Fundador que não tem plano formal de sucessão familiar arrisca o futuro da empresa

De cada 10 empresas familiares, 7 enfrentam graves problemas de continuidade gerados por conflitos entre os sucessores. Isso significa que, caso o processo sucessório não seja bem conduzido pelo fundador, a probabilidade de o negócio mudar de mãos ou fechar quando ele deixar o comando é muito alta, alerta Mauro Johashi, sócio líder de Advisory da auditoria e consultoria BDO.

“Se o fundador não resolve a situação em vida, ela piora depois da sua morte”, disse Johashi. O executivo cita que 70% das sucessões familiares são prejudicadas por conflitos e desentendimentos entre os herdeiros.

“É um número bem alto e mostra a realidade. Se não houver consenso entre os sucessores, onde ninguém fica confortável com a participação que terão e o que farão depois que o fundador deixa a empresa, a situação fica bem difícil”, acrescenta.

O dado vem de uma pesquisa do consultor Renato Bernhoeft, fundador e presidente da Höft Consultoria, mas que é confirmado pelo mercado, segundo Johashi. Bernhoeft, referência em sucessão familiar, afirma que 70% das empresas familiares do Brasil e América Latina que foram compradas ou desapareceram nos últimos anos, tiveram como principal motivo conflitos familiares que não foram adequadamente conduzidos.

Contadores podem ajudar

A sucessão normalmente é conduzida por advogados e especialistas de RH, mas Johashi acredita que contadores que cuidam de empresas familiares, inclusive PMEs (pequenas e médias empresas), podem ajudar seus clientes a preparar a continuidade do negócio quando eles não estiverem mais no comando.

“Eles têm papel importante, e que transcende a sua função. Pela vivência que eles têm com questões fiscais ligadas à morte, divórcio e herança, eles conseguem dar informações iniciais no sentido de alertar para a importância de um bom planejamento sucessório”, assinala o executivo.

65% do PIB

De acordo com o IBGE, as empresas familiares são responsáveis por 65% do PIB brasileiro. Entre os representantes estão a JBS de capital 100% nacional, mas também grandes conglomerados mundiais, como a Ford e Heineken.

Dentre as pequenas e médias empresas, as organizações familiares formam 90% do contingente e há algumas muito tradicionais.

Começar cedo

Quanto mais cedo for iniciada a sucessão familiar, menor o risco de conflitos. “A sucessão não é um processo lógico. Ela depende de saber qual o legado do fundador (direcionamento estratégico)”, segundo Johashi.

Um processo de sucessão familiar adequado leva de 10 a 15 anos e deve ser assessorado por empresas especializadas, recomenda Johashi. “Não existe uma fórmula de sucesso, mas cada componente envolvido precisa ser trabalhado”, observa.

Em linhas gerais, o processo inclui o mapeamento dos herdeiros e agregados, definição do legado do fundador, entrevistas individuais com os envolvidos a respeito de prioridades pessoais e profissionais e criação de estruturas corporativas, como o Conselho Familiar, planejamento sucessório e preparação dos escolhidos para ocupar os postos chave.

Empresas familiares importam

Por conceito, empresa familiar é aquela onde o controle está nas mãos de uma única família, que concentra as decisões, direciona investimentos e ocupa os principais postos da organização. Quando os filhos dos donos crescem e começam a conviver com o dia a dia da empresa, criam fortes laços emocionais e comprometimento de longo prazo, observa Adriano Corrêa, sócio de Advisory da BDO.

“A empresa da família começa a fazer parte da identidade deles (herdeiros). Desde que os filhos nascem, são chamados para conhecer o negócio e vão crescendo nesse ambiente. Desde brincar de vender itens no caixa, eles se envolvem nas rotinas, erram e aprendem e, assim, criam uma altíssima conexão com o negócio”, detalha.

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Fonte: Portal Contnews
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