Ser industrial no Brasil não é com certeza uma tarefa fácil. Muito pelo contrário. Pior ainda é que a globalização nos coloca em xeque para enfrentar a concorrência estrangeira, cada vez mais presente no país. A história poderia bem ser outra, com a indústria brasileira liderando o ranking em várias frentes. No setor de fundição, por exemplo, base de muitos processos industriais, temos condições para ser um dos grandes players mundiais.
Entre 2001 e 2008, o setor de fundição brasileiro registrou um crescimento significativo na produção, passando de 1,8 milhão para 3,4 milhões de toneladas/ano, colocando-nos como sétimo maior produtor no ranking mundial. Se analisarmos as vantagens competitivas para a produção de fundidos, o Brasil deveria ser quase imbatível perante os demais produtores, pois possuímos a maioria das matérias primas, uma farta mão de obra e um grande potencial de geração de energia, premissas básicas para ser um grande produtor mundial.
Mas onde perdemos para os concorrentes globais? Com certeza, onde todos os setores industriais encontram a mesma dificuldade: no ambiente de negócios do país. A carga tributária elevadíssima, que o ministro da Economia Paulo Guedes promete reduzir (e torçamos para que não fique apenas nas promessas), é a que mais afeta as companhias, em torno de 33,58 % do PIB em 2018, segundo o Tesouro Nacional, enquanto a média da América Latina é de 21,6%.
Além da carga elevada, a estrutura de encargos é extremamente complexa, com 94 tributos, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Outro fator que afeta a competitividade é a infraestrutura deficiente, com poucas estradas (muito mal conservadas em sua maioria), e ferrovias, portos e aeroportos em condições pouco favoráveis, o que faz com que normalmente o custo de transporte também seja maior do que na maioria dos outros países.
Não bastasse os entraves tributários e da infraestrutura, o governo gasta muito, e mal, o que tende a elevar a inflação e os juros. A burocracia também dificulta e atrasa os negócios, elevando os custos, e a educação básica é ruim, o que ajuda a gerar uma baixa produtividade na economia. Mais ainda, a maior parte das leis trabalhistas são arcaicas, vigentes desde 1943, e, ainda que a reforma em vigor desde novembro de 2018 apontasse uma pequena melhora, há uma grande insegurança jurídica pelos questionamentos existentes no STF.
O investimento baixo, com poucas linhas de crédito e juros altos, impactam fortemente as empresas, que, uma vez não investindo em modernização, perdem competitividade diante dos estrangeiros. Nessa área, o governo poderia gerar uma onda de desenvolvimento, retirando da base de taxação do Imposto de Renda o valor dos investimentos feitos pelas empresas, o que daria início a um surto virtuoso de competitividade, com geração de milhares de empregos.
Enfim, o Brasil tem muito trabalho pela frente para atacar os pontos elencados e muitos outros que não foram listados. O governo precisa de agilidade para retirar os entraves do crescimento através de várias reformas, mas para isso, tem que fazer o seu ajuste fiscal como premissa básica, sendo a reforma da previdência a mais urgente e essencial.
Enquanto isso não acontece, a indústria perde o ritmo e deve fechar o ano com crescimento de apenas 1,1%, como prevê a Confederação Nacional da Indústria (CNI). A taxa é quase um terço da estimada em dezembro, quando esperava uma expansão de 3% para 2019. Portanto governo, mãos à obra!!!
Luiz Carlos Koch é diretor de Suprimentos e Logística da Lepe Indústria e Comércio e ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Fundição (Abifa)
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Fonte: Jornal Contábil
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