Jo Soares

O Brasil estava acostumado ouvir todas as noites o famoso “beijo do gordo!” Quando Jô Soares deixou de fazer seu programa de entrevista na Rede Globo, ficou um vazio na TV brasileira. No entanto, ainda tínhamos o seu talento. Mas nesta sexta-feira (5), às 02h20, morreu o maior artista da TV brasileira. Ele estava internado desde 28 de julho no Hospital Sírio-Libanês, na região central de São Paulo, onde deu entrada para tratar de uma pneumonia.

A causa da morte não foi divulgada. O enterro e velório serão reservados à família e aos amigos, em data e local ainda não informados.

José Eugênio Soares, mais conhecido como Jô Soares, nasceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1938. Humorista, apresentador de televisão, escritor, dramaturgo, diretor teatral, ator e músico brasileiro. Foi responsável em trazer para o Brasil, o talk show. Hoje explorado por Danilo Gentili, Fábio Porchat e outros.

Em 1988, ele deixou a Globo rumo ao SBT, foi na emissora de Silvio Santos, que ele criou o famoso “Jô Onze e Meia”, programa de entrevistas que logo conquistou o Brasil. Em 2000, ele voltava para a Rede Globo para apresentar o “Programa do Jô” que ficou no ar até 2016.

Biografia

Foi o único filho do empresário paraibano Orlando Heitor Soares e da dona de casa Mercedes Pereira Leal. Pelo lado materno, foi bisneto do conselheiro Filipe José Pereira Leal, diplomata e político que, no Brasil Imperial, foi governador do Estado do Espírito Santo. Por parte de seu pai, foi sobrinho-bisneto de Francisco Camilo de Holanda, ex-governador da Paraíba.

Quando criança queria ser diplomata. Estudou no Colégio de São Bento do Rio de Janeiro, no Colégio São José de Petrópolis, e em Lausana, na Suíça, no Lycée Jaccard, com este objetivo. Porém, percebeu que o senso de humor apurado e a criatividade inata apontavam para outra direção.

Carreira

Tinha um talento versátil, além de atuar, dirigir, escrever roteiros, livros e peças de teatro, Jô Soares também foi um apreciador de jazz e chegou a apresentar um programa de rádio na extinta Jornal do Brasil AM, no Rio de Janeiro, além de uma experiência na também extinta Antena 1 também no Rio de Janeiro.

Na televisão, estreou em 1956, no elenco da Praça da Alegria, na época na TV Record, onde ficou por 10 anos.

Em 1965, protagoniza a única novela de sua carreira, a comédia Ceará contra 007, a trama de maior audiência naquele ano no Brasil. Também na Record.

Em 1967, estrelou um dos programas de maior sucesso da TV, a “Família Trapo”,  que Jô roteiriza ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega e atuava como Gordon, o mordomo atrapalhado e descompensado. Sendo esse o último trabalho na Record.

Sua estreia na Globo foi em 1971, no humorístico “Faça Humor, Não Faça Guerra”,  primeiro humorístico da TV Globo a contar com a participação do comediante. O programa em meio à Guerra Fria e ao conflito do Vietnã brincava com o slogan pacifista hippie “Make love, don’t make war” (Faça amor, não faça a guerra).

Outro programa de humor que fazia sucesso na Vênus Platinada, “Satiricom”, novo humorístico, que estreou em 1973, com direção de Augusto César Vanucci, realizava roteiros com Max Nunes e Haroldo Barbosa. A atração satirizava o título do filme homônimo de Federico Fellini – “Satyricon”. Na promoção do programa, todavia, diziam que era a “sátira da comunicação” num mundo que tinha virado uma “aldeia global”, expressão que esteve na moda depois dos primeiros anos da TV via satélite.

Em 1977, ele brilhou em outro programa de humor, “O planeta dos homens”, em que novamente se dividiu entre as funções de ator e redator, com a colaboração de dois de seus parceiros habituais: Max Nunes e Haroldo Barbosa. No elenco do programa estavam Agildo Ribeiro, Paulo Silvino, Luís Delfino, Sonia Mamede, Berta Loran, Costinha, Eliezer Motta e Carlos Leite.

Depois em estrelou o “Viva o Gordo”, onde interpretou personagens famosos como o Reizinho (monarca de um reino que satirizava o Brasil da época), o Capitão Gay (um super-herói homossexual) e o Zé da Galera (do bordão “Bota ponta, Telê!”).

Em 1988, deixou a Globo e foi para o SBT, para estrelar o programa de humor “Veja o Gordo”, já que não pode usar o título que tinha na Globo, “Viva o Gordo”.

Foi no SBT, que criou um dos programas de entrevistas de maior sucesso, o talk show “Jô Soares Onze e Meia”, que ficou no ar de 1988 a 1999. O programa teve a marca de 6 mil entrevistas.

Em 2000, volta para a Rede Globo, onde apresentou o “Programa do Jô” até 2016, e fez participação no especial de Natal do programa “Sai de Baixo” — episódio “No Natal a Gente Vem Te Mudar” (sátira ao título da peça de Naum Alves de Souza, “No Natal a Gente Vem Te Buscar”) como Papai Noel.

Em 2018, participou como comentarista do programa Debate Final, no Fox Sports, debatendo sobre a Copa do Mundo FIFA daquele ano.

Casamentos

Sua primeira esposa foi a atriz Therezinha Millet Austregésilo entre 1959 e 1979, com quem teve um filho, Rafael Soares, que faleceu em 2014, aos 50 anos. Já entre 1980 e 1983 ele foi casado com a atriz Sílvia Bandeira, 12 anos mais jovem que o apresentador. Em 1984, ele namorou Claudia Raia por dois anos.

Também teve um relacionamento com a atriz Mika Lins, até se casar com a designer gráfica Flávia Junqueira Pedras, de quem se separou em 1998. Jô usou do bom humor para falar da separação: “Foi uma separação que não deu certo. Estamos sempre juntos”, brincou o apresentador.

O que ele pensava da morte

“O medo da morte é um sentimento inútil: você vai morrer mesmo, não adianta ficar com medo. Eu tenho medo de não ser produtivo. Citando meu amigo Chico Anysio, [uma vez] perguntaram para ele: ‘Você tem medo de morrer?’. Ele falou: ‘Não. Eu tenho pena’. Impecável.”

A frase que ficou famosa nos seus dois programas de entrevistas, sempre no final, ele se despedia com o “beijo do gordo!”

A Família vai atender um pedido do próprio Jô: o velório não será aberto ao público, sendo reservado a família e amigos mais próximos.

Fonte: Jornal Contábil
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