O mercado de trabalho está mudando. Mas quem está mudando ainda mais rápido é a Geração Z. Jovens entre 18 e 29 anos que cresceram conectados, que falam de propósito com a mesma naturalidade com que pedem um café, e que, segundo uma nova pesquisa, trocam de emprego como quem troca de roupa. Mas por quê?

De acordo com um levantamento recente feito pela LCA Consultores, com base nos dados oficiais do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o Brasil atingiu um nível recorde de rotatividade profissional. Em apenas 12 meses, 36% dos trabalhadores com carteira assinada mudaram de emprego. Mas esse número sobe para 41% entre os jovens de 18 a 24 anos. E entre os menores de idade, pasme: 42% já trocaram de emprego no último ano.

Mas o problema é só com os jovens da Geração Z?

Não exatamente. O estudo mostra que as empresas também estão em fase de adaptação — ou melhor, de transição. Mas nem todas perceberam isso ainda. Algumas organizações mais modernas, como startups e empresas do setor de tecnologia, já entendem o jogo. Mas outras ainda seguem presas a modelos antigos, com rigidez de horários, pouca flexibilidade e, em alguns casos, sem entender que o mundo já mudou.

Segundo Távira Magalhães, diretora de RH da Sólides, “as empresas estão em patamares diferentes de maturidade”. Algumas já entenderam a importância de se adaptar. Outras, nem começaram a conversa. Mas vão precisar. Afinal, a Geração Z é a força de trabalho que está dominando o mercado — e nos próximos cinco anos, segundo a consultoria McKinsey, deve representar até 30% dos trabalhadores do mundo.

É só uma questão fútil?

Não, e nem de longe. A economista Carla Beni, professora da FGV e conselheira do Corecon-SP, explica que o que está em jogo é uma mudança profunda de valores. “Para a Geração X, o trabalho era a vida. Para a Geração Z, o trabalho faz parte da vida, mas não é o centro dela. Essa geração quer mais: quer equilíbrio, quer propósito, quer ser feliz — mesmo que isso venha com algumas angústias no pacote.”

Mas não se trata apenas de filosofia de vida. Há também questões financeiras em jogo. Muitas empresas investiram pesado em escritórios, salas de reunião, imóveis comerciais. E agora não querem ver tudo isso vazio. Por isso, mesmo sem aumento real de produtividade, muitas tentam forçar o retorno ao modelo 100% presencial.

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Home office, híbrido ou presencial? O que a Geração Z quer, afinal?

A resposta mais honesta seria: depende do propósito. Para muitos jovens, voltar ao presencial só faz sentido se houver motivo — conexão com a equipe, aprendizado prático, experiências gamificadas. Mas ir até o escritório só para marcar ponto? Aí não cola. “A Geração Z é uma geração de experiências”, diz Távira. Se o trabalho presencial não proporciona isso, ele perde o valor.

Enquanto isso, a taxa de vacância de imóveis comerciais vem caindo. Em São Paulo, por exemplo, dados da JLL mostram que no final de 2024 a desocupação de salas caiu 2,6 pontos percentuais. Mas isso não significa que os escritórios estão cheios de gente motivada — estão cheios de gente tentando entender qual é o seu lugar nesse novo modelo de trabalho.

Mas e agora?

Agora é hora de diálogo. A Geração Z não vai parar de buscar sentido, nem vai aceitar ficar em empresas que ignoram sua visão de mundo. Mas as empresas também não podem abrir mão de planejamento financeiro. O desafio está lançado: como criar ambientes que sejam, ao mesmo tempo, produtivos, rentáveis e acolhedores?

Enquanto isso, os jovens seguem em movimento. Trocando de emprego, experimentando formatos e procurando um lugar que faça sentido. Porque, no fim das contas, eles não querem só um salário. Querem fazer parte de algo maior. Mas com liberdade, propósito e, de preferência, sem bater ponto às 8h da manhã.

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