplementar: Um Aumento Exponencial de Conflitos

A situação na saúde suplementar (planos de saúde) é igualmente crítica. No primeiro trimestre de 2025, a média de novos processos atingiu a marca de 823,3 por dia. Isso totalizou 73.281 novas ações entre janeiro e março. Olhando para trás, o número de processos anuais saltou de 149.305 em 2021 para 301.383 em 2024. Trata-se de um aumento impressionante de 101% em apenas quatro anos.

[💡 Dado Impactante: O volume de novas ações judiciais contra planos de saúde mais do que dobrou em um período de quatro anos, evidenciando uma crise no setor.]

As Raízes do Problema: Falhas Sistêmicas e Pacientes Mais Informados

Para Raul Canal, especialista em Direito Médico e presidente da Anadem (Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética), o país vive um momento de intensa judicialização na saúde. Este fenômeno, segundo ele, é impulsionado por dois vetores principais: as falhas na prestação dos serviços de saúde e uma maior conscientização da população sobre seus direitos.

“Estamos diante de uma epidemia judicial que expõe a incapacidade das operadoras [de planos de saúde] de atender às demandas dos beneficiários dentro dos limites legais”, analisa Canal. Ele aponta que as principais reclamações na saúde suplementar envolvem negativas de cobertura para procedimentos e tratamentos, reajustes considerados abusivos e exclusões indevidas de beneficiários dos planos.

Prevenção e Diálogo: Caminhos para Reduzir a Judicialização

Diante desse crescimento de litígios, a prevenção se torna fundamental. “Esse cenário mostra aos hospitais e aos profissionais de saúde a necessidade de adotar medidas preventivas”, destaca Raul Canal. Essas medidas, conforme o especialista, vão desde o reforço nos protocolos de segurança do paciente até, crucialmente, o aprimoramento da comunicação com os pacientes e seus familiares. Um diálogo claro e transparente pode evitar muitos mal-entendidos que acabam desaguando no Judiciário.

[🤔 Para Refletir: Você já se sentiu desamparado ou mal informado durante um atendimento de saúde? Uma comunicação mais eficaz por parte do prestador poderia ter mudado sua experiência?]

Implicações de um Sistema Sob Pressão Judicial

A crescente judicialização da saúde traz consigo uma série de implicações. Por um lado, garante o acesso a direitos muitas vezes negados administrativamente. Por outro, pode onerar o sistema como um todo, impactar custos e, em alguns casos, levar a decisões judiciais que interferem na gestão técnica dos serviços de saúde. Encontrar um equilíbrio que assegure os direitos dos pacientes sem comprometer a sustentabilidade e a organização do sistema de saúde é um dos grandes desafios atuais. A transparência e a busca por soluções consensuais antes da via judicial são caminhos importantes.

Leia Mais:

Judicialização da Saúde em Números e Fatos:

  • Tratamento Médico-Hospitalar: Principal motivo de ações em 2024 (157.155 casos), com tendência de alta.
  • Saúde Suplementar: Ações mais que dobraram em 4 anos (301.383 casos em 2024). Média de 823 novas ações/dia no Q1 2025.
  • Causas Principais: Falhas nos serviços e maior conscientização dos pacientes sobre seus direitos.
  • Prevenção: Melhoria na comunicação e reforço em protocolos de segurança são essenciais.

Quiz Rápido: Entendendo a Saúde na Justiça

  1. Qual foi o principal motivo de novos processos judiciais na área da saúde em 2024, segundo o CNJ?
    • a) Reajustes abusivos em planos de saúde.
    • b) Negativa de fornecimento de medicamentos de alto custo.
    • c) Disputas por tratamento médico-hospitalar.

    (Resposta: c)

  2. Segundo o especialista Raul Canal, quais são os dois principais impulsionadores da judicialização da saúde no Brasil?
    • a) Apenas a maior conscientização dos pacientes sobre seus direitos.
    • b) Falhas na prestação dos serviços e maior conscientização da população sobre seus direitos.
    • c) Apenas a complexidade das leis de saúde.

    (Resposta: b)


Conhecer Seus Direitos é o Primeiro Passo

Estar informado sobre seus direitos como paciente e beneficiário de plano de saúde é fundamental. Assim como, é crucial que prestadores de serviço e operadoras invistam em qualidade, transparência e comunicação.

[➡ Ação Cidadã: Se você enfrenta problemas com serviços de saúde, busque primeiramente os canais de atendimento da instituição ou operadora. Se não houver solução, procure órgãos de defesa do consumidor ou orientação jurídica especializada.]

[💬 Compartilhe sua Opinião: Na sua experiência, o que mais contribui para que um problema de saúde acabe sendo resolvido apenas na Justiça? Deixe seu comentário!]


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