Por Fabian Valverde
Com o atual momento econômico do país, uma grande parcela da população vem enfrentado cada vez mais dificuldade para se manter e honrar os pagamentos das contas todo mês. Nesse ambiente, o acesso ao crédito pode ser visto como a salvação, pelo menos em um determinado momento. É aí que está o grande perigo para o efeito bola de neve, dependendo das escolhas que são feitas para pegar dinheiro emprestado.
Do ponto de vista de custo para o consumidor, a pior opção entre as linhas de crédito é o cheque especial. Segundo os mais recentes dados do Banco Central, de maio deste ano, os bancos trabalham com uma taxa média de 320,9% ao ano. Em seguida, vem cartão de crédito rotativo para pessoas físicas, com juro médio de 299,8% ao ano.
Como consequência da crise econômica, das taxas astronômicas de juros dessas linhas de financiamento e do mau uso do crédito, o nível de endividamento do brasileiro aumentou. Segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o Brasil encerrou o mês de junho com 64% das famílias brasileiras negativadas, o maior patamar desde julho de 2013.
Nesse cenário de busca por financiamento, o maior vilão das dívidas do brasileiro é o cartão de crédito, de acordo com a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela CNC. Graças ao cartão, 78,8% das famílias estão endividadas no país.
Afinal, o que todos esses números nos mostram? A conveniência pode causar um rombo no orçamento! Por serem pré-aprovadas e disponibilizadas automaticamente, o cheque especial e o cartão de crédito oferecem fácil acesso, mas são as linhas mais caras.
Diante de tudo isso e do fato de algumas pessoas não terem outra opção além de recorrer a alguma linha de financiamento para se manter e pagar suas contas, fica evidente que, mais do que tudo, é necessária educação financeira e planejamento orçamentário para evitar o mau uso do crédito.
Aqui eu incluo também as empresas, que devem estar atentas à saúde financeira de seus funcionários. É muito comum vermos as companhias fazerem parcerias com restaurantes, academias, entre outros estabelecimentos para oferecerem descontos aos seus funcionários. Porém, é preciso chamar a atenção para o seu papel social. Os empregadores devem colaborar com a conscientização do planejamento financeiro, até porque as questões financeiras dos indivíduos interferem na produtividade dos funcionários.
Os colaboradores menos sobrecarregados por problemas financeiros são mais produtivos, inovadores e engajados. Por outro lado, geralmente, pessoas com mais dificuldades financeiras se ausentam com maior frequência, demonstram menos comprometimento com a empresa e estão menos satisfeitos com seus salários, independentemente do seu valor.
As empresas que implementam um programa eficaz de educação financeira também ganham com atração e retenção de talentos. Quando o colaborador percebe que seu empregador se preocupa também com seu bem-estar financeiro, isso é fundamental para a empresa ser reconhecida como um ótimo lugar para se trabalhar.
Enfim, todos ganham com a educação financeira: as pessoas, ao saber como cuidar melhor do seu dinheiro para planejar e realizar seus desejos de consumo; as instituições financeiras, pois um cliente mais educado financeiramente costuma tomar crédito melhor e pagá-lo em dia; as empresas, ao fomentar um ambiente com funcionários mais motivados e produtivos; e a economia do país, com a possibilidade da diminuição das altas taxas de juros de financiamento devido ao spread bancário que não favorece o bom pagador.
Fabian Valverde é sócio fundador da Paketá Crédito
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Fonte: Jornal Contábil
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