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Em tempos de home office e isolamento social, os problemas ligados à saúde mental dos funcionários têm ganhado mais espaço e atenção dos gestores de pessoas. Uma delas, a chamada Síndrome de Burnout, foi declarada pela OMS em 2019 como doença crônica.

Vários estudos recentes atestam esse desgaste psicológico dos profissionais com a pandemia. Uma pesquisa coordenada pela Fiocruz e publicada na revista científica ‘Journal of Medical Internet Research’, por exemplo, apontou que 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais que participaram da pesquisa, no Brasil e na Espanha, apresentaram sintomas de ansiedade e depressão durante a quarentena.

De acordo com a International Stress Management Association (ISMA-BR), o Brasil é o segundo país com o maior número de pessoas afetadas pela Síndrome de Burnout.

Com isso, a preocupação com a saúde mental dos profissionais entrou de vez na pauta das empresas e dos especialistas em RH.

Com mais de 20 anos de experiência em gestão de pessoas, a psicóloga Daiane Andognini, fundadora e CEO da consultoria HUG, fala sobre a importância de cuidar da saúde mental dos profissionais:

– A pandemia do coronavírus colocou as pessoas no centro das atenções. Acha que essa é uma preocupação que veio para ficar ou que acaba assim que a Covid-19 for controlada?

Daiane Andognini: Sim, veio para ficar. As empresas estão aperfeiçoando suas estratégias de retenção e desenvolvimento dos times e a questão da saúde mental converge com isso.

Percebo que o feedback dos colaboradores em relação ao apoio emocional foi positivo, contribuiu para agregar uma visão positiva da empresa e sua preocupação com pessoas.

– Qual o primeiro passo que as empresas devem dar para incluir esse cuidado em sua gestão de pessoas?

D.A: Antes de qualquer iniciativa específica para a questão mental, as empresas precisam criar uma reflexão sobre como estão fazendo a sua gestão de pessoas.

É importante que, quando a empresa criar algum tipo de cuidado em relação à saúde, exista uma coerência entre a cultura da empresa e as estratégias que serão usadas para que as pessoas se sintam bem.

Percebemos que houve uma desconfiguração da maneira de trabalhar durante a pandemia e passamos a fazer as coisas de um jeito diferente. E isso terá reflexo em como as pessoas se sentirão.

– Como avaliar a saúde mental de um colaborador?

D.A.: Apenas os profissionais capacitados, como médico psiquiatra e psicólogos, têm condições de avaliar a saúde mental das pessoas. Mas, dentro da empresa, podemos ficar atentos ao tema.

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Depressão, suicidio / Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Quando você identificar alguma dificuldade do colaborador em relação ao trabalho, o primeiro passo é conversar com ele para entender o que está acontecendo e, se necessário, encaminhá-lo a um profissional especializado para cuidar do caso com segurança. Mudanças de comportamento sem causas aparentes costumam ser sinais de alerta.

– Que iniciativas as empresas podem fazer para ajudar a manter sãos seus colaboradores?

D.A.: As empresas têm disponibilizado profissionais de saúde mental para atendimento dos colaboradores, seja através de novos benefícios ou pelo plano de saúde empresarial. Dependendo do caso, a área de gestão de pessoas também faz um acompanhamento do profissional, no sentido de fornecer suporte para eventuais necessidades.

Oficinas de meditação, gerenciamento do estresse, gestão do tempo e produtividade também são ações adotadas que colaboram para um melhor bem-estar mental.

Uma das primeiras coisas que a empresa pode fazer é criar um canal para as pessoas falarem como estão se sentindo. Essa ação simples já entrega valor.

– É cada vez mais normal as empresas investirem em espaços de descompressão para seus colaboradores. Até que ponto esses espaços são bons ou podem acabar transformando em caos uma empresa?

D.A.: As empresas constroem esses espaços como forma de criar um ambiente de trabalho mais leve e prazeroso. Em alguns casos, o espaço de descompressão por vezes se transforma em um local diferente para reuniões do dia a dia.

Geralmente, o caos é instalado nas empresas quando uma situação desagradável se repete ou são negligenciadas.

No caso do uso indevido dos ambientes de trabalho disponíveis, o ideal é que seja conversado com o profissional que apresenta este comportamento inadequado para que o seu exemplo não seja seguido pelos demais.

– A saúde mental de um profissional tem influência financeira em uma empresa?

D.A.: Diversas pesquisas apontam os benefícios econômicos dessa preocupação. A OMS, por exemplo, calculou que a depressão e a ansiedade causam uma perda de aproximadamente US$ 1 trilhão na economia mundial por ano.

Por outro lado, a mesma pesquisa afirma que, para cada US$ 1 investido na saúde e bem-estar mental dos colaboradores, US$ 4 são percebidos em ganhos com o aumento da produtividade.

Esses dados nos ajudam a mostrar a importância disso para as empresas e profissionais como um todo. Além do cuidado com o ser humano, essa também é uma questão financeira.

Por HUG

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Fonte: Jornal Contábil
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