Você tem Espondilite Anquilosante, hoje também conhecida como Espondiloartrite Axial, sofre constantemente com as dores e isso te deixou incapacitado para o seu trabalho habitual. Assim, precisou recorrer ao INSS em busca de um benefício previdenciário e já está com perícia agendada.
Agora, além das dores, você começa a sofrer com a angústia da espera e o receio da decisão do INSS: será que eu vou ter meu benefício por incapacidade temporária (auxílio-doença) ou minha aposentadoria por incapacidade permanente (invalidez concedida)?
Por isso, para te ajudar a passar por esta etapa, separei para responder algumas das dúvidas que eu mais recebo sobre a perícia do INSS:
- Como é uma perícia?
- O que o perito do INSS avalia numa pessoa com Espondilite Anquilosante?
- Quais documentos preciso levar?
- Quanto tempo demora para sair o resultado da perícia?
Para você se preparar da melhor forma para essa avaliação, vamos conversar sobre como funciona a perícia do INSS para aqueles quem tem Espondilite Anquilosante.
Já te adianto que todas as informações deste artigo foram retiradas do Manual de Diretrizes de Apoio à decisão Médico-Pericial, documento utilizado pelos peritos do INSS na sua avaliação.
Espondilite Anquilosante e a perícia do INSS
Vemos diariamente muitas reclamações sobre as perícias do INSS, e não vou mentir, elas são feitas com total razão!
Os médicos peritos do INSS, em regra, não são especialistas, ou seja, são clínicos gerais sem o aprofundamento necessário para diagnosticar de forma correta as dores sofridas pelos segurados.
A Espondilite Anquilosante é uma doença inflamatória crônica que afeta as articulações dos ossos da cabeça, do tórax, da coluna, dos ombros, dos quadris e dos joelhos.
Nos casos mais graves, as lesões podem acontecer nos olhos (uveíte), no coração (doença cardíaca espondilítica), nos pulmões (fibrose pulmonar), nos intestinos (colite ulcerativa) e na pele (psoríase).
Como sabemos, quem sofre com essa doença crônica inflamatória tem um relato bastante parecido: a demora para chegar ao diagnóstico médico correto.
Como um dos primeiros sintomas da Espondilite Anquilosante é a dor nas costas, muitos pacientes procuram médicos ortopedistas ou clínicos gerais para tratar da dor, levando anos para chegar no especialista correto, o reumatologista, e ter o diagnóstico exato.
Por isso, no caso da espondilite anquilosante, a falta de um especialista realizando a perícia no INSS se torna ainda mais perigosa.
Pois, quando o segurado finalmente tem em mãos a resposta das suas dores e busca o amparo do INSS, retorna a um médico sem a especialidade necessária para analisar a sua incapacidade.
Descubra como funciona a aposentadoria para quem tem espondilite anquilosante: Aposentadoria por Espondilite Anquilosante
Por dentro da perícia do INSS
Mas fique tranquilo, apesar da falta de especialidade, o médico deve seguir critérios objetivos para atestar a sua incapacidade permanente ou temporária, bem como os pedidos de afastamento que norteiam o trabalho do perito.
Assim, esses critérios existem para auxiliar o perito do INSS que não é, necessariamente, especialista na área de tratamento do periciado.
Conhecendo esses procedimentos sobre a espondilite anquilosante e a perícia do INSS você evitará frustrações e terá as informações necessárias para, se necessário, utilizar no processo judicial.
Assim, com a finalidade de orientar o perito, o documento do INSS informa a definição da espondilite ao perito como sendo:
“uma doença inflamatória crônica que acomete preferencialmente articulações sacroilíacas, coluna vertebral, e, não infrequentemente, as articulações periféricas… mais comum em homens do que em mulheres (3:1), com manifestações clínicas geralmente iniciando-se no final da adolescência e início da idade adulta, sendo incomum seu aparecimento após os 40 anos.”
Ainda, o manual menciona que o segurado pode relatar no histórico clínico:
- Queixa de dor lombar baixa, por vezes se alternando com dor nas nádegas, que melhora com o movimento e piora com o repouso;
- Dor lombar noturna e rigidez matinal prolongada (>30 minutos);
- A evolução costuma ser ascendente, acometendo progressivamente a coluna dorsal e cervical;
- Queixas de dor e edema articular periférico;
Após a conversa inicial, é feito o exame físico no segurado e a análise das doenças correlacionadas à espondilite.
Exame físico para Espondilite Anquilosante na perícia do INSS
O manual também informa ao médico perito como o exame físico deve ser feito e o que ele pode revelar:
- Dolorimento da articulação sacroilíaca, mobilidade vertebral diminuída e redução da expansão torácica;
- A progressão da doença, contribui para o desenvolvimento da “postura do esquiador”, caracterizada pela retificação da lordose lombar, acentuação da cifose dorsal e retificação da lordose cervical (com projeção da cabeça para a frente), como a imagem do exemplo a seguir.
