A contabilidade brasileira vive um momento de virada. Nos últimos dois anos, a Receita Federal implantou duas frentes que vêm transformando o modelo de fiscalização no país: o Projeto Analytics, baseado em big data e inteligência artificial, e o Receita Sintonia, um programa de conformidade cooperativa que classifica empresas segundo o grau de regularidade fiscal.
Juntas, essas iniciativas não apenas modernizam a atuação do Fisco, mas também reposicionam a contabilidade consultiva como peça central na reputação e segurança tributária das empresas.
Do controle manual à malha fina automatizada
O Projeto Analytics, em expansão desde 2023, utiliza algoritmos de machine learning para analisar simultaneamente um volume massivo de informações fiscais, financeiras e contábeis. Ao integrar dados de declarações como SPED, DCTFWeb e EFD, além de notas fiscais, transações bancárias, criptoativos e movimentações via Pix, o sistema é capaz de identificar padrões suspeitos e cruzamentos incoerentes em tempo real.
Essa análise vai além da malha fina tradicional. O Analytics já permitiu que a Receita desarticulasse operações bilionárias com empresas de fachada, uso fraudulento de créditos, lavagem com criptoativos e triangulações financeiras. Tudo isso com base em perfis digitais construídos automaticamente.
Para as empresas, isso significa que o tempo de resposta acabou. Divergências que antes poderiam ser corrigidas em revisões posteriores agora podem acionar autuações quase imediatas.
Receita Sintonia: quando reputação fiscal se torna um diferencial competitivo
Se por um lado a fiscalização se tornou mais rápida e precisa, por outro o Receita Sintonia cria incentivos para quem mantém conduta exemplar. A iniciativa classifica os contribuintes com base em critérios como pontualidade nas declarações, adimplência tributária e baixo índice de litígios. As notas variam de A+ a D. Aqueles que alcançam as melhores classificações recebem benefícios como prioridade nos pedidos de restituição, atendimento diferenciado e a possibilidade de corrigir erros antes de autuações formais.
Esse modelo se inspira em práticas adotadas por países membros da OCDE e representa uma mudança cultural na atuação da Receita Federal. Em vez de focar exclusivamente na punição de irregularidades, o Fisco passa a reconhecer e incentivar o comportamento fiscal adequado.
Para as empresas, isso se traduz em mais previsibilidade, menos atrito no relacionamento com o Fisco e maior eficiência na gestão tributária. Para os contadores, abre-se um campo de atuação ainda mais consultivo e estratégico, com foco na proteção e no fortalecimento da reputação fiscal de seus clientes.
A contabilidade como eixo da confiança fiscal
O elo entre esses dois movimentos, a fiscalização digital e a classificação premiada, está nos dados contábeis. É a consistência entre SPED, folha, escrituração e documentos fiscais que sustenta tanto a blindagem contra autuações quanto a boa avaliação no Receita Sintonia.
Nesse cenário, a contabilidade precisa funcionar como um filtro ativo. Se o dado entra errado, o risco é imediato. Se os sistemas não se integram, a divergência aparece. Se a entrega é atrasada, a nota despenca. Não há mais espaço para improviso ou retrabalho.
Manter o compliance em alta exige que os escritórios contábeis contem com processos digitalizados e auditáveis, acompanhem as obrigações com regularidade, monitorem pendências com antecedência e interpretem os dados com capacidade técnica.
O que está em jogo: reputação, previsibilidade e sustentabilidade
O Projeto Analytics e o Receita Sintonia não são apenas avanços tecnológicos. Eles representam uma mudança de lógica na relação entre empresas e Fisco. A contabilidade brasileira está migrando de um modelo baseado em correções pontuais para um ambiente de vigilância contínua e análise de comportamento.
Empresas que não estiverem preparadas para essa nova régua fiscal correm o risco de serem penalizadas. Por outro lado, aquelas que contam com estrutura contábil sólida e gestão fiscal transparente tendem a se destacar, com menos entraves operacionais, mais segurança jurídica e uma relação mais equilibrada com a Receita Federal.
A Pigatti Contabilidade, com mais de 65 anos de atuação, vem se adaptando ativamente a esse novo cenário. Com a adoção de plataformas digitais de alta performance e uma abordagem consultiva, a empresa orienta seus clientes para manter a conformidade, antecipar riscos e aproveitar as oportunidades de um ambiente tributário mais exigente e automatizado.
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Contabilidade em SBC é com a Dinelly. Fonte da matéria: Jornal Contábil