Já se perguntou por que alguns produtos no Brasil parecem pesar tanto no bolso? Daquele cafezinho à gasolina, uma parte significativa do preço que você paga vai para os cofres públicos. Mas quais são os verdadeiros campeões de impostos no nosso país? O preço final de muitos itens que consumimos diariamente carrega uma parcela considerável de tributos, um custo muitas vezes invisível, mas que impacta diretamente o nosso poder de compra. Este artigo tem como objetivo revelar os 10 produtos com a maior carga tributária no Brasil, detalhando os impostos incidentes e suas implicações tanto para o consumidor quanto para a economia nacional.

1. Cigarro

Com uma carga tributária de aproximadamente 83,32%, o cigarro lidera o ranking dos produtos mais taxados no Brasil. Os principais impostos que incidem sobre ele são o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Programa de Integração Social e de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (PIS/Cofins).

O governo tem implementado políticas de aumento do IPI sobre cigarros, como as registradas em agosto de 2024, que realinharam a alíquota específica e o preço mínimo de venda no varejo. Em São Paulo, por exemplo, a alíquota do ICMS sobre cigarros também é considerável. A justificativa para essa tributação tão elevada reside principalmente na saúde pública. O alto imposto visa desincentivar o consumo de um produto conhecido por seus malefícios à saúde, seguindo uma política de aumento de preços para reduzir a prevalência do tabagismo.

2. Cachaça

A cachaça, bebida alcoólica de origem brasileira, ocupa o segundo lugar com uma carga tributária de 81,87%. Assim como o cigarro, ela é fortemente tributada pelo IPI, ICMS e PIS/Cofins. As alíquotas do IPI para bebidas quentes, categoria na qual a cachaça se enquadra, são definidas pelo governo. Em São Paulo, o ICMS sobre a cachaça também possui suas próprias regulamentações. A razão para a alta tributação da cachaça pode ser atribuída, em parte, à lógica do “imposto do pecado”, que busca desestimular o consumo de bebidas alcoólicas devido aos seus potenciais impactos negativos na saúde e na sociedade.

3. Casaco de Pele de Vison

Com uma carga tributária de 81,86%, o casaco de pele de vison figura como o terceiro produto mais taxado no Brasil. Os impostos incidentes incluem o Imposto de Importação (caso seja importado), o IPI, o ICMS e o PIS/Cofins. A tributação tão elevada nesse item se justifica por ser considerado um bem de luxo e supérfluo. A alta carga tributária sobre produtos como casacos de pele de vison reflete uma política de taxar fortemente bens de alto valor aquisitivo, possivelmente visando tanto a geração de receita quanto a considerações éticas relacionadas ao consumo desses produtos.

4. Perfume Importado

O perfume importado apresenta uma carga tributária de 78,99%. Além do IPI, ICMS e PIS/Cofins, incide sobre ele o Imposto de Importação (II). A alta tributação se explica por ser classificado como um item supérfluo e importado. A imposição de taxas elevadas sobre perfumes importados, assim como em outros bens considerados de luxo, demonstra uma estratégia de tributar o consumo de produtos considerados não essenciais e, ao mesmo tempo, gerar receita por meio da importação.

5. Caipirinha (Engarrafada)

A versão engarrafada da caipirinha possui uma carga tributária de 76,66%. Os impostos que incidem sobre ela são o IPI, o ICMS e o PIS/Cofins. Similar à cachaça, a alta tributação da caipirinha engarrafada provavelmente se enquadra na categoria de “imposto do pecado”, visando desestimular o consumo de bebidas alcoólicas. Mesmo sendo uma bebida nacional e popular, a sua forma engarrafada enfrenta uma tributação considerável, reforçando a tendência de taxar bebidas alcoólicas de forma significativa.

6. Videogame

Os videogames, incluindo consoles e jogos, carregam uma carga tributária de 72,18%. Os principais impostos são o IPI, o ICMS e o PIS/Cofins. A reforma tributária em discussão pode trazer impactos para a taxação de videogames , e existem debates em torno da alta carga tributária sobre esses produtos. Historicamente, os videogames foram considerados itens supérfluos. Apesar de serem uma forma popular de entretenimento na atualidade, os videogames no Brasil enfrentam uma tributação elevada, o que pode limitar o acesso e contribuir para a percepção de serem bens de luxo.

7. Arma de Fogo

As armas de fogo possuem uma carga tributária de 71,58%. Os impostos incidentes são o IPI, o ICMS e o PIS/Cofins. A reforma tributária também discute a inclusão de armas de fogo no imposto seletivo , e há debates em relação à sua taxação. A alta tributação sobre armas de fogo pode ter como objetivo tanto a geração de receita quanto o desincentivo à compra e posse desses itens, considerando questões de segurança pública.

8. Maquiagem Importada

A maquiagem importada apresenta uma carga tributária de 69,53%. Além do IPI, ICMS e PIS/Cofins, incide o Imposto de Importação (II). A tributação de cosméticos importados é um tema recorrente. Similar aos perfumes importados, a alta carga tributária se justifica por serem classificados como supérfluos e importados. A taxação elevada de maquiagens importadas impacta o custo para os consumidores que preferem marcas internacionais, seguindo a lógica de tributar bens não essenciais de origem estrangeira.

9. Perfume Nacional

Os perfumes produzidos em território nacional também possuem uma carga tributária elevada, chegando a 69,13%. Os impostos que incidem sobre eles são o IPI, o ICMS e o PIS/Cofins. A tributação do setor de perfumarias, tanto para produtos nacionais quanto importados, é significativa. Mesmo sendo um produto nacional, o perfume é considerado um item não essencial, o que explica a alta carga tributária. A taxação considerável de perfumes nacionais indica uma estratégia mais ampla de tributação sobre cosméticos e fragrâncias, não se restringindo apenas aos importados.

10. Smartphone Importado

O smartphone importado fecha a lista dos 10 produtos mais taxados, com uma carga tributária de 68,76%. Os impostos incidentes incluem o Imposto de Importação (II) , o IPI, o ICMS e o PIS/Cofins. A alta tributação sobre smartphones importados é um tema bastante discutido , e existem justificativas relacionadas à proteção da indústria nacional (mesmo que a produção local seja limitada) e à geração de receita. A elevada carga tributária sobre smartphones importados afeta significativamente a acessibilidade à tecnologia, considerando a importância desses dispositivos na comunicação e no cotidiano.

A análise dessa lista revela uma tendência interessante: além dos produtos tradicionalmente associados a altos impostos, como cigarros e bebidas alcoólicas, encontramos itens considerados de luxo ou supérfluos, especialmente os importados, com uma carga tributária significativa. Essa observação sugere uma estratégia de tributação que visa tanto desestimular o consumo de certos produtos quanto gerar receita a partir de bens considerados não essenciais ou de alto poder aquisitivo.

Por Lucas de Sá Pereira, contador https://contadorlucaspereira.shop/, e colunista do Jornal Contábil e criador do instagram @contadorlucaspereira

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