O manual informa ainda as possibilidades das manifestações fora das articulações (extra articular):
- Uveíte anterior aguda, unilateral, recorrente, sendo a manifestação mais frequente. Geralmente encontra-se associada ao HLA-B27 positivo e raramente cursa com sequelas;
- Cardiológicas: insuficiência aórtica, aortite, anormalidades da condução, disfunção diastólica, pericardite;
- Neurológicas: subluxações atlantoaxiais e síndrome da cauda equina;
- Renais: amiloidose secundária, nefropatia por Ig A;
- Coluna: fratura cervical, estenose canal medular, discite, espondilodiscite;
- Pulmonar: fibrose em lobo superior; e
- Gastrointestinal: colite microscópica assintomática no íleo terminal e cólon.
O manual ainda traz a descrição detalhada da orientação que o INSS dá aos peritos médicos para a realização das manobras semiológicas que são os testes que o perito deveria fazer em todo periciado com diagnóstico de espondilite.
Além disso, o perito também analisará os exames complementares que vão ajudar você a comprovar sua condição junto ao INSS, seja para requerer a aposentadoria ou o benefício por incapacidade temporária.
Exames que você deve levar na perícia do INSS
O manual utilizado pelos peritos do INSS estabelece que para o diagnóstico da espondilite anquilosante é necessário a presença de um critério clínico e um critério radiográfico.
Por isso não se esqueça de levar todos os seus exames médicos, laudos e receitas no momento da perícia.
São colocados como exames complementares para o diagnóstico da espondilite anquilosante: exames de sangue e, principalmente, exames radiográficos, já que as lesões podem levar anos para se tornarem evidentes.
- A primeira alteração radiográfica é o aparecimento de erosões ilíacas semelhantes ao serrilhado de um selo postal, no terço inferior das sacroilíacas (sacroileíte mínima ,estadiamento grau 1);
- Com a progressão, as erosões e a esclerose tornam-se mais proeminentes, envolvendo ambos os lados das articulações e produzem um padrão de “pseudoalargamento” das sacroilíacas (sacroileíte moderada, grau 2);
- A inflamação progressiva leva a erosões, esclerose, alargamento, redução e anquilose parcial das sacroilíacas (sacroileíte severa, grau 3), culminando com anquilose total das sacroilíacas (sacroileíte severa, grau 4).
Antes de dar o seu parecer, o perito ainda irá te perguntar quais são os remédios utilizados no tratamento.
Depois de todos esses passos, o perito saberá o comprometimento físico que a doença atingiu e fará o enquadramento nas orientações abaixo:
O INSS considera que o “estágio e a severidade da doença irão determinar a necessidade de mudanças no desempenho da atividade laborativa exercida.”
Portanto, a doença por si só não causa a incapacidade.
Inclusive, se quiser entender melhor como funciona o benefício por incapacidade temporária, temos uma guia completo te contando tudo: Guia completo do auxílio-doença previdenciário.
O que fazer se o perito não efetuar as análises
Vou te dar uma dica de ouro agora: discuta com o seu médico tudo o que o INSS exigir na perícia.
Acredite, muitos médicos desconhecem esses procedimentos internos e eu posso arriscar dizer que isso acontece até mesmo com peritos do INSS.
Imagino que você pode estar se perguntando: porque dar tanta atenção ao Manual de Diretrizes de Apoio à decisão Médico-Pericial que, embora seja obrigação do médico perito conhecer, pode até não ser considerado nas perícias?
Eu te respondo: ele pode servir de prova a seu favor!
Se o perito não realizar as análises que devem ser feitas, conforme é colocado no manual, e eles normalmente não fazem, isso é motivo para anular a perícia na justiça.
Outra dica para você que está com a perícia no INSS agendada: saiba que você pode ir acompanhado!
É direito seu, autorizado pelo manual de procedimentos do INSS, estar acompanhado durante a perícia.
Esse acompanhante, além de ajudar no equilíbrio emocional de quem é periciado, também pode influenciar a postura do profissional que irá te avaliar.
Afinal, uma testemunha, mesmo que inconscientemente, consegue acentuar o senso de responsabilidade, seja de qual profissional for.
Mas atenção, para garantir esse direito, você deve fazer o requerimento da presença do seu acompanhante durante a perícia do INSS.
Aliás, recomendamos que você faça isso 10 minutos antes do horário marcado.
Se o perito se recusar a atender esse pedido, ele terá que concretizar isso por escrito, justificando a negativa.
Quanto tempo demora para sair o resultado da perícia?
O resultado da perícia do INSS sai no mesmo dia, a partir das 21 horas as informações já ficam disponíveis ao segurado no site ou aplicativo do meu INSS.
Basta fazer o login e buscar a opção:
- resultado de benefício por incapacidade → situação do benefício.
Fonte: Arraes & Centeno Advocacia
Dica Extra do Jornal Contábil: Compreenda e realize os procedimentos do INSS para usufruir dos benefícios da previdência social.
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Fonte: Jornal Contábil
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